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Sem violência, protesto foi palco de irreverência e criatividade

Quinto dia de manifestações contra o aumento da tarifa de ônibus teve mensagens de paz, gritos de guerra e cartazes sobre os mais diversos temas

Por Redação VEJASAOPAULO.COM
Atualizado em 5 dez 2016, 15h53 - Publicado em 18 jun 2013, 17h09

Torcida organizada  Novos gritos de guerra surgiram no quinto dia de manifestações. Entre os mais populares estavam o entoado cada vez que um ônibus passava pelos manifestantes: Ô motorista / Ô cobrador / Me diz aí se seu salário aumentou” e o que fazia referência à manifestação sem repressão policial: “Que coincidência / Não tem polícia / Não tem violência”.

Bandeira branca  Moradores e trabalhadores da Avenida Faria Lima, local da concentração, se solidarizaram e ergueram panos brancos nas janelas durante a passagem da marcha, que reuniu até um grupo de palhaços que dançou em roda ao som de flauta e violão no Largo da Batata.

Filma eu!  A manifestação também foi uma das mais documentadas. As calçadas se encheram de gente que observou e registrou em fotos e filmes a passeata.

V de vinagre  Um dos memes de maior sucesso da internet depois que a polícia deteve manifestantes que portavam vinagre para se proteger o gás lacrimogêneo, na última quinta (13), o “V de vinagre” -uma referência ao filme V de Vingança- surgiu em cartazes e camisetas. O chef Alex Atala era um dos manifestantes a usar a piada estampada na camisa.

Causa perdida?  Os cartazes também se multiplicaram, com frases que iam da paródia ao non-sense. Alguns exemplos: “País desenvolvido não é onde pobre tem carro, é onde rico usa transporte público”, parafraseando o slogan do governo federal,  “”Pelo desloqueio do wi-f!”” e  “Quando seu filho ficar doente, leve-o ao estádio”.

Silêncio na multidão  No Largo da Batata, um grupo de manifestantes optou por uma forma diferente de protestar: vestidos de branco, fecharam os olhos e, sentados em posição de meditação, fizeram silêncio.

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“Fora, burgueses!”  Depois de gritar contra os policiais e os jornalistas, os manifestantes encontraram um novo alvo ao entrar na Av. Juscelino Kubitscheck: os frequentadores do luxuoso shopping JK Iguatemi, que acenavam para a marcha, foram recebidos com vaias.

Diretas x Aumento da tarifa  Ao contrário das outras manifestações, majoritamente jovens, muitas pessoas mais velhas participaram desta. Grande parte delas, acompanhavam os filhos, sobrinhos, netos. Foi o caso, por exemplo da assistente social Mariclair Real, de 57 anos. Mesmo com dificuldade para se locomover (estava com uma bengala), ela fez questão de ir com as sobrinhas e amigas. “É uma geração que pensava que vivia em uma democracia, mas a polícia veio lembrar o início da ditadura e o AI5”, disse ela que participou de passeatas pelas Diretas.

Emoções eu vivi  Na subida pela Av. 9 de Julho, muitas pessoas desceram de seus prédios e foram para a rua ver os manifestantes passarem. Eles aplaudiam, fotografavam e filmavam quem estava na rua. “Eu sabia que esse dia ia chegar. Estou orgulhosa de vocês”, disse uma senhora, com os olhos cheios de lágrimas, que balançava um pequeno pano branco. Quando o grupo que seguia pela Av. Faria Lima finalmente chegou à Ponte Estaiada, os líderes do Passe Livre também se emocionaram. Mayara Vivian, por exemplo, chorava muito. 

Economia aquecida  Na Av. 9 de Julho e na Avenida Cidade Jardim, os comerciantes faturaram. Lojas de conveniência tinham filas para comprar água e comida, bares eram imediatamente preenchidos por pessoas. Ambulantes do ponto de ônibus vendiam churrasquinho e batatas chips – que se esgotavam em questão de minutos.

Leve-me ao seu líder  Como a multidão era enorme, líderes improvisados surgiam a todo momento. Na Berrini, um jovem de camisa listrada, que não era do MPL ou de qualquer outra organização, fez todos pararem e se sentarem no chão. Os líderes do MPL, que vinham logo atrás, interromperam o discurso do garoto e começaram um jogral dando instruções sobre como eles deveriam agir até a ponte.

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Pit stop  Na Avenida Paulista, o clima era de festa. O bar Charme da Paulista, que havia sido invadido pela PM e cujos clientes foram alvo de bombas de gás lacrimogêneo na quinta feira (13), tinha fila de muitos metros para vender cerveja.

Escolta  Durante todo o trajeto, Matheus Nordon Preis, um dos principais integrantes do Movimento Passe Livre, foi escoltado por quatro policias, seguidos de dois soldados a poucos metros e mais uma dupla à paisana. Ele chegou a colocar a mão nas costas, parecendo sentir um leve desconforto em alguns momentos.

Capitalismo selvagem  Ao chegar à Paulista, muitos manifestantes cansados sentaram na via, outros tiveram que apelar às redes de fast-food localizadas por lá. A fila do Bob’s e do McDonalds estava imensa.

Espelho, espelho meu  Ao passar diante de um grande edifício espelhado da Av. Faria Lima, dezenas de manifestantes levantaram os olhos para os vidros que refletiam a imensa população que caminhava pela avenida. Muitos chegaram a se emocionar.

“Vagabundos!”  Em um cruzamento da Av. Cidade Jardim, um motorista bem irritado pedia para que o funcionário da CET fizesse algo para que o trânsito melhorasse e chegou a gritar. “Tenho um compromisso e vou me atrasar por conta desses vagabundos. Você tem autoridade para fazer algum coisa”. Pacientemente, o guarda de trânsito respondeu. “Hoje não é um dia de reclamar. Se eu fizer isso, corro um risco. E você vai pagar pela minha vida?”. O homem logo voltou ao automóvel.

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