Leo Maia: sucesso apesar da desconfiança
Filho do cantor Tim Maia e primo de Ed Motta estreia show na Vila Madalena
Ser filho do cantor Tim Maia, que morreu em 1998, aos 55 anos, e ser primo de Ed Motta não deve ser moleza. Além da cobrança natural, Marcio Leonardo, o Leo Maia, tem de lidar com contratantes desconfiados, que temem levar algum cano. Mas, ao contrário do pai, que ficou famoso por perder uma ou outra apresentação, Leo tem comparecido direitinho aos shows com seu rock suingado. E protagonizado temporadas de sucesso em casas paulistanas como Blen Blen, Diquinta, Bourbon Street, Bleecker Street e Grazie a Dio!. Dessa última, ele se despede na quarta (31). No próximo dia 8, estréia no amplo Coppola Music, na Vila Madalena, um repertório que inclui músicas do seu ainda inédito segundo álbum.
Volta e meia alguém diz que você herdou o vozeirão do Tim Maia, seu pai adotivo. O jeito de cantar e a voz são mesmo muito parecidos. Concorda?
É que entre nós rola algo espiritual. Fui adotado por ele ainda na barriga da minha mãe. Um gesto dos mais nobres. Éramos muito apegados. Quando eu tinha 13 anos, saíamos do Canecão (casa de espetáculos carioca) e íamos passear na noite de Copacabana. Bebíamos do mesmo copo, dormíamos na mesma cama.
Quando você entrou no mundo da música?
Com 14 anos eu comecei a cantar num grupo chamado Luiz Carlos Sons e Efeitos. Saíamos em turnê pelo interior do estado do Rio de Janeiro no busão do Luiz Carlos, o dono da banda. Depois fui crooner da Orquestra Tabajara.
É verdade que Tim Maia queria que você virasse advogado?
Ele sabia que o meu barato era música. Escolhi fazer faculdade de direito porque meu pai precisava de alguém de confiança para aconselhá-lo nos negócios. Gosto da palavra, sou bom de oratória. Só que Tim morreu quando eu estava no 5º ano e o curso perdeu o sentido. Comecei a chorar na faculdade, fui para um boteco em frente, tomei um porre, toquei violão a noite inteira, tranquei a matrícula e não voltei mais.
Por que escolheu São Paulo para fazer carreira?
Aqui é onde tudo acontece. O Sesc Pompéia me deu a primeira oportunidade de tocar na cidade. A cantora Luciana Mello me ajudou muito quando cheguei, falou de mim para os músicos daqui. E também teve o padeiro e chef Olivier Anquier. Conheci o cara num programa de TV e hoje somos muito amigos. Vou até fazer um curso de gastronomia ministrado por ele.
Você mantém hábitos cariocas em São Paulo?
Ah, claro. Vou ao Guarujá três vezes por semana para pegar onda.
Tomo uma água-de-coco, como um peixinho… E num esquema bate-e-volta. Já fui até para passar só uma hora e meia dentro da água e voltar.
Investe no visual?
Gosto de jeans, camiseta, jaqueta, boina e óculos escuros. Costumo usar as grifes que me patrocinam. A melhor roupa, o melhor sapato, no entanto, uso no palco. O Marcio Leonardo e o Leo Maia são duas pessoas. Acho bacana ter um visual só para o show.
Nunca dá descanso para os óculos escuros?
Quase nunca. O Batman usa máscara e eu uso óculos escuros.
É um estilo meio “jorgebeniano”.
Tem cuidado especial com o cabelo?
Não. Só uso xampu e um cremezinho. O meu é black power, mas fica quietinho embaixo da touca.
Você é muito assediado nos shows?
Diria que 70% do meu público é formado por mulheres. Elas gostam do suingue, de balançar. Mas não misturo as coisas. Já teve uma menina que contratou um detetive para descobrir minha rotina porque queria se encontrar comigo. Fiquei assustado. Sou casado, tenho três filhos (João Pedro, de 11 anos, Marcio Leonardo, de 9, e Jorge, de 2).
As pessoas ficam imaginando que eu sou doidão… Sou nada.
Existe algum verso que você tenha escrito que defina bem sua personalidade?
“Eu sou da plebe rude / E os meus modos e as minhas
atitudes / Correspondem, na verdade, com as dos meus pais.”