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Programa de aulas americano em colégios paulistanos

Diploma recebido pelos alunos é válido no Brasil e nos Estados Unidos

Por Camila Antunes
Atualizado em 5 dez 2016, 19h32 - Publicado em 18 set 2009, 20h27

Falar em público não é fácil. Quando há uma câmera registrando o discurso, então, fica difícil saber para onde olhar ou o que fazer com os braços. O estudante Guilherme Tamaki, de 14 anos, enfrentou uma situação assim na semana passada. No estúdio de TV de seu colégio, o Magno, no Jardim Marajoara, pôs-se diante de vinte colegas, escondeu as mãos no bolso do moletom e leu quase sem tirar os olhos do texto suas propostas para uma cidade melhor. Na sequência, apresentou-se Malu Rocha, também de 14 anos. Com sonhos de ser atriz, ela tem facilidade natural para postar a voz, gesticular e encarar os colegas, que a acompanhavam com atenção. A atividade fazia parte da aula de oratória. Com um detalhe: o idioma em sala de aula era o inglês. “Antes de preparar as falas, assistimos a discursos de personalidades como John Kennedy e Martin Luther King”, diz Malu. “Trabalhamos insistentemente técnicas de redação para que eles consigam argumentar melhor”, explica o professor, Roger Dupen, nascido no País de Gales.

A ênfase no inglês culto, lecionado por um nativo, e técnicas como a de filmar as exposições dos alunos são alguns dos trunfos usados por escolas particulares para atrair estudantes a seu mais novo programa de ensino: o high school. Trata-se de uma versão compacta do ensino médio americano, ministrado à tarde, normalmente duas vezes por semana. Durante três anos, oferecem-se disciplinas como política, economia internacional e negócios. O custo, adicionado à mensalidade, gira em torno de 550 reais. “Bem mais barato do que uma viagem de estudos ao exterior”, afirma a diretora do Magno, Myriam Tricate. No fim do curso, ao contrário do que ocorre nos intercâmbios, os formandos saem com dois diplomas oficiais: um deles aceito pela escola americana e o outro pelo colégio brasileiro. Com isso, podem concorrer a vagas em universidades nos Estados Unidos – sem ter de passar por testes de fluência em inglês. “Sonhava com a USP, mas agora posso me imaginar em Harvard”, conta Guilherme, que pretende formar-se em engenharia genética.

“O melhor do high school é que ele preserva o currículo nacional integralmente,” explica Gracia Klein, diretora do Colégio Pentágono, cuja unidade de Alphaville é uma das três instituições da cidade que mantêm parceria com a escola de aplicação da universidade Texas Tech. Além do Magno, o Dante Alighieri, nos Jardins, também aderiu. Todas começaram a oferecer o currículo ampliado no início deste ano. Os interessados tiveram de passar por um exame de ingresso idêntico àquele a que os texanos são submetidos, com teste de matemática e inglês. Da mesma forma, as provas mensais são elaboradas e corrigidas pela equipe americana. Leva-se até cinco horas para resolvê-las. “É um programa sério, que prepara para a vida profissional,” diz Rogério Abaurre, representante da Texas Tech. Desde 1999, ele está envolvido com o high school implementado na escola Leonardo da Vinci, de Vitória, a melhor particular capixaba nos últimos quatro rankings do Enem. “Meu maior orgulho é ver alunos do programa em destaque.” Um deles, Felipe Villar Coe-lho, conquistou em 2005 o primeiro lugar na Olimpíada Internacional de Astronomia. “Isso mostra como o currículo brasileiro é potencializado pelo intenso trabalho em escrita e raciocínio lógico.”

A experiência do Pueri Domus atesta outro benefício de um convênio com escola americana (no caso, a Keystone National High School, especializada em ensino a distância): a interação de estrangeiros com brasileiros. O programa teve início em 2000, com o objetivo de receber filhos de executivos de outros países apoiados pela Câmara Americana de Comércio (Amcham). Passou a atrair o interesse de pais paulistanos, a ponto de ser replicado nas quatro unidades da escola e ampliado para todos os níveis, desde o jardim de infância até o ensino médio. Ou, como diz a diretora Fernanda Semeoni: “O contato com outras culturas faz com que o aluno enxergue oportunidades além das nossas fronteiras”.

Entenda as diferenças

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Há basicamente três tipos de escola com aulas em inglês

INTERNACIONAL

Aplica currículo idêntico ao de seu país de origem e oferece aulas em turno integral, 90% delas em língua estrangeira. Exemplos: Chapel, Graded e St. Paul’s

BILÍNGUE

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Oferece aulas em período integral, parte delas em idioma estrangeiro. Segue o currículo do MEC, muitas vezes integrado ao de outros países. Exemplos: Escola Suíço-Brasileira, Humboldt e Miguel de Cervantes

HIGH SCHOOL

Complementa o currículo nacional com disciplinas exigidas pelo governo americano. Uma escola parceira nos Estados Unidos, no fim do curso, reconhece o histórico escolar e emite um certificado. O aluno recebe também o diploma nacional. Exemplos: Dante Alighieri e Magno

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