Ladrões de gibis raros são presos em Campinas
Quadrilha era especializada em quadros e livros, com atuação até no exterior; 7 000 quadrinhos roubados de colecionador ainda não foram recuperados
O mistério dos quadrinhos foi solucionado. A Polícia Civil de Campinas, no interior de São Paulo, prendeu na quarta-feira (6) parte da quadrilha envolvida no roubo de 7 000 quadrinhos raros do colecionador Antônio José da Silva, o Tom Zé. O crime aconteceu no dia 16 de outubro, no acervo do colecionador na Vila Alexandria, Zona Sul de São Paulo.
A moça que se identificou como Juliana para entrar na casa de Tom Zé um dia antes do roubo é, na verdade, Iwaloo Cristina Santana Sakamoto, conhecida por integrar um bando de pelo menos oito ladrões especializados em obras raras, de livros a objetos de arte. Ela e Laéssio Rodrigues de Oliveira foram pegos em flagrante em Piracicaba, também no interior do Estado, enquanto tentavam roubar peças de arte sacra da casa de um padre. Além deles, outro casal participante da quadrilha foi preso, e outros quatro bandidos estão foragidos. Iwaloo e Laéssio já eram procurados pela Polícia Federal pelo menos desde 2007.
Laéssio era o principal suspeito de Tom Zé, que acompanhava pela imprensa as notícias sobre roubos de obras raras.
As prisões são fruto de uma investigação da polícia de Campinas que já dura três meses e começou com o roubo de quadros e livros raros de um museu de Campinas. Com atuação internacional, a quadrilha está envolvida em diversos outros crimes do gênero no Rio de Janeiro, Bahia, Paraná e até em Buenos Aires. Eles roubavam as obras e receptadores se encarregavam da revenda. Colecionadores de arte, brechós, expositores de feiras e pequenos sebos eram os clientes do bando.
Os gibis de Tom Zé ainda não foram recuperados. A polícia acredita que ainda estejam nas mãos dos receptadores, talvez fora de São Paulo. O colecionador já foi até a delegacia de Campinas e identificou os ladrões. Agora, torce pelo resgate das revistinhas.
“Eles formam uma quadrilha altamente organizada, com funções definidas. Tem o mentor intelectual, o que faz a logística, outro que trabalha com a gestão financeira e a revenda das obras”, explica o delegado Rodrigo Luís Galazzo. Ele diz que a polícia não teve dificuldade em ligar o bando ao crime da Vila Alexandria. “Nós já estávamos monitorando tudo”.