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Inauguração do Shopping Cidade Jardim impressiona

Shopping Cidade Jardim recebe 75 000 pessoas em seu primeiro fim de semana e faz a festa dos lojistas

Por Alvaro Leme
Atualizado em 5 dez 2016, 19h28 - Publicado em 18 set 2009, 20h30

Parece que um diretor vai gritar “corta!” a qualquer momento, revelando que aquela distinta senhora à sua frente não é a bilionária Chella Safra, mas uma atriz bem parecida. O chão limpo, as lindas crianças que brincam com suas babás, as pessoas sorridentes carregadas de sacolas… Quase tudo lembra uma cena de novela, de tão perfeitinho, no novo endereço paulistano do luxo, o Shopping Cidade Jardim. De portas abertas desde o último fim de semana, recebeu 75 000 pessoas das 14 horas de sexta, 30, às 22 horas de domingo, 1º. “Foi o dobro do que esperávamos para a inauguração”, afirma, todo feliz, o empresário José Auriemo Neto, idealizador do projeto. Erguido pela construtora JHSF, da qual ele é presidente executivo, o shopping custou 250 milhões de reais – de um investimento total de 1,5 bilhão de reais, que deverá ganhar, até 2010, nove torres residenciais e três comerciais. “Os lojistas contaram que o retorno foi impressionante”, diz Zeco, apelido pelo qual Auriemo Neto é mais conhecido.

E o que os freqüentadores acharam da nova praia de São Paulo? Bem, as opiniões variam conforme a conta bancária e a quantidade de seguranças do cliente. Somente os chamados heavy buyers foram convidados para flanar pelos corredores na sexta, um dia antes da inauguração oficial. Heavy o quê? O afetado termo em inglês designa o cliente com bala na agulha para deixar alguns milhares de reais nas lojas a cada visita. “Para quem mora do lado de cá do Rio Pinheiros é uma verdadeira maravilha”, elogia a socialite Marina de Sabrit, moradora do Morumbi. Por sinal, ela ilustra magistralmente o sentido de ser daquela tarde de estréia do Cidade Jardim. A lista foi montada da seguinte maneira: cada uma das 120 lojas enviou uma relação com cinqüenta nomes arrasa-quarteirão à administração do shopping, que eliminou repetições e enviou os convites. “Parece que a gente está na Europa”, imaginou a fotógrafa Tatiana Ades, moradora de Higienópolis. Ela e a sócia Andrea Setton contam que, de tanto ouvir comentários sobre o shopping, andavam curiosíssimas para visitá-lo. “Faltava um lugar assim.”

Tudo foi organizado para impressionar a freguesia, se é que tal palavra cabe no caso dos cobiçados consumidores AAA. As 1 500 vagas da garagem são mais largas do que de costume – parar um Porsche Cayenne num espaço apertado, francamente, não dá. Se bem que, para não se estressar, mais vale pagar os 20 reais do serviço de manobrista, não? Outro exemplo, antes de entrar no quesito lojas: na academia Reebok, esparramada em 6?400 metros quadrados de um piso, quase todos os aparelhos têm plugues para iPod e iPhone. Sem contar uma área onde, no verão, será possível tomar um banho de sol no fim de tarde. De volta à sexta fria (fazia 12 graus na ocasião), os convidados eram recebidos e auxiliados por mocinhas foférrimas. Elas entregavam sacolas com um mapa do lugar e uma revista com Sarah Jessica Parker na capa, vestida com uma camiseta na qual se lia “Fashion is not a Luxury” (algo como moda não é supérfluo). A estrela de Sex and the City, contratada por estimados 600.000 dólares para ser garota-propaganda do shopping, aparecia também num telão do térreo. Ali, músicos tocavam um jazz gostosinho enquanto o pessoal se esquentava com um cafezinho Nespresso. “Temos produtos com fila de espera”, conta Tania Wagner, dona da única filial da marca francesa Longchamp no Brasil, referindo-se à bolsa Legende, de 1.200 reais, que sumiu das prateleiras. “O PIB inteirinho passou por aqui”, emenda ela. Acredite, não se trata de entusiasmo de comerciante. Tania e sua sócia, Kika Rivetti, receberam os casais de amigos Liana e José Ermírio de Moraes Neto, Eleonora e Ivo Rosset, além de Ana e David Feffer. Para quem não associou o nome à fortuna, basta dizer que as duplinhas citadas acima são sinônimos, respectivamente, de Votorantim, Valisère e Grupo Suzano.

Quando entrar em pleno funcionamento, o Cidade Jardim terá 180 lojas. Entre os abonados que estiveram lá na sexta, quase sempre rolava um suspiro tristinho diante do espaço da Hermès, que só será inaugurada em 2009. Enquanto isso, tapumes com a cor alaranjada característica da grife francesa ocupam o lugar das futuras vitrines. O mesmo cenário se repete – oh! céus, oh! vida, oh! azar – com Giorgio Armani, Montblanc e Chanel. O jeito foi mandar lenha nas lojas abertas, onde os clientes eram recebidos com brigadeiros de copinho, bem-casados, champanhe e caipirinha. “Houve uma marca que vendeu, aqui, 60% mais do que em sua filial do Iguatemi”, afirma Zeco Auriemo, alfinetando seu concorrente. Outra presença ilustre foi o diretor de moda e estilo da revista Vanity Fair, o inglês Michael Roberts. “Very fresh”, comentou, enquanto batia pernas com Eliana Tranchesi, proprietária da Daslu. Roberts se referia ao cheiro de coisa nova no ar, típico de obra recém-concluída, mas sua frase cabe também para um problema que a JHSF precisará contornar: o frrrrrrio. Como tem uma abertura numa das laterais e no teto – a exemplo do centro de compras que o inspirou, o Bal Harbour, de Miami, o Cidade Jardim foi bolado para parecer uma rua, e não um shopping – abrigaria grupos de pingüins numa boa. “O projeto original previa toldos, que não ficaram prontos a tempo”, explica Zeco. “Instalaremos em breve.”

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O sabadão do grande público foi menos chique, mas ainda impressionante. Tudo bem que Chella Safra não estava lá com a filha, Olguinha, comprando um brinco de ouro numa joalheria. Mas o ex-rei da soja Olacyr de Moraes passeou de braços dados com duas beldades, e a modelo pavio-curto Naomi Campbell foi conhecer a Dasluzinha – o apelido da filial da nave-mãe do luxo súper já pegou, minha gente! Não deu para cruzar com as belas entregadoras de sacolas, se é que lá estavam, porque o carro teve de ficar na rampa de entrada: o estacionamento lotou e, ao longo do dia, mais de 10 000 veículos se revezaram por lá (a taxa de 5 reais ainda não estava em vigor). Por volta das 16 horas, uma fila de quase quarenta carros se estendia pela Marginal Pinheiros. Ali dentro, porém, nada de aglomeração. Cá entre nós, devia haver vendedoras à beira do cochilo em algumas lojas. Não foi o caso, no entanto, da Baked Potato, que mandou buscar batatas de outras filiais para dar conta dos pedidos. Na Lanchonete da Cidade e no Nonno Ruggero, restaurante do Grupo Fasano, a espera por uma mesa chegava a uma hora. Entre as lojas, Daslu e Zara disputaram o posto de espaços mais cheios. “As pessoas tinham um desejo reprimido de conhecer a butique”, acredita Eliana Tranchesi, que só faltou soltar rojões diante dos números. “Em dois dias, vendemos 26% da meta de junho.” O relato da estudante de pedagogia Drielle D’Amore, 21 anos, confirma a visão de Eliana. “Nunca tive coragem de entrar na loja da Vila Nova Conceição ou na da Vila Olímpia”, admite a moça, que veio da Vila Zelina, na Zona Leste, com o noivo, o empresário Diego Castilho. “É muito menos caro do que eu imaginava.”

A impressão que Drielle teve da Daslu não cabe para os extremos de outras vitrines. Na Louis Vuitton, por exemplo, há uma bolsa de couro de crocodilo que custa 58.000 reais. Um shopping com cifras desse porte não pode dar chance a ladrões. Um exemplo? Na tarde de sábado, houve uma breve queda de luz, de menos de um minuto. Foi o suficiente para funcionários da Rolex trancarem as portas. A presença de seguranças é quase sufocante. Além dos contratados do Cidade Jardim, há os da clientela vip. Na joalheria Ana Rocha & Appolinario, até mesmo a equipe de Veja São Paulo foi encarada com suspeita ao se aproximar das proprietárias para solicitar uma entrevista. Pena, nesse caso, que não havia mesmo um diretor para gritar “corta!”.

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