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PM que matou carroceiro está apto para qualquer função, diz laudo

José Marques Madalhano, de 24 anos, está afastado do trabalho nas ruas após disparar dois tiros contra Ricardo Silva Nascimento, 39

Por Adriana Farias
Atualizado em 28 jul 2017, 17h28 - Publicado em 28 jul 2017, 17h27

O policial militar José Marques Madalhano, de 24 anos, que matou com dois tiros o carroceiro Ricardo Silva Nascimento, 39, na região de Pinheiros, vem sendo submetido a uma bateria de entrevistas e exames médicos, inclusive psicológicos. Em 12 de julho, foi afastado das ruas até a conclusão das investigações.

Um primeiro laudo psicológico concluído recentemente a que VEJA SÃO PAULO teve acesso apontou que o soldado não tem problema emocional ou psíquico e está apto para desempenhar qualquer atividade dentro da Polícia Militar. Ao profissional da saúde, ele relatou não ter visto outra opção a não ser agir em legítima defesa atirando contra o homem que estava alterado com um pedaço de pau de 80 cm.

Recém-formado, o policial militar José Marques Madalhano veio do interior para trabalhar em São Paulo (Reprodução/Veja SP)

Madalhano foi removido do 23º Batalhão da Polícia Militar, situado dentro do Parque Villa-Lobos, na Zona Oeste, e transferido para desempenhar funções administrativas. Entre suas atribuições, aparece escrever atas para que uma operação policial possa acontecer. Para uma blitz, por exemplo, ele fica responsável em documentar onde e quando se dará a ação e quais os agentes estarão nela.

O agente é recém-formado pela escola de Araçatuba e estava há poucos meses no 23º Batalhão. Vindo da cidade de Nova Aliança, município de 6 000 habitantes pertencente à microrregião de São José do Rio Preto, a 450 quilômetros da capital, tem o sonho de seguir uma carreira longeva na corporação, assim como seu irmão, que atua em operações aéreas no helicóptero Águia da PM.

Muito abalado com o fato, Madalhano não quis falar com a reportagem. Sem antecedentes que abonem sua carreira, é visto pelos colegas da corporação como um bom funcionário e sempre prestativo.

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Imagem de ao menos dez anos atrás mostra Ricardo Silva Nascimento trabalhando em um mercadinho na Rua Capote Valente, nos Jardins (Arquivo Pessoal/Veja SP)

Além de Madalhano, outros quatro policiais que atuaram na ocorrência também foram afastados das ruas e transferidos para serviços administrativos enquanto o caso é investigado pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e a Corregedoria da Polícia Militar.

MORTE DE TESTEMUNHA

Nesta sexta-feira (28), às 18h, está programada a missa de sétimo dia em memória do morador de rua Gilvan Artur Leal, na Igreja da Paróquia de Monte Serrat, em Pinheiros. Piauí, como era conhecido, foi a principal testemunha da morte de Ricardo Silva Nascimento. Ele faleceu na quinta-feira (20) devido a um acidente vascular cerebral (AVC ) causado por hipertensão.

Ele contou ter sido ameaçado pelos policiais após presenciar o assassinato do amigo catador. “Você será o próximo, você viu tudo”, teriam dito os agentes da Polícia Militar. Em relato publicado no Facebook, a documentarista e moradora de Pinheiros Paula Sacchetta relata o momento em que Piauí viu os disparos contra o carroceiro:

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Depois do primeiro tiro ele começou a gritar para um morador de rua que morava por ali também: ‘Piauí, me ajuda, irmão, me machucaram’. […] O Piauí se aproximou, os policiais pediram pra ele colocar a mão na sarjeta e pisaram nos dedos dele. Ele ficou a noite toda chorando de dor na mão e pela morte do ‘irmão’. […]“, dizia o texto.

Levado ao pronto-socorro da Lapa, Piauí tomou injeção para aliviar a dor e pegou uma caixa de anti-inflamatórios. Com medo de passar a noite na rua, dormiu em um abrigo que aceitasse cachorro, para levar o inseparável Barbicha. Lá, a assistente social recomendou que não fosse à missa de sétimo dia de Nascimento, realizado na Catedral da Sé, por estar muito abalado.

Colaborou Sara Ferrari

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