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Metrô pode entrar em greve nesta quinta

Se não bastassem as panes frequentes, metroviários prometem parar e complicar ainda mais a vida dos paulistanos

Por Nataly Costa [com reportagem de Raphael Martins]
Atualizado em 1 jun 2017, 17h20 - Publicado em 30 Maio 2014, 19h05

Em campanha por um aumento mínimo de 10% nos salários, o Sindicato dos Metroviários promete para quinta (5) uma greve que tem tudo para travar a cidade, a exemplo do que ocorreu há duas semanas com a paralisação dos motoristas de ônibus. Se a categoria realmente cruzar os braços, deixará na mão (ou a pé, no caso) boa parte da população: são 4,6 milhões de viagens diárias. Há ainda uma segunda proposta em estudo para a manifestação,essa bem mais ousada: continuar trabalhando e liberar as catracas para que os usuários embarquem de graça, hipótese descartada pelo governo. Segundo a companhia, essa atitude comprometeria a segurança dos passageiros. A realidade, no entanto, é que não há necessidade de um episódio extraordinário para provocar desconforto em nossos subterrâneos. Cenas de empurra-empurra, filas e plataformas intransitáveis são um atentado diário à integridade física de quem se locomove pelos vagões na capital. 

+ Metrô circula com a porta aberta por sete estações

Como se não bastasse, ainda é preciso dose extra de paciência para o acúmulo de falhas aparentemente pequenas, mas que transformam um simples trajeto entre a casa e o trabalho em uma jornada maçante. Porta que não fecha, paradas bruscas e repentinas entre estações, ar condicionado quebrado — tudo isso faz parte do cotidiano do passageiro em São Paulo. Na última quarta (28), por exemplo, um atraso de dois minutos por volta das 19 horas na Estação Sumaré fez todo o restante das composições da Linha 2 – Verde avançar com velocidade reduzida. No dia seguinte, às 8h40, um trem da Linha 3 – Vermelha levou dez minutos para deixar a Estação Itaquera no sentido Barra Funda, o que resultou em plataformas lotadas de gente.

Seguindo um critério internacional — o mesmo utilizado por outras catorze metrópoles do mundo com malha metroviária expressiva, como Nova York e Londres —, o Metrô inclui em sua planilha de ocorrências apenas interrupções com duração mínima de cinco minutos, os chamados incidentes notáveis. Oficialmente, foram 71 deles em 2013, cerca de um a cada cinco dias. “Estamos dentro do padrão internacional nesse quesito. Ficamos abaixo da média quando comparados aos serviços de grandes capitais asiáticas, mas temos índices melhores do que os de muitos países europeus”, afirma o diretor de operações da companhia, Mário Fioratti Filho.

 

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O sindicato, por outro lado, tem uma conta diferente. A categoria tomou nota de 113 problemas no ano passado, 59% a mais do que foi registrado oficialmente.“A superlotação desgasta os vagões rapidamente e a reforma dos mais antigos é malfeita, com a utilização de peças seminovas”, diz o presidente do sindicato, Altino de Melo Prazeres Júnior. O Metrô argumenta que os trens modernizados “são como novos”.“A qualidade é exatamente a mesma, e a economia em relação a uma compra chega a 60%”, diz Fioratti.

De tão frequentes, as panes ganharam nos últimos tempos o acompanhamento das páginas nas redes sociais, que realizam uma espécie de cobertura minuto a minuto do transporte sobre trilhos— incluída aí a rede da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). De forma colaborativa, perfis do Twitter como Usuários Metrô SP, Diário da CPTM e Sardinha Express produzem instantâneos da situação das plataformas postando fotos, vídeos e relatos de passageiros. Morador de Francisco Morato, na região metropolitana, o auxiliar administrativo Ricardo Guimarães é um criador em série desse tipo de serviço: além do Diário da CPTM, abriu uma conta de Twitter para acompanhar as linhas 7, 8, 9, 10 e 12. “Criamos uma comunidade de colaboradores e sempre somos convidados pela diretoria da empresa para reuniões”, afirma.

Ricardo Guimarães
Ricardo Guimarães ()

Operador de marketing de uma importadora na Zona Leste, Adilson Silva, do UsuáriosMetrô SP, tuíta sobre tudo, desde uma queda de energia no vagão até esteira rolante quebrada. E, principalmente, repassa as reclamações dos usuários para a conta oficial do Metrô. “Fazemos pressão para que o problema seja resolvido rapidamente”,diz. Satisfeitos com o apoio virtual, os demais passageiros colaboram com bem mais do que informações. Em fevereiro, Silva teve seu celular roubado após uma pane na Linha 3 – Vermelha. “Meus seguidores fizeram uma vaquinha e ganhei um smart phone novo.” A própria companhia confirma a importância do serviço. “Eles têm agilidade e nos ajudam a enxergar em minutos o que levaria um dia inteiro para detectar”, afirma Fioratti.

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Adilson Silva
Adilson Silva ()

O desafio urgente do Metrô é tentar uma conciliação com o movimento grevista. Uma nova audiência está marcada para quarta-feira no Tribunal Regional do Trabalho, e a empresa, que ofereceu 7,8% de reajuste, diz estar disposta a negociar. Na última greve da categoria, em maio de 2012, mesmo sem adesão completa, a cidade enfrentou trânsito recorde. Resta à população esperar pelo acordo e torcer por um dia a menos de caos.

* colaboraram Felipe Schmieder e Ricardo Rossetto

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