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Mais papéis velhos

Confira a crônica da semana

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
20 jan 2017, 17h21

Por Ivan Angelo

Leitor se queixa de que o título “Papéis velhos”, que dei à crônica anterior, é de Machado de assis, e que é muita pretensão minha aproximar-me assim de Machado. Diz mais: que os papéis velhos de Machado são arrumados pelo gênio do autor para contar uma história com a elegância de sempre, enquanto os meus são “como verduras e frutas espalhadas pelo chão em fim de feira”. Caro, caríssimo leitor, tenho com o nosso mais venerado escritor uma coisa em comum, e não mais do que uma: os dois vendemos doces na rua quando meninos. Os doces dele não sei quais eram, pois o biógrafo não diz, elaborados pela madrasta dona Maria inês; os meus eram pés de moleque e losangos de doce de leite, de cidra ralada e de coco ralado, feitos por dona Divina, minha mãe. Então, em vez de mais frutas e verduras cansadas, ofereço aos leitores estes docinhos sortidos:

Televisão. Todos sabem que a televisão foi introduzida no Brasil por assis Chateaubriand em 18 de setembro de 1950, com a criação da TV Tupi de São Paulo. a história da primeira transmissão experimental da Tupi, com o famoso frei cantor José Mojica cantando o bolero Besame na inauguração do Masp, em julho, ficou na história, um marco. Meu pai dizia que esse marco é balela. Contou que um homem, em Juiz de Fora, Minas Gerais, havia montado sozinho um equipamento que transmitia imagens, dois anos antes de Chatô, e que ele mesmo, meu pai, estava lá quando o inventor transmitiu um jogo de futebol do Tupi contra o Bangu, do rio de Janeiro, para um receptor instalado na rua Halfeld, a 2 quilômetros de distância, quatro meses antes de a Tupi entrar no ar. Guardei essa história junto com outras de meu pai, e agora a reencontro entre velhos papéis. Fui conferir, e não é que era verdade? O nome do homem é Olavo Bastos Freire, vão ao Google checar.

Mapas. Daqui a algum tempo, mapas urbanos de papel serão superados e até incompreensíveis para a inteligência espacial das pessoas comuns. no futuro, os mapas urbanos serão eletrônicos e orientados do ponto de vista da pessoa que os consulta. Fiz essa anotação há mais de trinta anos. não sabia que estava inventando o GPS.

Piorou. não precisavam mexer no que estava dando certo. Muita coisa melhorou na nossa vida, com a ciência e a tecnologia ajudando os governos, mas… Precisavam bagunçar a escola pública? Tínhamos boas professoras, formação adequada, educação, respeito, cuidados com a saúde, exames de sangue anuais, abreugrafia, exame da tireoide, coração, pressão — hoje roubam a merenda escolar.

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Leis. Os brasileiros são iguais perante a lei, mas desiguais perante a Justiça.

Bairrismo. Tenho antipatia de uma palavra com a qual se enfeitam ou são enfeitados os mineiros: mineiridade. Quem inventou isso? não existe carioquidade, goianidade, paranaensidade, pernambucanidade, amazonidade. Sempre existiram gauchismo, carioquismo, mineirismo e outros ismos, referentes a comportamentos regionais; e sempre se falou de mineirice, carioquice, baianice, com um toque de preconceito. Também se fala baianidade — a mesma bazófia da mineiridade. Embutida na palavra vem ostentação de diferença, contar vantagem de um jeito de ser.

Proposta. Senhores, como alternativa ao Dia internacional da Mulher, 8 de março, proponho que cada um de nós, homens, individualmente, e na data que for mais conveniente ou mais significativa para a parte homenageada ou mesmo para o par, institua o Dia Pessoal da Mulher. não deveria ser o dia do aniversário dela, ou o do casamento, ou o do pedido de namoro, primeiro beijo etc., para que não haja contaminação de significados. Um dia qualquer, limpidamente dela. nada de cozinha, arrumação, supermercado, crianças; só: massagem, cabeleireiro, manicura, depilação, pedicura, relaxamento, gentilezas, restaurante… Vamos nessa?

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