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Hospitais de São Paulo melhoram estrutura

Com investimentos que superam 2 bilhões de reais, vinte centros médicos particulares melhoram a estrutura e buscam especializar seus serviços

Por Camila Antunes | Colaborou Giovana Romani
Atualizado em 6 dez 2016, 09h10 - Publicado em 18 set 2009, 20h26

Os hospitais paulistanos andam cheios. Filas nos prontos-socorros e espera de até um mês para realizar exames já não são problemas restritos aos usuários do sistema público. Hoje, a taxa de ocupação da maior parte das instituições particulares é igual ou superior a 85% – como o movimento costuma cair aos sábados e domingos, isso significa que durante a semana os hospitais estão quase sempre lotados. O envelhecimento da população, combinado ao crescimento econômico brasileiro, explica essa demanda. De 2003 para cá, a parcela de habitantes com 60 anos ou mais cresceu 17% na cidade. No mesmo período, cerca de 1 milhão de paulistanos aderiram a um plano de saúde e passaram a usá-lo com frequência – segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), 6,4 milhões de moradores da capital são conveniados. Os centros médicos responderam com uma expansão que fazia muito tempo não se via. Vinte grandes grupos privados anunciaram investimentos somados de 2,2 bilhões de reais em novas instalações e equipamentos de ponta, parte deles vinda de uma linha de crédito do BNDES. Até 2012, a expectativa é que surjam 1 800 novos leitos. Para se ter uma ideia do tamanho da revolução, o Instituto Central do Hospital das Clínicas conta com 980 leitos.

HCOR

Rua Desembargador Eliseu Guilherme, 147, Paraíso

Investimento: 95 milhões de reais

Leitos hoje: 214

Leitos após a expansão: 357

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Novidades: Duas torres estão em construção. Em uma delas vai funcionar o hospital-dia. Na outra, salas para cirurgias de alta complexidade e UTIs (como a da foto, especializada em crianças), além de um centro de convenções

Previsão de inauguração: Em agosto, deve ser aberto o hospital-dia, com entrada pela Rua Bernardino de Campos. Em dezembro de 2011, o outro prédio, no terreno em frente

“Com essas mudanças, vimos que era necessário crescer e redefinir nosso atendimento”, afirma o oftalmologista Claudio Luiz Lottenberg, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, no Morumbi. Há duas semanas, ele cortou a faixa inaugural de um edifício com dezesseis andares, cinco deles para consultórios. Até 2012, mais dois prédios devem ficar prontos – um reservado para centros de cirurgias complexas e outro para a administração. Haverá ainda um grande auditório. No total, os investimentos atingirão 500 milhões de reais. A cifra é comparável à empenhada pelo Sírio-Libanês na construção de uma torre de dezoito andares, onde hoje fica a garagem, com sessenta leitos de UTI e vinte salas de operação. Serão gastos 450 milhões de reais em obras e equipamentos. Um sistema de monitoramento dos leitos intensivos, já em operação no edifício central, garante privacidade e segurança. Numa salinha, a enfermeira consegue visualizar os doentes e seus sinais vitais através de dez telas. Com isso, os pacientes da UTI podem ficar em quartos fechados.

ALBERT EINSTEIN

Avenida Albert Einstein, 627, Morumbi

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Investimento: 500 milhões de reais

Leitos hoje: 598

Leitos após a expansão: 700

Novidades: Um prédio para tratamento de doenças complexas – como câncer e insuficiência renal – e outro administrativo, ambos na unidade central, no Morumbi, onde foi aberto há quinze dias um hospital-dia com dezesseis andares (na foto)

Previsão de inauguração: Julho de 2012

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Muitas das mordomias instituídas pelo Sírio e pelo Einstein viraram tendência de mercado. Hoje em dia, um hospital que pretende atingir o nível mais alto dos convênios de saúde (e, assim, aumentar seus preços) precisa ter saguão com cara de hotel, cafeteria e lojinhas. Nos apartamentos, aparelho de TV com tela de LCD, frigobar e rede para acesso à internet sem fio. A mesma preocupação ocorre com a área de nutrição. Não raro, os pacientes requisitam cardápios especiais, como vegetarianos ou kosher. E nada de comida insossa. “Faltavam esses requintes no Santa Isabel”, diz Antônio Carlos Forte, superintendente da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Ele se refere ao anexo pertencente ao hospital universitário, onde professores atendem pacientes particulares. Até o fim do ano, será aberta uma nova unidade do Santa Isabel num prédio ligado à Santa Casa por um túnel. Inicialmente construído para ser um hotel da rede Mofarrej, ele terá acabamento de cinco-estrelas. “Fazemos 95% dos nossos atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, diz Forte. “Queremos reduzir essa proporção para 80%.”

OSWALDO CRUZ

Rua João Julião, 331, Paraíso

Investimento: 250 milhões de reais

Leitos hoje: 307

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Leitos após a expansão: 330

Novidades: Sete centros especializados em doenças como câncer de mama e diabetes (no mesmo padrão do Instituto da Próstata, na foto), além de um prédio de vinte andares onde vai funcionar um complexo cirúrgico

Previsão de inauguração: Até o fim do ano, todos os centros devem estar funcionando. O novo edifício é para setembro de 2011

A Beneficência Portuguesa também pretende se tornar mais atrativa às classes média e alta. Como ela é gigante (são 1 920 leitos espalhados por cinco blocos), as reformas na parte de hotelaria ocorrem de forma lenta. Em 2007, foi inaugurado o Hospital São José, uma versão de luxo da Beneficência, com 111 leitos. Possui, por exemplo, uma sala de repouso para cirurgiões. No intervalo entre as operações, os médicos têm à disposição um lanche ou refeição leve. Podem se esticar nos sofás, ler jornal, ver TV ou checar e-mails. Nos blocos mais antigos, o padrão ainda é bem inferior: só agora as camas mecânicas começaram a ser substituídas por outras que se inclinam quando acionadas por botões. A mobília da década de 50 aos poucos vem sendo aposentada. Apesar do jeitão de ultrapassada, a Beneficência reúne equipamentos modernos. Acabam de chegar um tomógrafo superveloz e um robô para tratar, com radioterapia, tumores no cérebro, pulmão e coluna vertebral. “Até 2015, reservamos 110 milhões de reais para uma modernização geral do complexo”, diz Rubens de Moraes, presidente do hospital. “Não faremos mais rápido porque comprometeríamos as oitenta cirurgias realizadas por dia.”

SAMARITANO

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Investimento: 123 milhões de reais

Leitos hoje: 196

Leitos após a expansão: 300

Novidades: Vai ganhar um edifício de quinze andares (na foto, as obras, que já chegaram à última laje), onde haverá um instituto de pesquisa, laboratório e salas cirúrgicas com mesas que fazem movimentos de rotação e translação

Previsão de inauguração: Novembro de 2010

Um benefício direto do aquecimento do mercado é a busca por certificados de qualidade. Afinal, de nada adianta ter uma decoração bonita e um serviço ineficiente. Os sites e materiais publicitários dos hospitais costumam exibir selos com pelo menos uma das seguintes siglas: ONA ou JCI. A primeira é a certificação brasileira, emitida pela Organização Nacional de Acreditação. Trata-se de uma ONG que estabelece padrões aceitáveis para infecção, mortalidade após cirurgias e erros da enfermagem. “Estamos perto do dia em que o paciente poderá checar tais índices na internet, com o máximo de transparência”, afirma Valdesir Galvan, gestor das três unidades do São Camilo em São Paulo, nos bairros Pompeia, Santana e Ipiranga. O certificado americano, emitido pela Joint Commission International, aprovou cinco hospitais paulistanos: Einstein, Sírio, HCor, Samaritano e a unidade Brooklin da clínica Amil Total Care. “Esse selo atesta que somos comparáveis a referências como Harvard Medical School e Mayo Clinic”, explica Otavio Berwanger, diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa do HCor, no Paraíso. “Não por acaso, são as que mais se destacam em estudos científicos.”

BENEFICÊNCIA PORTUGUESA

Rua Maestro Cardim, 769, Bela Vista

Investimento: 110 milhões de reais

Leitos hoje: 1920

Leitos após a expansão: 1920

Novidades: A reforma pretende elevar o padrão de conforto do hospital, com nova mobília nos quartos. O centro cirúrgico será modernizado e o pronto-socorro terá o dobro do tamanho atual. Parte do investimento será para a compra de equipamentos, como o tomógrafo da foto acima

Previsão de inauguração: Junho de 2015

Para ganhar reputação internacional, alguns hospitais apostaram em parcerias com instituições de fora. É o caso do Einstein, afiliado ao MD Anderson Cancer Center, do Texas. Pelo acordo, há intercâmbio de médicos e constante troca de opiniões sobre casos especiais. O Hospital e Maternidade Santa Joana é filiado ao instituto Vermont Oxford Network, que reúne 400 das melhores unidades neonatais do mundo. O Oswaldo Cruz, por sua vez, atraiu em 2007 o Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, da Suíça, que mantém um laboratório em suas dependências. Outro caminho para se diferenciar é apostar em alguma área estratégica. Cria-se então uma estrutura para acompanhar o paciente desde o diagnóstico até a reabilitação, passando por uma estrutura de consultórios com profissionais de especialidades afins. “O mercado exige competências cada vez mais especializadas”, afirma Luiz De Luca, superintendente-geral do Hospital Nove de Julho, que pretende se tornar uma referência em oncologia, gastroenterologia e medicina esportiva.

SÍRIO-LIBANÊS

Rua Dona Adma Jafet, 91, Bela Vista

Investimento: 450 milhões de reais

Leitos hoje: 320

Leitos após a expansão: 631

Novidades: Uma torre de dezoito andares com vinte salas de cirurgia e sessenta leitos de UTI equipados com câmeras que permitem aos enfermeiros observar a imagem dos doentes, bem como seus sinais de vida (iguais às já existentes no edifício central, na foto)

Previsão de inauguração: Outubro de 2012

São Paulo é referência em medicina. Estão aqui não só os melhores hospitais como os grandes profissionais da área de saúde. Só o sistema público realiza 87 000 consultas por dia, de pessoas vindas de todos os cantos do país. O particular, outras 58 000. Um paradoxo, no entanto, envolve a área. Investimentos em práticas seguras e tecnologias avançadas prolongam a vida e fazem com que as pessoas voltem a usar mais vezes os serviços médicos. Consultas e check-ups tornam-se corriqueiros. Passagens pelo pronto-socorro também. “Estamos sempre correndo atrás do próprio rabo”, define, com propriedade, Antônio Carlos Forte, superintendente da Santa Casa, onde 8 000 pessoas são atendidas diariamente.

Melhorias anunciadas por outros grupos de saúde

MEDIAL SAÚDE – Constrói seu nono hospital na região metropolitana. Ele ficará na Avenida Brigadeiro Luís Antônio e deve abrir em julho de 2010. Investimento: 110 milhões de reais.

AMILPAR – Promete para março de 2010 a inauguração de seu quinto hospital na cidade. O Vitória trará 233 leitos, maternidade e um centro de diagnósticos ao Jardim Anália Franco, na Zona Leste. Investimento: 100 milhões de reais.

SABARÁ – Em março de 2010, o hospital especializado no atendimento às crianças se mudará do bairro da Consolação para Higienópolis. No novo endereço, da Avenida Angélica, as instalações triplicarão de tamanho. Investimento: 85 milhões de reais.

SANTA ISABEL – O anexo onde os médicos da Santa Casa atendem pacientes particulares, em Santa Cecília, foi modernizado e terá, até o fim do ano, uma segunda unidade, em um prédio inicialmente planejado para ser hotel de luxo. Investimento: 70 milhões de reais.

NOSSA SENHORA DE LOURDES – Até dezembro devem ser inaugurados 43 apartamentos, além de um setor de oncologia e um centro cirúrgico. Há um projeto de reforma do edifício antigo, no Jabaquara, cujas instalações estão defasadas. Investimento: 70 milhões de reais.

BANDEIRANTES – Está em obras para a construção de um bloco de onze andares, no mesmo endereço, na Liberdade. Investimento: 50 milhões de reais

SANTA JOANA – A maternidade do Paraíso onde nascem mais de 12 000 paulistanos por ano terá, até 2011, um novo bloco de oito andares. Investimento: 50 milhões de reais.

LEFORTE – Espera o habite-se para ser inaugurado, no Morumbi. Terá 105 leitos e pronto-socorro adulto e infantil. Investimento: 42 milhões de reais.

NOVE DE JULHO – A compra de um antigo flat na Rua Peixoto Gomide, em Cerqueira César, permitiu um rearranjo geral. A partir de novembro, os consultórios ficarão no novo espaço, junto com o centro de reabilitação. Investimento: 40 milhões de reais.

SÃO CAMILO – Uma ala com oitenta leitos, em fase de acabamento, será agregada à unidade da Pompeia. No hospital de Santana, a área administrativa vai dar lugar a trinta novos quartos. Investimento: 40 milhões de reais.

CEMA – Especializado em otorrinolaringologia e oftalmologia, planeja instalar seis unidades de bairro até 2012. A próxima será aberta em Interlagos, no início do ano que vem. Investimento: 12 milhões de reais.

EDMUNDO VASCONCELOS – Ainda conhecido por muitos pelo antigo nome, Gastroclínicas, na Vila Clementino, atende a 44 especialidades. Neste ano, vai inaugurar um auditório e uma área de diagnósticos por imagem. Investimento: 12 milhões de reais.

SANTA CATARINA – Ampliou seu centro oncológico. A unidade de radioterapia, na Avenida Paulista, está prevista para o início do ano que vem. Investimento: 5,2 milhões de reais.

SANTA PAULA – Inaugurou há duas semanas uma UTI para pacientes da neurologia na Vila Olímpia. Em agosto começará a mexer na Emergência, cuja área será dobrada. Investimento: 4 milhões de reais.

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