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Goteira, choque e inundação

Por Walcyr Carrasco
Atualizado em 5 dez 2016, 19h45 - Publicado em 18 set 2009, 20h18

Tenho horror de goteiras. Até hoje não encontrei quem consertasse um telhado sem refazê-lo todo. Certa vez, morava em uma casa antiga, charmosa e, principalmente, de aluguel barato. O único problema era uma goteira no banheiro.

– Pode deixar que conserto – prometi ao pegar as chaves.

Na primeira chuva, caía mais água do forro que do chuveiro. Chamei um rapaz. Segundo afirmou, especialista em telhados. Subiu. Trocou telhas.

– Ficou bom – garantiu.

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Paguei. No temporal seguinte, até a cozinha ficou inundada. Novo profissional:

– Quando o rapaz subiu, deve ter pisado em outras telhas, que quebraram – foi o diagnóstico.

Mais telhas. Mais grana. Nova inundação. Durante meses, contratei especialistas. As goteiras só aumentaram. Cheguei a pendurar samambaias no teto, na esperança de que absorveriam a chuva. Acabei passando o contrato para uma amiga. Muito tranqüila, ela disse que o telhado não seria problema. Dali a duas semanas telefonou com água nos tornozelos!

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Minha prima Júnia teve uma casa linda em Alphaville. Construiu um anexo com churrasqueira. Desde a inauguração começaram as goteiras. Durante cinco anos, passou camadas de piche. Trocou revestimentos. A goteira sempre aparecia em outro lugar! Quando estava para vender o imóvel, pintou o forro e foi rezar para não chover!

Ninguém chama um engenheiro para consertar uma goteira. Mas os mestres-de-obras e telhadistas são de enlouquecer! Tenho um trauma de infância: choque elétrico. Quando menino, fiquei preso em uma torneira. Pois bem. Ao mudar para minha casa atual, achei que a torneira do chuveiro dava choque. Chamei o arquiteto.

– Impossível. A casa tem aquecedor solar. Nada a ver com eletricidade – declarou.

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– É trauma – explicou uma amiga.

Que irritação! A maioria das pessoas tem o vício de explicar até as coisas mais óbvias do ponto de vista psicológico. Afinal, como todos se relacionavam antes de Freud? Botei chinelo de borracha para abrir a torneira. Comprei luvas. Mesmo assim sentia choquinhos!

– É o trauma – acreditei.

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Distraído, fui abrir um pouco mais a torneira de água quente no meio do banho. Dei um salto. Saí pelado pela casa, gritando:

– Levei um choque, levei um choque!

Tentaram me acalmar. Meu assistente, adepto da tese psicológica, quis provar minha loucura. Foi abrir a torneira. Saltou como uma rã! Chamei um eletricista. Veio o veredicto:

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– Tinha um fio do jardim encostado no cano d’água!

Um amigo massagista tentou ter um ofurô. Depois de quatro profissionais, a instalação estava pronta. Coube a mim estreá-lo. Uma delícia. Ao botar o pé para fora, comecei a gritar. O choque percorria meu corpo todo. Só sobrevivi porque uma perna estava fora, onde havia a corrente, e outra dentro da água! Ele desligou a eletricidade. Depois de mais quatro profissionais, desistiu de ter ofurô!

Encanamento é uma tragédia! De repente, a água começa a brotar no jardim. Só de imaginar o tamanho da conta, fico nervoso. É preciso ligar para a Sabesp. Saber se é conserto deles ou meu. São horas até descobrir que a responsabilidade é minha! Exijo a presença do encanador. Ele resolve escavar o jardim para encontrar o furo. Arrebenta o cano. O pequeno vazamento vira um chafariz! O jeito é passar dois dias sem água!

Fico pensando: por que essas coisinhas viram uma loucura!? É inexplicável. Mas, se vejo uma torneira pingando, já tenho um ataque de pânico!

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