O webdesigner dos artistas
Especializado em criar sites para artistas plásticos, Maurício Lima recebe obras como pagamento
A escultora paulistana Edith Derdy nunca tinha ouvido falar do webdesigner Maurício Lima até o começo do ano passado, quando foi surpreendida por uma ligação dele. Especializado em criar sites para artistas plásticos, Lima telefonara para oferecer seus serviços. No final da conversa, durante a qual desfiou seu portfólio, ele propôs: aceitaria uma escultura como forma de pagamento. Edith não foi a única a se desfazer de uma obra de arte em troca de uma página virtual. ‘Se gosto muito do que um artista faz, prefiro ser pago com um trabalho a receber em dinheiro’, afirma Lima, que cobra de 3.500 a 15.000 reais para montar um site, dependendo da complexidade do projeto. Alegando questões de segurança, ele se recusa a dar detalhes sobre o acervo particular que amealhou com seu ofício. Sabe-se, no entanto, que inclui obras de Claudio Cretti, Carmela Gross, Cabral, Waltercio Caldas e Eduardo Sued.
Mineiro de Belo Horizonte, Lima divide seu tempo entre São Paulo e Brasília, onde fica seu escritório. Aos 34 anos, já desenvolveu o endereço na internet de mais de setenta nomes das artes plásticas, como Nelson Leirner e José Resende. Formado em fisioterapia e educação física, ele começou a ganhar dinheiro com o mundo virtual há dez anos, ao lançar um portal de notícias sobre saúde. Até hoje, boa parte de seus rendimentos vem da publicidade veiculada nesse site. O primitivista português Antonio Poteiro foi o primeiro artista plástico a quem Lima se ofereceu para trabalhar. ‘Desenvolvi um programa que permite ao dono da página atualizá-la sem a ajuda de um especialista’, conta. ‘Esse diferencial atraiu muita gente.’ O colecionador da web costuma passar em média três semanas estudando a carreira de um artista antes de ligar o computador. “Enquanto conversávamos, parecia que ele havia acompanhado minha trajetória desde o começo”, diz a paulistana Carmela Gross.
A ideia de colecionar obras de artes tomou corpo cinco anos atrás, quando Lima preparava a página do goiano Siron Franco. Em busca de informações sobre o trabalho do pintor, ele procurou o carioca Charles Cosac, dono da editora Cosac Naify e de uma impressionante coleção de arte brasileira. ‘Decidi nessa época que também viveria cercado por telas e esculturas’, lembra ele, que desde então dispara telefonemas oferecendo seus serviços a artistas cuja obra admira.