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Parada Gay: empresas investem em produtos e serviços

Marcas pegam carona em eventos para promover itens destinados ao público homossexual

Por Orlando Margarido
Atualizado em 5 dez 2016, 19h23 - Publicado em 18 set 2009, 20h34

No próximo domingo (10), quando cerca de 2 milhões de participantes colorirem a Avenida Paulista na 11ª edição da Parada do Orgulho GLBT (gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e transgêneros), não será difícil encontrar na multidão homens e mulheres homossexuais que tenham vivido algum constrangimento ao fazer uma compra ou utilizar serviços na cidade. Pouco habituados a lidar com esse consumidor, empresários e comerciantes preferem, em sua maioria, dispensá-lo a procurar atendê-lo em suas necessidades específicas. “Conheço o caso de uma seguradora que indicou uma concorrente, alegando ser mais barata, só para se livrar de um cliente gay”, diz Francisco Fernandes, diretor da American Life, que há um ano lançou um seguro de vida para parceiros do mesmo sexo. Desde então, vendeu cerca de 500 apólices, 47% delas a paulistanos. Iniciativas como essa, voltada exclusivamente aos gays, tornam-se cada vez mais comuns. São empresas dos setores de turismo, imóveis e comércio, entre outros, empenhadas em ser identificadas com o S da sigla GLS, que contempla gays, lésbicas e simpatizantes.

Agência de turismo especializada na turma GLS: pacotes para quem chega e quer sair de São PauloAo adotarem uma atitude “friendly”, ou seja, simpática à turma, as grifes vão atrás do chamado “pink money”, referência ao alto poder de consumo dos gays há muito detectado nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, esse mercado significaria 18 milhões de homossexuais, ou 10% da população, de acordo com o IBGE. Por enquanto, o interesse pelo dinheiro cor-de-rosa – existem pesquisas que indicam que os homossexuais gastam 30% mais que os heterossexuais – ainda surge timidamente em São Paulo, mas já seduziu, por exemplo, o conservador mercado imobiliário. Em 2002, a construtora Tecnisa passou a treinar seu pessoal para atender a comunidade e três anos depois “assumiu” a tendência com uma publicidade direcionada. Hoje, a venda de apartamentos para casais de homens ou de mulheres representa 12% do seu faturamento. “Por não terem nem filhos nem os gastos de uma família convencional, os gays investem mais no próprio conforto, e a moradia entra nesse pacote”, afirma o diretor de marketing da incorporadora, Romeo Busarello. “Não construímos prédios pink, mas modificamos a planta original e fazemos adaptações para eles que não são usuais.” Os pedidos vão desde um acabamento mais requintado até a inclusão de hidromassagem no segundo banheiro. De quebra, os compradores recebem assessoria jurídica para o caso de separação durante o período de construção e um ano de seguro de vida.

Carentes dessa atenção do mercado, os homossexuais valorizam atitudes simpáticas, ainda que acanhadas. A loja de presentes Camicado não fez muito mais que orientar seus atendentes a receber com normalidade os clientes gays e dar dicas do que incluir, por exemplo, numa lista de “casamento”. “Como não se trata de uma união oficial, essas listas entram no conceito de ‘open house’, o evento inaugural de uma casa de solteiro ou de parceiros que decidiram morar juntos”, afirma Fábio Kow, diretor da rede. Lá, em 2006, cerca de 1 000 das 2 400 listas de open house foram negociadas para gays.

Anúncios de construtora: 12% das vendas para casais homossexuaisEmpresas como essas, porém, apesar de receptivas, não hasteiam a bandeira com as cores do arco-íris em sua fachada. A segmentação cabe mais em pequenos negócios, entre os quais lojas e escritórios particulares, como agências de viagem. Entre estas, há em atividade em São Paulo, desde outubro do ano passado, a Flex Voyage, a We e a Friendlytur. Esta última vendeu em sete meses quarenta pacotes. Mas a entrada na área em 2005 da gigante CVC mostrou que existe potencial no mercado dos viajantes GLS. Naquele ano, a operadora foi uma das patrocinadoras da Parada Gay, de olho nos 234 000 turistas brasileiros e estrangeiros que vieram para a cidade no período e nos 135 milhões de reais que, estima-se, eles teriam movimentado na ocasião. Os dados da São Paulo Convention & Visitors Bureau apontam o evento como o primeiro na cidade em número de visitantes e o segundo em arrecadação, só perdendo para a Fórmula 1. Atualmente, a CVC oferece pacotes nas principais capitais do país para quem quiser vir ferver na parada. “De 1,5 milhão de passageiros embarcados por nós a cada ano, entre 5% e 10% são gays”, calcula Roberto Vertemati, gerente regional de vendas. Cifras altas e sucesso de público também encantam o comerciante modesto. Há um ano, a proprietária da Mais Pet, Fabiana Torres, fechou duas das suas três lojas de animais de estimação e pendurou uma colorida bandeira na porta do endereço da Alameda Franca. Ali passou a vender todo tipo de produto, de coleira a edredom para cachorros, com a estampa oficial do universo gay. Deu certo. “Aumentei o número de banhos de 190 para 600 por mês”, comemora.

PARA ENTRAR NO CLIMA

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Dia de ferveção no Hopi Hari: calendário tem corrida e DJs• Caminhada de Lésbicas e Bissexuais – A iniciativa chega ao quinto ano. Concentração na Praça Oswaldo Cruz (início da Avenida Paulista). Sábado (9), às 14h30.

• Corrida pela Diversidade – O percurso da primeira edição da corrida inclui o Elevado Costa e Silva. As inscrições custam R$ 35,00 e devem ser feitas até segunda (4) pelo site https://www.ativo.com. Largada na quinta (7), às 8h, na Rua Maria Antônia.

• Feira Cultural GLBT – A feirinha, realizada há seis anos, cresceu e agora instala suas cerca de 100 barracas no Vale do Anhangabaú. Shows de drag queens e apresentações de DJs como Gláucia ++. Quinta (7), das 10h às 22h.

• Gay Day – O maior e mais moderno parque de diversões do país aguarda 18 000 visitantes no dia dedicado à comunidade gay. Hopi Hari. Rodovia dos Bandeirantes, quilômetro 72, Vinhedo, tel: 6941-7255. Sábado (9), das 10h às 20h. R$ 49,00. Ingressos com antecedência (R$ 34,00). Estac. (R$ 20,00). Ônibus (R$ 22,00, ida e volta). https://www.gayday.com.br.

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• Mix Brasil na Parada – O festival da diversidade no cinema fez uma seleção especial com as atrações do ano passado. Galeria Olido, Avenida São João, 473, centro, tel: 3334-0001. De terça (5) a sábado (9).

• Parada GLBT – A expectativa da organização é levar, no domingo (10), mais de 2 milhões de participantes à Avenida Paulista, o que torna o evento o maior do mundo. A partir de 13h30, a multidão vai atrás de 25 trios elétricos com atrações como a apresentação da dupla de DJs americanos Fischerspooner, prevista para as 19h. https://www.paradasp.org.br.

CASAS NOTURNAS

• Cantho – Nas quatro noites embaladas pela semana do orgulho gay, os DJs Rui Carmo e Junior revezam-se nos pick-ups com flashbacks dos anos 70 e 80. Largo do Arouche, 32, centro, tel: 3362-1295. Quarta (6) a sábado (9), das 23h às 7h. R$ 10,00 a R$ 20,00. https://www.cantho.com.br.

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• The Week – A casa gay ferve com atrações internacionais, além de seu time habitual. Na quarta (6), o convidado é o DJ americano Victor Calderone. Na sexta (8), entra em cena a dupla baseada nos Estados Unidos Ralphi Rosario & Abel. Na noite seguinte, sempre da 0h às 8h, é a vez do austríaco Peter Rauhofer. Rua Guaicurus, 324, Lapa, tel: 3872-9966. R$ 40,00 (antecipado). IR. https://www.theweek.com.br.

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