Todos os anos, a Ceagesp comercializa mais de 1000 toneladas de tainha. Nas últimas duas semanas, os apreciadores de pratos feitos com o peixe estão se esbaldando. “Nunca a tainha custou tão barato”, afirma Mario Moura Gomes, proprietário de um dos dezesseis boxes de peixaria do Mercado Municipal. Normalmente, o preço chega a cair até 20% de maio a julho, quando se dá a temporada de sua pesca. Agora, no entanto, o quilo do peixe pode ser encontrado a 3,50 reais – sendo que, há um mês, algumas casas chegavam a vendê-lo a até 12 reais.
A explicação para tal queda obedece à infalível lei da oferta e da procura. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), em 2006 foram pescadas 3 235 toneladas de tainha em Santa Catarina, o maior fornecedor brasileiro do peixe. Neste ano, a expectativa é de uma safra recorde de 13 000 toneladas. “No ano passado, vendíamos o quilo do peixe no atacado a 2 reais”, conta Antônio Carlos Momm, presidente do sindicato. “Hoje, o preço é de 1,10 real.” A tainha passa a maior parte do ano nas águas salobras de lagos do Rio Grande do Sul e do Uruguai. Nos meses de maio, junho e julho, o peixe foge do frio e vem desovar mais ao norte. “Chega até o litoral do Rio de Janeiro, em cardumes próximos às praias”, explica o biólogo Jorge Freitas, do Instituto Larus, órgão de educação ambiental vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina. É quando passam pelos mares catarinenses que esses cardumes são “atacados” pelos pescadores. “Com o inverno menos intenso, a migração foi menor no ano passado”, acredita Freitas. Conseqüentemente, mais tainhas desovaram e, neste ano, a população do peixe aumentou. Outro fator apontado pelos produtores para o preço ter despencado é a queda da cotação da moeda americana diante do real. “Por causa da exportação, é inevitável que regulemos o nosso preço em dólar”, diz Momm.
De carne branca e sabor marcante, a tainha é nutritiva e rica em ômega-3, ácido graxo que combate o envelhecimento. Na cozinha, mostra versatilidade e pode ser usada em vários pratos. O chef Raphael Durand Despirite, do restaurante Marcel, tem feito algumas experiências culinárias com o peixe (veja receita abaixo). “Vai bem com coentro, erva que contrasta com seu gosto marcante”, diz. “Estou pensando em incluir a tainha entre as sugestões de nosso cardápio de almoço.”
Tainha ao molho de coentro com compota de tomate e farofa de mandioca frita
Chef Raphael Durand Despirite
Ingredientes
350 gramas de filé de tainha
2 colheres (sopa) de azeite de oliva
1 pitada de sal
Pimenta-do-reino
Compota de tomate
2 tomates maduros em cubos
1/2 pimentão descascado em cubos
1 cebola
1 dente de alho finamente fatiado
2 colheres (sopa) de azeite de oliva
Molho de coentro
300 mililitros de caldo de peixe
Folhas de coentro a gosto
Farofa de mandioca frita
300 gramas de mandioca
Sal
Modo de preparar
Tainha
Tempere a tainha com sal e pimenta-do-reino moída e doure-a em uma frigideira.
Compota de tomate
Em fogo baixo, refogue a cebola e acrescente o alho, os tomates e o pimentão. Cozinhe-os lentamente até que a mistura atinja consistência de compota. Finalize com uma correção de sal.
Molho de coentro
Coloque as folhas de coentro no caldo de peixe quente e triture-as com a ajuda de um mixer.
Farofa de mandioca frita
Cozinhe a mandioca e, com as mãos, triture-a em migalhas. Seque bem as migalhas com papel-toalha e frite-as em óleo com a ajuda de uma escumadeira grande, de preferência com uma rede. Tempere com sal.
Grau de dificuldade: médio
Tempo de preparo: 45 minutos
Rendimento: 4 porções