Uma passeata que pediu a liberação da maconha
Conheça cinco paulistanos que pediram pelo fim da proibição do uso da erva durante passeata no sábado (26)
Por todo canto, só dava ela. A folhinha verde de cinco pontas estava em camisetas, bonés, muitos cartazes, em rostos e até in natura. Este sábado foi o dia da Marcha da Maconha em São Paulo, no qual grupos de interesses diferentes – mas unidos pelo desejo de dar um “peguinha” em paz – se encontraram para pedir a legalização da maconha. O evento marcado para as 14h do sábado (26) começou tímido e perdia em público para as pessoas que tinham combinado de se encontrar no Vão do Masp para trocar figurinhas da Copa do Mundo. “Não pode se esperar pontualidade de maconheiro, né?”, brincava um organizador.
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Mas aos poucos o espaço encheu e abrigou gente de todo tipo. Feministas alertavam para o alto índice de mulheres encarceradas por causa das drogas. Estudantes debatiam as vantagens da estatização da erva. Doentes exigiam o direito de fumar para amenizar as dores do tratamento de câncer. Religiosos pediam para não serem perseguidos pelo uso da maconha (não, não foi dessa vez que a hóstia ficou verde. Eles eram integrantes do movimento rastafari). Mães acompanhadas de seus bebês, defendiam que “dar um tapa” pode ser um evento familiar. Tudo embalado pela bateria da banda Fanfarra do M.a.l que, se carecia de sincronia no batuque mostrava criatividade em suas novas versões para as marchinhas de Carnaval que incluem “mamãe eu quero, mamãe eu quero, mamãe eu quero fumar” e “se você pensa que maconha mata, maconha não mata não”.
Às 16h20, a marcha tomou as ruas da Paulista. Um observador mais atento já teria antecipado esse acontecimento. 4:20pm, como dizem os americanos, foi definido como o horário internacional para se fumar maconha e para reverenciar esse fato. Por este lado, não faltou pontualidade. Assim que o relógio cravou o horário, os manifestantes pegaram seus cartazes, a marofa (ou cheirinho da erva queimando) se espalhou pelo ar e a caminhada que desceu a Rua Augusta, depois a Avenida da Consolação até chegar à Praça Roosevelt, começou.
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Apesar dos olhos vermelhos que se espalhavam pela multidão, o trajeto de 2,5 quilômetros foi tranquilo e o direito de livre expressão retificado pelo STF, cumprido. Os 150 policiais que estavam a postos apenas observaram as 3 000 (estimativa da polícia) ou 10 000 (estimativa da organização) pessoas que passavam, cantavam e pulavam pela legalização.
Antes de chegar ao destino final, a marcha foi interrompida para que se fizesse um minuto de silêncio pelas vítimas do tráfico de drogas. Em seguida, uma banda de reggae tocando em cima de uma kombi apareceu e, em uma releitura maconheira de Up – Altas Aventuras, um cigarro de maconha gigante voou para o céu carregado por balões hélio.
* Conheça algumas pessoas que passaram pela Marcha da Maconha
1. Chawer Teodoro, de 19 anos
2. Henrique Carneiro, 54 anos
3. A poeta Ana Carolina Ribeiro, 46 anos
4. Fabio Harano, de 26 anos
5. Profeta Verde
6. Artista plástica Maria Antonia Goulart