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Mulheres donas do próprio iate

Conheça as paulistanas superpoderosas que singram os mares

Por Maria Paola de Salvo
Atualizado em 5 dez 2016, 19h26 - Publicado em 18 set 2009, 20h31

Faça chuva, garoa ou sol de rachar, a lancha Intermarine Scarab de 38 pés (11,5 metros), batizada de Segretti, cumpre todo fim de semana o mesmo ritual: deixa o cais do Porto Marina Astúrias, no Guarujá. Corta as ondas numa velocidade de cerca de 70 quilômetros por hora e em sessenta minutos ancora em Ilhabela. No comando do timão, nada de marinheiro. Quem ocupa o cockpit é a dona do barco, a advogada paulistana Leni Dias Silva, que tem no currículo doze anos de navegação e um troféu conquistado em um rali náutico, competição que mais parece um clube do Bolinha marítimo. “Os homens que perderam queriam me dar um fogão como prêmio”, lembra. Quem a vê no comando da Segretti tem certeza de que tudo não passa de preconceito. Hábil no manejo dos manetes, é ela quem manobra também o barco de pesca oceânica de 53 pés (16 metros) do namorado enquanto os homens lutam contra peixes grandalhões de até 150 quilos, só encontrados a 150 quilômetros da costa. “Cheguei a navegar dezesseis horas até Vitória”, conta, orgulhosa.

Leni não é a única a abrir caminho num oceano dominado pelo público masculino. Dezenas de superpoderosas barqueiras circulam com suas lanchas e veleiros pelo litoral paulista ou fluminense. Mas elas ainda são minoria. No Iate Clube de Santos, apenas dez dos cerca de 300 barcos ali guardados pertencem a mulheres. A proporção é quase a mesma no Yacht Club de Ilhabela, onde elas são proprietárias de seis das 170 embarcações. É um hobby caro. Uma lancha nova pode custar de 300 000 reais (caso da Phantom 290, sucesso de venda entre as mulheres) a 1 milhão de reais (preço das chamadas off-shores, que estão para o mar da mesma forma que os carros esportivos estão para a estrada).

Velejadora desde os 14 anos, a psicóloga Sandra Mas, proprietária do estaleiro Axtor Marine, baseou-se em suas necessidades femininas para projetar a Axtor 460, uma off-shore com cama de casal e banheiros amplos, confortos raramente presentes em lanchas esportivas. Além disso, o banco do piloto é duplo, perfeito para casais. “As mulheres gostam de manobrá-la, porque o casco amplo transmite segurança mesmo em mares agitados”, afirma Sandra, que nos últimos quatro anos vendeu quarenta unidades da lancha. A off-shore é adorada pelas mulheres porque parece uma grande sala de visitas flutuante e seu velocímetro pode atingir 90 quilômetros por hora, o que garante rapidez e menos enjôo nos cruzeiros. “Saio do Guarujá e em menos de duas horas estou comendo casquinha de siri na Praia do Viana, em Ilhabela”, diz a decoradora Bya Barros, dona de uma Intermarine Scarab de 38 pés (11,5 metros) batizada de BxB. As iniciais de Bya estão presentes no uniforme dos dois marinheiros, fiéis escudeiros em suas travessias entre o Guarujá e Angra dos Reis. Além de pilotarem a lanchona – Bya raramente põe as mãos no timão –, eles são treinados para recebê-la com MPB no aparelho de som e champanhe Veuve Clicquot. “Com a BxB me sinto superpoderosa”, afirma ela. “É como um carro que anda no mar e me leva para todos os lugares.” Se a lancha de Bya é um carro, o iate de 85 pés (25,9 metros) da apresentadora Ana Maria Braga está mais para avião. Avaliado em 4 milhões de dólares, o Ambar tem cinco suítes, salão de jogos, ambientes acarpetados e hidromassagem a céu aberto. Serviu de cenário do programa Mais Você, da Rede Globo, por duas vezes. Apesar de ter quatro tripulantes à disposição, a loira vai para trás do timão de vez em quando. “A sensação de liberdade é indescritível”, conta Ana, que já enfrentou tempestades com ondas de 4 metros no litoral baiano e jura que costuma lançar o anzol em alto-mar.

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