Mulheres drag queens: Riot Queens faz sucesso na noite
Coletivo de garotas adota visual extravagante e faz shows em casas noturnas dublando músicas de artistas como Cher e Rita Lee
Salto altíssimo, figurino colorido e maquiagem extravagante são algumas das características das drag queens, como são conhecidos os homens que se vestem com roupas femininas para realizar performances.
Agora, as mulheres também entraram nessa onda. Desde setembro do ano passado, um grupo de nove garotas, cinco delas paulistanas, aderiu ao visual e faz apresentações do gênero.
Chamado Riot Queens, reúne integrantes de 20 a 30 anos. Nas exibições realizadas em locais como o Anexo B, point descolado no Baixo Augusta, essa turma dubla músicas de Rita Lee e Cher, entre outras cantoras, e emplaca discursos feministas. “Para mim, a transformação significa que as mulheres podem fazer o que quiserem”, diz a fotógrafa Zibel Cavalcanti, 30 anos, ou Greta Dubois, seu nome artístico.
O sucesso da trupe inspirou a produção do documentário They Can Do It, da diretora Kelviane Lima, disponibilizado neste mês no YouTube. As jovens se conheceram há cerca de um ano e meio em uma comunidade no Facebook dedicada ao reality show RuPaul’s Drag Race.
O popular concurso americano de drags, no ar desde 2009, ajudou a bombar folias temáticas na capital. Uma delas, a Priscilla, na boate Blue Space, na Barra Funda, já contou com a participação das Riot Queens. Essas meninas entram aos poucos em um universo dominado pelos rapazes.
Eles nem sempre veem o trabalho delas com bons olhos. “As drags tradicionais sentiram que tiveram seu espaço invadido”, afirma o transformista André da Silva, conhecido como Malonna, que resolveu dar uma força ao grupo e ceder seu ateliê para a produção das garotas.
Uma das integrantes, Fernanda Aquino, ou Pâmela Sapphic, 22, é lésbica assumida e foi expulsa de onde morava, na Brasilândia, pelos pais religiosos. “Eles achavam que isso me levaria à prostituição”, lembra ela. “Não entendiam que eu queria desconstruir o que a sociedade espera do homem e da mulher.”