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Já ouviu o pagonejo?

Bandas fazem sucesso com mistura improvável de pagode e sertanejo

Por Nathalia Zaccaro
Atualizado em 1 jun 2017, 18h25 - Publicado em 4 nov 2011, 23h50

Imagine se uma dupla caipira como Chitãozinho e Xororó atravessasse o sambódromo cantando dores de amores sobre uma base formada por cavaquinho, cuíca e pandeiro. Para muitos, seria o próprio armagedon musical. O cruzamento, porém, virou realidade em alguns bares e casas de shows da cidade, atraindo fãs dos dois ritmos e mais um bando de neófitos que não se importam com a mistura insólita, batizada de pagonejo. Por trás da onda estão pessoas como o cantor Levy Lopes, atração principal das noites de sexta do Bar Brahma Aeroclube, em Santana. “Testei tocar canções sertanejas com mais balanço e deu muito certo”, afirma

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Os músicos do Samprazer também embarcaram no movimento. Formada por cinco integrantes, a banda chega a cobrar 10.000 reais de cachê por apresentação. “A fusão agitou nossa carreira”, comemora o vocalista Billy SP. Recentemente, um hit de sua autoria, “Chora”, um pagonejo de raiz, foi regravado por João Neto & Frederico, dupla emergente do sertanejo universitário (o refrão traz os seguintes versos: “Chora, perdeu o meu amor / agora, chora / também, não deu valor”). “Eles usaram minha canção como single do disco”, comemora o compositor, que sonha agora em fazer parcerias com astros consolidados, como Jorge e Mateus.

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A chama do pagonejo é carregada por um circuito de endereços espalhados por diversas regiões da cidade. O Samprazer já tocou em locais como o Citibank Hall, em Moema, e o Santa Aldeia, na Vila Olímpia. Clubes especializados em música sertaneja como o gigante Villa Country, na Zona Oeste, também perceberam o potencial do negócio. “As músicas mescladas são um enorme sucesso”, diz Júnior Tobal, sócio da casa. “Vamos investir agora para abrir o local a novas bandas do gênero.” Algumas rádios apostam que o pagonejo tem fôlego para se transformar no fenômeno do próximo verão. “O público quer sempre novidades, e esse gênero está conquistando muita gente”, diz Ênio Roberto Silvério, diretor artístico da Tupi FM, especializada em música caipira.

Apesar da empolgação dos fãs, os ouvidos da crítica têm recebido a invenção com muito menos entusiasmo, para dizer o mínimo. “O nome correto para esse tipo de som é ‘sertanojo’ ”, diz o maestro Júlio Medaglia, apresentador do programa “Fim de Tarde”, na Cultura FM. “Os discos de todos eles juntos não valem uma pausa da música de Cartola.”

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Quem experimenta dar um giro musical no roteiro de bares da cidade nota rapidamente que essa não é a única mistura que vem ganhando espaço por aqui (veja informações abaixo). Reduto do pop rock, o Na Mata Café, no Itaim, abriu as portas para o grupo Sambô, que entoa em ritmo de pagode clássicos roqueiros como “Satisfaction”, dos Rolling Stones, e “Sunday Bloody Sunday”, do U2. No repertório do Balaio de Gato, que se apresenta em bares na Vila Madalena, estão composições que vão de Lobão a Fábio Júnior, sempre com a batucada puxada para o pagode. Apesar das variações, nada supera o pagonejo em termos de sucesso entre as heterodoxias rítmicas. “Incluímos essa novidade na programação há cerca de dois meses e a aceitação entre os frequentadores tem sido ótima”, diz Álvaro Aoás, sócio do Bar Brahma Aeroclube.

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Artistas consagrados com seu público, como a turma do pandeiro do Exaltasamba e os irmãos Chitãozinho e Xororó, por exemplo, têm unido forças e instrumentos para ampliar a plateia. Outro exemplo claro da moda é o fenômeno sertanejo Michel Teló, que misturou sanfona e percussão e explodiu com o hit “Fugidinha”, a mais tocada no país no ano passado. Para quem acredita que o pagonejo é a novidade mais bizarra da temporada, Teló avisa (ou ameaça?): “Já tenho canções com forró, samba-rock e até eletrônico. Vou dar uma fugidinha do sertanejo clássico”, brinca.  

Michel Teló
Michel Teló ()

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