Projeto do arquiteto Ruy Ohtake dá cara nova às casas do Jardim Pantanal
A ideia é que pelo menos 300 casas sejam revitalizadas até o fim de 2008
Durante mais de dez anos, a fachada da casa da governanta Helena Gonçalves, na favela Jardim Pantanal, na Zona Leste, ficou sem pintura e sem reboco (argamassa que deixa a parede lisa e uniforme). Tijolos e cimento estavam à vista. “Nem dava gosto viver aqui”, conta Helena. A situa-ção da maioria de seus vizinhos é semelhante. Espalhadas por uma área de mais de 900 000 metros quadrados, as 5 300 residências ali construídas formam um emaranhado cinza e feio. Uma iniciativa da Secretaria Estadual de Habitação, em parceria com o arquiteto Ruy Ohtake, começa a mudar esse quadro. No programa São Paulo de Cara Nova, Ohtake assina o projeto das novas fachadas com base em uma cor escolhida pelo morador. É um trabalho similar ao que ele fez em Heliópolis, há quatro anos. “Valorizar os imóveis representa o primeiro passo para tornar o bairro melhor”, afirma o arquiteto. A pintura das paredes é feita por um grupo de dez moradores da favela que passaram por um treinamento gratuito de duas semanas. Pelo serviço, recebem 450 reais mensais.
Até o fim do ano, 300 casas devem ser revitalizadas. Lançado no mês passado, o programa já mudou a aparência de dezesseis moradias. Entre elas, a da governanta Helena. “Fiquei motivada a cuidar mais do meu teto”, diz ela. “Até comprei um piso novo.” A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) gasta 500 reais por moradia pintada. Essa verba sai do caixa de um programa de urbanização com investimento estimado em 147 milhões de reais. “O Jardim Pantanal servirá de modelo para intervenções em outros pontos”, afirma o secretário de Habitação, Lair Krähenbühl. “Pretendemos transformá-lo em um bairro, construir dois parques, pintar todas as fachadas e legalizar os terrenos.” Depois, os moradores receberão as escrituras de seus lotes. É um bom caminho para deixar as favelas melhores para quem as vê e para quem vive ali.