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Merenda natural é moda nas escolas

Colégios cortam frituras e ampliam oferta de alimentos saudáveis nas cantinas

Por Isabela Barros
Atualizado em 5 dez 2016, 19h21 - Publicado em 18 set 2009, 20h36

Alunas da 2ª série do ensino fundamental do Colégio Augusto Laranja, as amigas Letícia Presti, de 8 anos, Lívia Machado, de 8, e Natalie Colombo, de 7, adoram a combinação pizza, batata frita e Coca-Cola para matar a fome na hora do recreio. No que depender da escola, porém, as guloseimas ultracalóricas ficarão para outro horário. Lá, a ordem é destacar alimentos saudáveis, como frutas, no balcão da cantina. Batatinhas e nuggets de frango ficam mais ao fundo, bem longe dos olhinhos gulosos das crianças. Adaptadas aos novos tempos, as meninas já nem se queixam tanto do novo cardápio. “A baguete recheada com alface e peito de peru é ótima”, diz Letícia. “Tudo bem tomar refrigerante só de vez em quando. Na minha casa já é assim”, concorda Natalie. “Adoro manga”, afirma Lívia. O Augusto Laranja não está sozinho. Em várias escolas paulistanas vigora uma campanha contra doces, frituras e salgadinhos industrializados. Os diretores não estão preocupados à toa. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 22% dos moradores da Região Sudeste entre 10 e 19 anos têm excesso de peso (contra 16,7% da média nacional).

A filosofia de tolerância zero começa cedo. No Visconde de Porto Seguro, os alunos da educação infantil (com idade entre 1 e 4 anos) não chegam nem perto de frituras e refrigerantes. Doces, só se forem de banana, mamão… “O lanchinho deles é fornecido pela escola e inclui um suco, uma fruta e um sanduíche”, conta a nutricionista Daniella Agatte, supervisora do serviço de alimentação do colégio. Liberados para usar a lanchonete, os estudantes da 3ª série do ensino fundamental em diante podem comer hambúrgueres grelhados e nuggets feitos no forno. A única opção frita do cardápio são as batatas. Mas a farra deve acabar logo. “Planejamos substituí-las por uma versão assada no ano que vem”, avisa Daniella. Para convencer os pequenos a aderir aos alimentos saudáveis, o diretor do Pentágono, Edson Keller, espalhou cartazes comparando as calorias de alguns itens. No duelo suco de laranja versus refrigerante, a turma é orientada a ficar com a primeira opção, por ter mais nutrientes. “Mudar hábitos de crianças e adolescentes é um trabalho de formiguinha”, afirma ele.

Desde o início do ano, o Dante Alighieri investe em campanhas para que seus alunos troquem os refrigerantes por sucos de frutas. Na cantina, o setor de preparo das bebidas foi todo decorado com abacaxis, melancias e melões de verdade para atrair a garotada. E os pais podem controlar o que os filhos comem. Cerca de 750 dos 4 200 alunos da escola usam o kit lanche, que consiste em uma sacolinha com um salgado (assado, não frito), uma fruta e um suco todos os dias. “Sei que, se comer muito, vou ficar gordo”, consola-se Matheus Moreno, de 9 anos, aluno da 3ª série do ensino fundamental. Seu colega Eduardo Miguel da Silveira, também de 9 anos, aprova o lanche natureba. “Como todas as frutas, só não gosto de caqui”, diz.

No Dante, os pais que quiserem conferir a quantas anda a merenda dos pequenos podem solicitar um extrato do consumo diário ou mensal no próprio caixa da lanchonete. Em outras escolas, como o Liceu Santa Cruz, a compra de um cartão magnético pré-pago permite o acompanhamento do menu pela internet. Com direito a restrições de quitutes indesejados. Em se tratando de crianças ávidas por guloseimas, a reeducação alimentar deve seguir a lógica do devagar e sempre. “Não adianta tirar da cantina tudo o que é atrativo”, explica Annete Bressan, nutricionista especializada em obesidade infantil. “O importante é oferecer sempre novas opções.” Pelo jeito, a coxinha da hora do intervalo não será mais desculpa para os centímetros a mais na cintura dos baixinhos.

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