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O melhor e o pior de 2008

Críticos e repórteres de VEJA SÃO PAULO elegem as atrações que se destacaram em 2008 por sua qualidade ou pela falta dela

Por Da Redação
Atualizado em 5 dez 2016, 19h30 - Publicado em 18 set 2009, 20h28

Shows

Pedro Ivo Dubra

Melhor – Surgida em 1980, a banda americana R.E.M. apresentou-se pela primeira vez na cidade em novembro, no Via Funchal. O vocalista Michael Stipe guiou o grupo em exibições redondinhas, “profissionais”, mas ainda assim catárticas. Além de faixas de seu mais recente álbum, Accelerate, ele percorreu diferentes etapas da carreira. As clássicas Everybody Hurts e Losing My Religion arrepiaram os presentes.

Pior – A intenção era boa: nos cinqüenta anos da bossa nova, convocar cantores mais novos para interpretar obras do pianista João Donato, que subiria ao palco do Auditório Ibirapuera no fim da homenagem, em julho. Mas as participações apagadas (e às vezes constrangedoras) de Bebel Gilberto, Marcelo Camelo, Adriana Calcanhotto e Marcelo D2 estragaram a festa.

Teatro

Dirceu Alves Jr.

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Melhor – Um homem bem-sucedido (José Wilker) joga o casamento de mais de vinte anos no lixo porque está apaixonado por… uma cabra! A tragicomédia A Cabra ou Quem é Sylvia?, do dramaturgo americano Edward Albee, ganhou direção segura de Jô Soares. Entre o absurdo e a tragédia, o espetáculo transforma riso em inquietação, expõe a perda da racionalidade e não deixa a platéia indiferente.

Pior – Um ator de inegável talento, um texto de qualidade comprovada há quatro séculos e uma produção com muito dinheiro. Tinha tudo para dar certo, mas Otelo, de Shakespeare, foi um mico. A adaptação de João Gabriel Carneiro e Leonardo Marona, escorada na direção de Diogo Vilela e Marcus Alvisi, privilegiou o antagonista Iago ? vivido pelo próprio Vilela ? em detrimento do personagem-título. O maior de uma série de erros.

Exposições

Jonas Lopes

Melhor – Em um ano irretocável, a carioca Beatriz Milhazes se transformou na primeira artista brasileira viva a ter uma tela vendida por mais de 1 milhão de dólares. Na mostra exibida na Estação Pinacoteca entre setembro e novembro, apresentou aos paulistanos 25 pinturas e cinco colagens hipnóticas, repletas de cores deslumbrantes, formas geométricas e detalhes psicodélicos.

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Pior – Afundada em crises financeiras, a 28ª Bienal escolheu refletir sobre seu próprio modelo ? apostando, para isso, em deixar um andar inteiro do pavilhão projetado por Oscar Niemeyer vazio. O discurso não colou e, pior, não ocultou a ausência de obras marcantes. O fracasso se refletiu nos números: foram cerca de 200 000 visitantes, contra 535 000 em 2006 e 917 000 em 2004.

Para as Crianças

Helena Galante

Melhor – Estrelado pela afinada Banda Mirim, Sapecado foi uma viagem curtinha (apenas três meses em cartaz no Sesc Avenida Paulista) e fascinante ao universo caipira. As canções de Tata Fernandes e Kléber Albuquerque, bem casadas com o texto do também diretor Marcelo Romagnoli, uniam lirismo e bom humor.

Pior – O enfadonho espetáculo HQB ? Teatro Virando Gibi!, de Beto Marden e Vivian Perl, patinou na proposta de levar o ambiente dos quadrinhos para os palcos. Após pagarem os 50 reais de ingresso no Teatro Procópio Ferreira, pais e filhos acompanharam um desfile de interpretações exageradas e coreografias truncadas.

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Dança

Dirceu Alves Jr.

Melhor – Em uma iniciativa inédita no Brasil, o governo do estado criou a São Paulo Companhia de Dança. Com uma verba de 13 milhões de reais anuais, o grupo se tornou alvo dos sonhos de muitos bailarinos. Os espetáculos Polígono, de setembro, e 2º Programa, de novembro, mostraram que o investimento valeu a pena.

Pior – Fundada há 37 anos, a companhia paulistana Ballet Stagium já viveu tempos de glória. Essa fase ficou para trás. A montagem Bossa Nova, dirigida por Marika Gidali, foi uma decepção. Embalados por clássicos como Desafinado, os integrantes apresentaram movimentos simplórios em uma produção precária no modesto Teatro de Dança, em novembro, com figurinos bem cafonas.

Cinema

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Miguel Barbieri Jr.

Melhor – Aos 73 anos, Woody Allen realizou seu filme mais vibrante e juvenil em décadas. Com roteiro inspiradíssimo, Vicky Cristina Barcelona enfoca, com raras sabedoria e maturidade, a maneira como as inusitadas conquistas amorosas podem (ou não) afetar o destino afetivo dos apaixonados. Embora todo o elenco dê seu recado a contento, é Penélope Cruz, na pele da temperamental Maria Elena, quem sobressai.

Pior – A narração para lá de cavernosa de Carlos Vereza, a recriação de época com cara de loja de fantasias e, pior, um roteiro tão didático e primário que chega a dar sono são apenas alguns dos deslizes de Bezerra de Menezes ? O Diário de um Espírito. Apesar da ruindade, a cinebiografia do pioneiro na divulgação da doutrina kardecista no país foi sucesso de público, com mais de 430?000 ingressos vendidos.

Baladas

Filipe Vilicic

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Melhor – Os elementos de uma boa festa foram garantidos pelo clube D-Edge, na Barra Funda, no dia 2 de dezembro. Pioneiro do minimal (som leve, de poucos elementos e baixa velocidade), o DJ canadense Richie Hawtin fez o essencial: música de qualidade. Durante quatro horas, ele alternou batidas suaves e aceleradas. A platéia dançou sem parar.

Pior – A Pacha, na Vila Leopoldina, trouxe a São Paulo em 2008 alguns dos DJs mais populares do mundo. O holandês Armin van Buuren, o mais bem-sucedido especialista em trance do planeta, esteve lá no dia 10 de janeiro. Se o som foi bom, todo o resto deu errado: confusão na entrada, lotação excessiva (era impossível dançar na pista a céu aberto), fila de quarenta minutos para pagar, péssima circulação de ar na área interna…

Concertos

Pedro Ivo Dubra

Melhor – O maestro argentino naturalizado israelense Daniel Barenboim veio à cidade em maio com a Orquestra Staatskapelle de Berlim, da qual é diretor. Apresentou as longas, difíceis e belas sinfonias Nºs 7, 8 e 9 de Bruckner. O grupo exibiu uma sonoridade excepcional, e Barenboim ainda aproveitou para puxar a orelha do espectador mal-educado que não fez a menor questão de abafar a tosse nas passagens mais sutis da partitura.

Pior – Encenada originalmente em 2003 por José Possi Neto, a obra cômica de Giuseppe Verdi Falstaff deu início à temporada lírica do Teatro Municipal, em abril. Foi na escolha dos cantores que a nova versão derrapou. Baixo-barítono que já demonstrou bom timing de ator em outras composições, Licio Bruno não correspondeu às expectativas como o protagonista. Outros intérpretes também tiveram desempenho apagado.

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