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Mais de 300 animais são resgatados durante a construção do trecho sul do Rodoanel

Além do empreiteiro, a obra conta com um gestor ambiental responsável por recolher gambás, cágados, lagartos, pica-paus e o que mais aparecer

Por Camila Antunes
Atualizado em 5 dez 2016, 19h30 - Publicado em 18 set 2009, 20h28

Nos canteiros de obra do trecho sul do Rodoanel, previsto para ficar pronto em março de 2010, há duas autoridades: o empreiteiro e o gestor ambiental. Nenhum trator ou motosserra é acionado sem que a área verde seja mapea-da. De mangas compridas, bota e caneleira, para evitar picadas de cobra e de inseto, o veterinário Plínio Aiub costuma se embrenhar na mata em companhia de suas assistentes Ana Claudia Prandine e Cintia Martins. Ao longo do caminho, eles ouvem o canto de pássaros e registram pegadas de mamíferos. Contam que já encontraram até os rastros de uma onça.

Com o objetivo de afugentar os bichos antes da derrubada das árvores, os veterinários seguem pelas trilhas tocando um apito. “Alguns animais, no entanto, têm dificuldade para escapar porque estão doentes ou são filhotes com pouca mobilidade”, conta Aiub. Nesses casos, é preciso recolhê-los e levá-los para tratamento. Depois, são encaminhados para outras áreas de vegetação abundante. Segundo Aiub, um dos momentos de maior emoção foi quando teve de subir até a copa de uma árvore, usando cordas de rapel, para recolher um ninho de pica-paus. Em dezesseis meses de trabalho, desde o início das obras, 348 bichos foram resgatados pela equipe de veterinários. Entre eles destacam-se espécies raras como o bugio e o sagüi-de-tufo-preto. Chamam atenção também os fofíssimos bichos-preguiça. Nove já foram atendidos pelos veterinários.

O trecho em construção do anel viário, que passa pelas represas Billings e Guarapiranga, terá 61,4 quilômetros de extensão e vai interligar as rodovias Imigrantes, Anchieta e Régis Bittencourt. Com ele, muitos caminhões não precisarão mais atravessar São Paulo para ir de uma estrada a outra. “O rodoanel é ruim, mas é bom”, brinca o veterinário Aiub. “Apesar de criar um desequilíbrio ambiental, alivia o trânsito nas marginais.” Para compensar a devastação de 212 hectares em mananciais (área 30% maior que a do Parque do Ibirapuera), está previsto o plantio de 1 016 hectares de mudas nativas da Mata Atlântica em cinco espaços da cidade. Do total de 4 bilhões de reais investidos na obra, 530 milhões serão aplicados no meio ambiente. É o preço que se paga para preservar uma parcela dos 16% de cobertura vegetal original que ainda resta na cidade.

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