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Gravidez na adolescência

As histórias dos adolescentes paulistanos que se tornam pais muito cedo e, de uma hora para outra, trocam videogames e baladas pela responsabilidade de cuidar de uma criança

Por Sara Duarte e Filipe Vilicic
Atualizado em 6 dez 2016, 09h05 - Publicado em 18 set 2009, 20h29

Guido do Nascimento não deseja a ninguém um Dia dos Pais como o que passou em 2006. Na sexta-feira anterior, uma bomba havia caído em seu colo: um teste de farmácia revelara que Ana Paula, sua namorada, estava grávida. O casal tinha aproveitado o recesso escolar de julho num sítio, passeio em que sobraram hormônios e faltou prevenção. As esperanças de um improvável alarme falso acabaram com um exame médico no dia seguinte. Ele tinha 17 anos. Ela, 16. E a vida dos dois nunca mais foi a mesma. Pensaram em aborto, mas a formação católica os fez desistir da idéia. Depois de muito sofrimento, contaram aos pais, que de imediato vetaram a possibilidade de largarem os estudos. Assim, Guido conseguiu passar no vestibular de ciências contábeis da USP e num concurso da SPTrans, onde trabalha seis horas diárias no setor de emissão do Bilhete Único para deficientes. Ganha 800 reais por mês. “Nossas famílias ajudam com outros 300 reais.”

Histórias como a de Guido pipocam aos montes por São Paulo, lar de 1,6 milhão de adolescentes. Só em 2007, nada menos que 23 756 bebês de mães precoces vieram à luz nos hospitais paulistanos. Representa quase 10% menos que há quatro anos, mas ainda é um número alto. Não há registros oficiais sobre a idade dos pais dessas crianças. Estima-se, no entanto, que 40% dos companheiros de mulheres de até 19 anos estejam na mesma faixa etária. “É preciso orientar esses meninos dia após dia”, afirma a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade, o ProSex, do Hospital das Clínicas.

A principal causa da gravidez precoce é o descuido, como indicam as estatísticas do ProSex. Um estudo que ouviu 2 020 paulistanos com idade entre 13 e 21 anos mostrou que 98% deles conheciam os métodos anticoncepcionais. Destes, 55% admitiram recorrer a algum deles somente de vez em quando. “Muitos acreditam que exigir preservativo é um sinal de falta de confiança no parceiro”, explica o psicólogo e sociólogo Antonio Carlos Egypto. A única arma dos pais – os adultos – contra tanta imprudência é muito, mas muito diálogo (veja o quadro na pág. 38). E nem sempre funciona, como descobriu o professor Pedro Paulo Puodzius, 48 anos. Ele não desperdiçava uma chance de martelar na cabeça do filho, Vitor, a importância do sexo seguro. Desesperou-se ao encontrar em casa um sabonete de motel. O rapaz, então com 17 anos, fazia ouvidos de mercador, respondia que sabia se cuidar. Engravidou a namorada, Débora, três anos mais velha. “Devia ter escutado”, reconhece Vitor. Sete meses depois do nascimento do bebê, romperam e até hoje não se entendem muito bem.

Há raras pesquisas sobre o comportamento do pai adolescente, mas os estudiosos da questão estimam que apenas um em cada três assuma a responsabilidade pela paternidade e um número ainda menor se case com a mãe da criança. Em 2006, dos 111 365 homens paulistanos que disseram o “sim”, somente 2 941 (2,6%) tinham entre 15 e 19 anos, segundo dados da Fundação Seade. O mais comum é simplesmente morarem juntos. Após juntarem as escovas de dentes, 62% sobrevivem com suporte financeiro dos parentes – em geral, os da “noiva”. Tem mais. Apenas uma em cada cinco dessas uniões passa dos cinco anos de duração. “Cerca de 40% se separam durante a gestação”, calcula a ginecologista Albertina Duarte Takiuti, coordenadora do Programa de Saúde do Adolescente, da Secretaria de Estado da Saúde.

O principal motivo de brigas são as queixas das jovens mães sobre o comportamento dos namorados, situação vivida na casa de Rafael Reis, 19 anos, morador do Tatuapé. Enquanto Vanessa, sua mulher, se dedicava aos cuidados cotidianos com o bebê, as preocupações dele incluíam videogames e rodas novas para o carro. Só depois de muita reclamação da moça, atualmente com 20 anos, ele passou a ajudar a cuidar de Pietro, seu filho de 4 meses. Casos assim devem-se a questões culturais, segundo a psicóloga Anecy de Fátima Faustino, cuja tese de doutorado na Unicamp centrava-se nos pais precoces. “Em qualquer classe social, os homens sofrem pressão desde pequenos para cair em cima das mulheres de modo incontrolável”, diz. “Alguns encaram o bebê como um troféu ganho numa transa, por isso despejam a responsabilidade nas companheiras.”

Do ponto de vista biológico, tanto faz um homem ser pai aos 16 anos ou aos 26. O principal ameaçado por uma gestação inesperada assim é o bebê. A imaturidade própria da idade é um dos principais fatores de risco. Por medo de serem punidos, os jovens tendem a ocultar a barriga e negligenciar o acompanhamento pré-natal. “Isso aumenta a probabilidade de má-formação do feto e de alterações na placenta”, afirma o ginecologista Alexandre Pupo, do Hospital Sírio-Libanês. Perigo que correram o estudante de publicidade Luiz Bruno Cardenuto, 19, e a namorada, Adriana Amadei, moradores de Higienópolis. Os pais de ambos souberam que um neto estava para chegar apenas no quarto mês de gestação – mesmo assim, porque desconfiaram da mudança de comportamento dos dois. Um levantamento da Secretaria de Estado da Saúde mostrou que a supervisão médica aumenta para 74% a chance de parto normal e de peso ideal para o nenê. O geneticista Roberto Muller afirma que o bebê de uma menina de 16 anos tem mais que o dobro de risco de nascer com síndrome de Down que o de uma mulher de 25. “O mecanismo de formação de óvulos ainda não é eficiente na idade delas.”

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Segundo a hebiatra (médico especializado em adolescentes) Talita Poli Biason, do Hospital Santa Catarina, a maior conseqüência para os rapazes é socioeconômica. O mais comum é largarem a escola, seja por pressão familiar, seja por não agüentarem dividir-se entre as fraldas e os livros. “Tornam-se profissionais menos qualificados e, no futuro, terão salários menores que os de colegas da mesma idade.” Outro efeito é apontado pelo jornalista Gilberto Amendola, autor do livro Meninos Grávidos: o Drama de Ser Pai Adolescente. “Ele acaba se sentindo marginalizado”, diz. “Sua família e amigos o chamam de trouxa por não ter se prevenido, enquanto os sogros o acusam de ser um vilão que estragou a vida de sua filha.”

Dados da prefeitura de São Paulo mostram que 38% dos partos de menores de 20 anos ocorrem na Zona Leste. Apesar de não se tratar de um problema restrito aos pobres, é mais freqüente nas classes C, D e E. Dos 8 751 partos realizados em 2007 no São Luiz, um dos preferidos da elite paulistana, somente 163 (2%) eram de mães na faixa etária entre 15 e 19 anos. No Hospital Maternidade Interlagos, da rede estadual, esse número foi de 746 (15%) entre 4.991 bebês. Essa diferença se reflete também na maneira como as escolas particulares e públicas lidam com o assunto. Educação sexual costuma integrar o currículo de escolas classe A, como o Bandeirantes. Ali, o assunto é tratado em aulas semanais e oficinas a partir da 5ª série. “Desde 1997 não registramos um caso de aluna grávida”, diz Maria Estela Zanini, bióloga e coordenadora do programa de orientação sexual do colégio. “Mas com certeza há muitos casos de gravidez dos quais não ficamos sabendo, porque alguns pais optam por esconder, abortar ou tirar a menina da escola.”

Na rede municipal, o sexo entra em pauta somente durante as aulas de ciências, como nas lições sobre o corpo humano. A boa notícia é que 3 600 escolas estaduais devem aplicar a partir deste mês um programa de prevenção à maternidade precoce desenvolvido pelo Instituto Kaplan. A ONG vai capacitar educadores para falar com 600 000 alunos do 1º ano do ensino médio sobre as implicações do sexo sem proteção. O mesmo projeto foi aplicado no Vale do Ribeira com resultados louváveis: reduziu em 91% a ocorrência de gravidez entre as estudantes. De 360, em 2004, o número caiu para trinta, dois anos depois.

Discutir prevenção na escola faz todo o sentido. Segundo o ProSex, do Hospital das Clínicas, grande parte dos estudantes perde a virgindade com colegas de classe, vizinhos e amigos. Elas a partir dos 15 anos, eles a partir dos 13. Hoje com 22, o estudante de moda Clécio dos Santos, morador do Jaraguá, integra essa estatística. Tinha 14 anos quando sua então namorada, Aline, contou que a menstruação estava atrasada. “Nem entendia o que isso queria dizer”, lembra, abraçado ao filho, Kevin, 7 anos. Levou um bom tempo para que se aproximasse do menino, criado por seus pais – a primeira palavra do garoto foi “mamãe”, dita para a avó. “Eu o via como um irmãozinho. Demorei a tomar consciência da paternidade, papel que ainda estou conquistando”, diz Clécio. “Um dia serei 100% pai.”

“Achei que tinha jogado meus planos na lixeira”

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“Comecei a trabalhar aos 15 anos, mas pedi demissão quando comecei a namorar. Só queria ficar com a Ingryd. Aquela paixão incrível. Em maio de 2007, ela me falou que poderia estar grávida. Fui com minha mãe a uma farmácia e compramos um teste. Quando deu positivo, li que a chance de acerto era de 99%. Naquela noite, só pensei no outro 1%. Mentalizei: ‘1%, 1%, 1%!’. Um ultra-som confirmou a gravidez. Ao saber, gelei. Ficou tudo preto à minha volta. Achei que tinha jogado meus planos na lixeira. Ingryd disse que queria tirar. Fomos a uma clínica, mas o médico não fez o aborto porque a gestação tinha mais de três meses. Ela agendou em outro lugar. Na véspera, vimos o DVD do parto de uma amiga e ficamos emocionados. Falei que era melhor encarar e ter a criança. Foi a melhor coisa que fizemos. Há dois meses, voltei ao batente. Ganho 600 reais por mês como auxiliar de escritório. Uso o dinheiro em passeios com a Giovana, mas quem arca com os custos dela é o pai da Ingryd. Nos fins de semana, fico com elas à tarde e, às vezes, vou para a balada com amigos.”

Rodrigo Queral Aliern, 19 anos, pai de Giovana, 8 meses. Namora Ingryd Ribeiro Vale, 17

“Amo minha filha, mas devia ter esperado mais”

“Meu pai achou um sabonete de motel no meu quarto e chamou a gente para conversar. Ele é professor e sempre me contou histórias de alunos que tiveram o futuro arruinado pela paternidade precoce. Ofereceu camisinhas, mas respondemos que sabíamos nos cuidar. Eu estava terminando o ensino médio e jogava basquete no Esporte Clube Pinheiros quando conheci a Débora. Tinha 17 anos. Ela, aos 20, estudava medicina veterinária. Alguns meses depois, veio a gravidez. Decidimos levá-la adiante e morar juntos. A mãe dela nos deu um apartamento, assumiu o plano de saúde e todas as despesas, hoje em torno de 5 000 reais por mês. Brigamos bastante durante a gestação. Quando a nenê nasceu, a situação piorou. Eu não conseguia cuidar dela e seguir minha rotina de treinos. Nenhum dos dois estava pronto para a vida de casado. Voltei para a casa do meu pai quando a Gabriella tinha 7 meses. Hoje pago pensão, mas meu contato com a Débora é complicado. Não ganho o suficiente para sustentar minha filha. Isso pesa. Ficaram mágoas de ambos os lados, porque ela parou a faculdade e minha carreira foi prejudicada. Amo minha filha, mas devia ter seguido os conselhos do meu pai e esperado mais.”

Vitor Puodzius, 19 anos, pai de Gabriella, 2 anos. Separado de Débora Carvalho de Lima, 22

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“Ela nunca tinha tomado pílula”

“Eu e a Vanessa estávamos prestes a terminar o namoro quando soubemos da gravidez. Ela nunca tinha tomado pílula. Pensávamos que era o tipo de coisa que só acontecia com os outros. Com medo do que os vizinhos falariam, a família pediu a ela para sair de casa. Fomos morar com a minha mãe, mas as duas brigavam toda vez que a Vanessa se queixava de mim. Sou o caçula, sempre fui mimado. O jeito foi pedir abrigo ao meu pai, que se propôs a ajudar no que fosse preciso. Em troca, eu teria de trabalhar mais – na época, já atuava na empresa de eventos dele, mas só quando queria. Durante a gravidez, foi sossegado. Continuava minha rotina normal: jogava meu videogame, comprava rodas novas para o carro… Depois que o Pietro nasceu, foi preciso muita reclamação da Vanessa para eu perceber que era um pai ausente. Hoje ajudo de segunda a sexta, pois trabalho nos fins de semana. Decidimos que ela vai fazer faculdade de gastronomia. Quando terminar, será a minha vez de voltar a estudar. Este será o meu primeiro Dia dos Pais. Estou ansioso pelos presentes que vou ganhar.”

Rafael Reis, 19 anos, pai de Pietro, 4 meses. Casado com Vanessa Guzella, 20

“Vivia em baladas. Amadureci muito”

“Bianca perdeu a virgindade comigo. Aliás, a mãe achava que ela era virgem até saber que vinha um bebê por aí. Fazia um ano e meio que a gente namorava. Ela telefonou dizendo que sentia algo se virando na barriga, mas pensei que era conversa fiada para ficarmos de bem, pois na véspera tínhamos brigado. Apostávamos que era algum problema no útero ou, quem sabe, efeito de uma gastrite. Era gravidez mesmo, não tinha jeito. Minha mãe pediu uma reunião com a família dela, que até então não me conhecia. Só nos falávamos por telefone. Hoje moramos com meus sogros. Engraçado que, antes de o Luca nascer, nunca tinha marcado nem dentista para mim. Atualmente, agendar médico é tarefa minha. Ainda não tenho como sustentar a Bianca e ele. Trabalho como barman num restaurante, onde ganho 3 000 reais por mês. Dá para pagar grande parte das despesas do Luca. Mas acho que me fez bem ter filho. Vivia em raves e baladas, bem louco. Agora meu programa é levar o Luca à pracinha, onde até fiz amizade com pais mais velhos. Amadureci muito.”

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Théo Pires, 21 anos, pai de Luca, 1 ano e 5 meses. Namora Bianca Muniz, 18

“Um dia serei 100% pai”

“Conheci Aline na escola, aos 13 anos, quando estava na 7ª série. Oito meses depois começamos a transar. Sem camisinha foram só duas vezes, mas demos azar. Quando a menstruação atrasou, nem entendíamos o que isso queria dizer. Tinha 14 anos. Foi a mãe dela quem me contou da gravidez. Passei três semanas mudo. Em casa, quiseram saber o que estava errado. Quando falei, pensaram que fosse brincadeira. Nossas famílias, que já se conheciam, acompanharam a Aline no pré-natal. Um ano depois do nascimento, terminamos o namoro. O Kevin morou três anos na casa dos meus pais, que o tratavam como filho. A primeira palavra dele foi ‘mamãe’, direcionada à avó. Eu o via como irmãozinho. Demorei a ter consciência da paternidade, papel que ainda estou conquistando. Um dia serei 100% pai e meu pai, 100% avô. Até hoje as pessoas se assustam quando digo que o Kevin é meu filho. Vejo uma vantagem: quando ele for adolescente, terei deixado de ser um pouco tempo antes. Vai ser mais fácil entendê-lo.”

Clécio dos Santos, 22 anos, pai de Kevin Gabriel, 7. É amigo da mãe do menino, Aline Galdino, 20

“Minha mãe não parava de chorar”

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“Não foi planejado, mas contei sobre a gravidez da Adriana na festa de aniversário do meu pai. Na sala, estavam os convidados. Nós, no quarto. Minha mãe não parava de chorar, perguntando como um garoto bem informado tinha deixado algo assim acontecer. Eu usava camisinha sempre. Quer dizer, quase sempre, né? Ela e meu pai me abraçaram. Choramos juntos e, em seguida, demos a notícia para o resto da família. Decidimos nos casar e estamos morando com meus sogros. Fizemos um curso para gestantes antes de o Luiz nascer. Éramos os mais novos da turma. Os outros chegavam de terno e a gente de uniforme da escola. A Adriana vai voltar a estudar agora, por isso vou ficar sozinho com o bebê pela manhã. Dou banho, troco fralda, já estou craque. Talvez eu deixe de ter algumas experiências que as pessoas vivem na minha idade, mas estou com a mulher que amo e com meu filho. Penso o tempo inteiro nele.”

Luiz Bruno Cardenuto, 19 anos, pai de Luiz, 6 meses. Casado com Adriana Amadei, 18

“Quis largar a escola”

“Um exame num posto de saúde confirmou a gravidez da Ana Paula. Pensamos em aborto, mas logo desistimos. Nossas famílias são católicas praticantes. Roía as unhas. Tomei coragem de contar, mas comecei a suar frio, a ter tremedeiras e a chorar na frente da minha mãe. O apoio foi imediato. Ficou a pergunta: como criar o bebê? Quis largar a escola. Meus pais, ainda bem, acharam melhor eu estudar, passar numa faculdade e só depois procurar emprego. Entrei em ciências contábeis na USP. O Ricardo nasceu em abril de 2007. Três meses depois nos mudamos para um apartamento dado pela mãe dela. Em janeiro deste ano, fui contratado na SPTrans. Pagamos o máximo das nossas despesas sozinhos, com meu salário, que é de 800 reais, mas nem sempre dá. Nossos pais ajudam com uns 300 reais todo mês. Assim que sobrar uma graninha para a certidão de casamento, pretendo me casar com a Ana.”

Guido do Nascimento, 19 anos, pai de Ricardo, 1 ano e 3 meses. Namora Ana Paula Spinosa, 18

Antes que ele coloque o carro na frente dos bois

Como tentar evitar que seu filho vire papai

• A criança quer saber como nascem os bebês? Conte que foi porque papai e mamãe namoraram ou algo parecido, em vez de recorrer à historinha da cegonha. Conversar não vai despertar interesse precoce. Sexualidade responsável se conquista com respostas diretas e objetivas.

• É duro, mas o seu filhinho, que ainda ontem acreditava no coelhinho da Páscoa, talvez já tenha vida sexual. E bem embaixo do seu teto. Ignorar a situação ou acreditar quando eles dizem saber se cuidar passará uma impressão de que liberou geral. Seu filho precisa de informação e, se não a obtiver em casa, procurará outras fontes, nem sempre adequadas.

• Um exemplo vale mais que mil palavras. Se um coleguinha engravidou a namorada, nada de cortar relações. Conviver com ele pode mostrar como a paternidade antes da hora obriga a adiar planos e sonhos.

• Momento ideal para a primeira visita ao ginecologista: após a primeira menstruação. Escolher um médico de confiança é importante, além das razões óbvias, para que se possa deixá-los a sós, se necessário – algumas meninas sentem vergonha na presença dos pais.

• Convença seu filho a lhe apresentar a namorada e, num segundo momento, tente conhecer os pais dela também. Orientar o casal é um trabalho para todos os potenciais avós.

• Mesmo que sua filha não esteja namorando, considere a possibilidade de ela tomar pílula diariamente: além de regular o ciclo menstrual, esse procedimento pode evitar uma inesperada gravidez. Dê camisinha para eles. E para elas… também. Lembre-se: evitar doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada é obrigação dos dois.

Fontes: Alexandre Pupo, ginecologista do Hospital Sírio-Libanês; Antonio Carlos Egypto, psicólogo e sociólogo da ONG Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual; Mauricio de Souza Lima, hebiatra do Hospital das Clínicas; Carmita Abdo, psiquiatra e coordenadora do Projeto Sexualidade do HC

Xiiii, aconteceu. E agora?

O que fazer se o seu filho vai ser papai

• Tão logo se recupere do baque, marque um encontro com ele, a namorada e os pais dela. O objetivo, aqui, não é apurar de quem foi a culpa, mas tratar de medidas práticas como plano de saúde e pré-natal.

• Conscientize seu filho de que, desde o momento da fecundação do óvulo, ele já é pai. Não tem essa de “só vou me preocupar quando o bebê nascer”. Acompanhar a menina ao médico e participar das decisões sobre o nenê deixará claras as novas responsabilidades dele. Assumir as funções de pai não depende da situação financeira da família.

• Muito jovem para trabalhar? Convença-o a reservar pelo menos parte do dia para tomar conta do bebê. Pode ser, por exemplo, no horário em que a namorada estuda.

• Se o adolescente já cursar o ensino médio, estimule-o a arranjar um emprego e, por mais modesto que seja seu salário, contribuir no sustento do bebê.

• Quando o jovem casal se separa, a família do menino deve orientá-lo a manter o vínculo com a criança e a não descuidar dos deveres de pai. Não custa lembrar que “casamento acaba, mas filho é para sempre”.

• Avós que assumem a criação do neto estimulam o filho a se manter um eterno adolescente. Se ele acha que ter colocado uma criança no mundo não afetou em nada sua vida – nem a da namorada –, periga repetir a dose.

• Seu neto já vai para a escolinha? Aproveite e estimule seu jovem papai a fazer o mesmo e retomar a faculdade, investir em cursos de idiomas ou especialização. É a aposta num futuro melhor.

FONTES: Albertina Duarte Takiuti, coordenadora do Programa de Saúde do Adolescente da Secretaria de Estado da Saúde; Anecy de Fátima Faustino, psicóloga e pesquisadora; Gilberto Amendola, autor do livro Meninos Grávidos: o Drama de Ser Pai Adolescente

* Colaboraram Fabio Brisolla e Fernando Cassaro

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