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O pagode está de volta

Bandas do presente e sucessos do passado dão o tom ao renascimento do gênero

Por Juliene Moretti
Atualizado em 5 dez 2016, 16h29 - Publicado em 14 dez 2012, 19h34

Quem passar por baladas na Zona Sul e ouvir um arranjo de cavaquinhoe cuíca embalando versos como “De novo a solidão bateu / eu vouchorar / o meu coração vazio / sem ninguém para me amar”, de um antigo sucesso do Raça Negra, poderá tomarum susto, achando que entrou numa máquina do tempo e voltou para a partemais pegajosa e malemolente dos anos 90 — ou a mais lamentável do ponto de vista musical, dependendo do gosto do ouvinte. Para quem pensava que o estilo estivesse morto e enterrado, eis que o pagode ressurge como o novo hit da cultura retrô da cidade.

+ Veja o roteiro das festas de pagode por São Paulo

Bandas jovens encontram espaço em grandes palcos e bares importantes à custa de velharias de conjuntos como Exaltasamba e Soweto. Festas temáticas bem-sucedidas são armadas com esse repertório na capital, e veteranos daquela cena estudam retornarao s shows para aproveitar o embalo.

Um dos epicentros desse renascimentoé o Santa Aldeia, na Vila Olímpia. Desde o último dia 4, a Turma do Pagode tem uma noite exclusiva no local. Toda terça, os oito integrantes do grupo lotam a casa de espetáculos — com um público feminino, em sua maioria — para apresentar composições próprias e sucessos antigos de Raça Negra, Fundo de Quintal e outros conjuntos do mesmo naipe. “Eram as coisas que tocavam nas rádios quando começamos acarreira”, diz o vocalista Felipe Costa, o Caramelo. O grupo surgiu em 1997, em um modesto bar na Zona Norte. Graças ao repique do gênero nas paradas, chegou a encher o Credicard Hall, em fevereiro,com cerca de 7.000 ingressos vendidos. Atualmente, a banda realiza uma média de 25 shows por mês.

No mesmo Santo Aldeia, outro expoenteda onda, o Bom Gosto, oriundo do Rio de Janeiro, virou atração fixa das noites de sábado. Até 2010, a trupe resumia suas apresentações a uma participação numa roda de samba em Jacarepaguá, no Rio, na qual enfileirava hits de antigamente.Neste ano, os cariocas aproveitarama maré favorável para dar uma sacudida na carreira. Participaram de programas da Rede Globo como Esquenta e Domingão do Faustão e estrearam no Credicard Hall, em maio. A banda, que tocava praticamente de graça no início, cobra agora cachê de 25.000 reais. “Chegamos a sair em turnê por EstadosUnidos e Portugal no ano passado”, orgulha-se o cavaquinista Mug.

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Para acompanhar o ritmo do samba, surgiram festas temáticas como a Movimento, realizada aos sábados na Casa Veiga, no Itaim. Inteiramente focada em música brasileira, ela reserva algumas horas somente ao pagode. “Criamos o evento há oito anos, quando a balada eletrônica ainda dominava SãoPaulo”, explica Emiliano Beyruthe, um dos organizadores. “Hoje não tem como deixar o pagode de fora. Se a pista desanima, basta pôr o Só pra Contrariar que todos voltam a dançar.” Os ingressos são vendidos normalmente por 50 reais, mas as edições especiais custam, no mínimo,100 reais.

Na itinerante Gambiarra, realizadano último dia 2 no Open Bar, em Pinheiros, o gênero também teve vez. “Dou preferência a formações que contavam com coreografias próprias, como o Molejo. Os frequentadores relembrama adolescência e se divertem”, diz o DJMiro Rizzo.

O desempenho recente rendeu dividendos até a outros estilos. Para aproveitara onda, o produtor Jorge Wagner convidou bandas de rock independentesdo Brasil inteiro, como Nevilton, Harmada e Letuce, para criar versões dos sambas do Raça Negra. Assim surgiu o álbum Jeito Felindie, lançado nainternet em outubro, que já teve 250.000 downloads. Boa parte dessa turma se apresenta com frequência por aqui. “Apartir do início do próximo ano, faremosum tour por Rio e São Paulo somente com essas bandas”, planeja Wagner.

Quem também tem projetos para 2013 é Thiaguinho, ex-integrante doExaltasamba, que seguiu carreira- solo. O cantor é sócio de um empreendimento voltado ao segmento em Curitiba e está prestes a inaugurar outro em Balneário Camboriú, no litoral catarinense. “Em 2013, será a vez de abrir uma casa em São Paulo”, prevê.

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