Prefeitura estimula uso de bicicleta como meio de transporte
Projeto de lei estabelece políticas públicas para tornar a prática mais frequente entre paulistanos
Às 8h30, de segunda a sexta, a publicitária Paula Ayoub sai de sua casa, em Moema, e pedala cerca de 5 quilômetros até a agência onde trabalha, no Brooklin. Leva cerca de quinze minutos. Ao chegar, tira o modelito de ciclista, toma uma ducha e veste a roupa que leva na mochila. Paula tem um Celta, mas deixa o carro na garagem mesmo quando chove – nesses dias, protege-se com uma capa impermeável. “A bicicleta me possibilita escapar dos engarrafamentos, fazer exercício e sentir que estou colaborando com a natureza”, diz ela, que há nove anos trocou o automóvel pela bike. “Em todos os lugares em que trabalhei, as pessoas diziam ter vontade de fazer o mesmo, mas sentiam medo por causa do trânsito maluco.” De fato, encarar as ruas de São Paulo é um ato de coragem. Diariamente, a publicitária se vê obrigada a conviver com a hostilidade de muitos motoristas, já que não há ciclovias no trajeto entre sua residência e a agência. Paula e os demais ciclistas paulistanos têm um bom motivo para comemorar. Um projeto de lei sancionado pelo prefeito Gilberto Kassab no último dia 7 reconhece a bicicleta como meio de transporte e institui o Sistema Cicloviário do Município. O texto estabelece políticas públicas para que pedalar se torne uma prática mais freqüente e menos perigosa. Trata-se de uma novidade e tanto. Embora seja utilizada diariamente por cerca de 300.000 pessoas na cidade, a bicicleta era encarada pela prefeitura como uma forma de lazer e esporte. De acordo com a nova lei, toda grande avenida a ser construída a partir de agora deverá prever uma ciclovia – atualmente, há apenas 40 quilômetros desse tipo de via em São Paulo. “Não dá para quebrar tudo e refazer, mas é possível começar a mudar daqui para a frente”, afirma o vereador Chico Macena (PT), autor do projeto. Sua lei prevê ainda que espaços públicos e terminais de transporte coletivo sejam obrigados a dispor de bicicletários. Em trens e metrôs, haverá ao menos um vagão que permita o transporte de bicicletas. E a eterna briga no trânsito entre ciclistas e motoristas? Campanhas educativas tentarão promover uma convivência mais harmoniosa.