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‘Hora Um’: os bastidores do jornal da madrugada

O programa disputa audiência com reprises de filmes e pregação de pastores nas emissoras concorrentes

Por Mariana Zylberkan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
17 mar 2017, 20h47

Para estar na frente das câmeras, maquiada e em cima do salto, às 5 da manhã, a apresentadora Monalisa Perrone programa o despertador para meia-noite e chega à sede da Rede Globo, no Brooklin, às 2 horas. Isso significa ir para a cama às 17 horas e almoçar no horário em que a maioria das pessoas está encarando o café da manhã.

A rotina invertida se prolonga há dois anos, desde que ela se tornou âncora do Hora Um, telejornal que vai ao ar antes de o sol nascer. “Vivo no fuso horário da China”, brinca. O trabalho em período nada habitual faz com que cada minuto se torne precioso. Por isso, o ritmo é frenético nos bastidores. Enquanto passa pela maquiagem, a apresentadora lê resumos das notícias internacionais e o que mais teve destaque no fim do dia anterior.

Minutos depois, troca o figurino e vai correndo para o estúdio 2, onde nem bem se senta à bancada e já recebe as primeiras instruções pelo ponto eletrônico. A afobação não deixa de destoar do clima nos corredores da emissora, praticamente às moscas nesse horário, com apenas alguns seguranças à vista.

Monalisa Perrone: apresentadora chega na emissora às 2h da manhã (Ricardo D'Angelo)

A equipe enxuta do Hora Um, que também troca o dia pela noite, inclui dois maquiadores, cerca de dez técnicos, alguns colunistas fixos, como o economista Samy Dana e o piloto Luciano Burti, um meteorologista, que entra às 2 da manhã, e a jornalista Izabella Camargo, responsável por apresentar a previsão do tempo e assumir a bancada durante as folgas e férias da titular do posto.

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Para levar informação ao público que sai de casa de madrugada — detectado pela emissora como carente de uma programação noticiosa —, Monalisa se cobra uma postura empolgada desde o primeiro minuto no ar. “Ninguém merece acordar e ver uma pessoa desanimada na TV”, diz, no habitual pique que se tornou motivo de piada entre os colegas nos bastidores. “Nosso desempenho é parecido com o de um carro de corrida: precisamos ir de zero a 100 quilômetros por hora em segundos”, diz Izabella.

A iniciativa de “acordar” a faixa das 5 da manhã, considerada morta pelas emissoras da TV aberta, mostrou-se acertada. O telejornal tem audiência média na casa dos 5,3 pontos (cada ponto equivale a 70 500 residências na Grande São Paulo).

Praticamente sem concorrência, o produto está bem à frente do segundo colocado no horário, um noticiário do SBT, que mantém um rodízio de três apresentadores entre 1h30 e 6 horas e marca a média de 2,6 pontos no embate direto. Enquanto isso, Record e Band alugam o período a igrejas evangélicas, que transmitem cultos.

Monalisa Perrone: improviso na cobertura da Chapecoense (Ricardo D'Angelo/Veja SP)

O programa da Rede Globo também ajuda a atrair mais público aos carros-chefes do jornalismo matutino da emissora (Bom Dia São Paulo e Bom Dia Brasil), transmitidos logo em seguida. O roteiro predeterminado do Hora Um inclui um rescaldo de reportagens exibidas na noite do dia anterior, além de boletins de correspondentes internacionais e espaço para notas de serviço como previsão do tempo e situação do trânsito.

Essa programação é muitas vezes atropelada por notícias mais quentes. Um momento de ação intensa ocorreu em agosto do ano passado durante as discussões sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, que vararam a madrugada no Senado. Mas o maior feito de audiência foi o pico de 8 pontos conquistado durante a cobertura da tragédia do voo da Chapecoense, em novembro último.

“Eram 3 da manhã quando recebemos a informação, mas ainda não sabíamos da gravidade do acidente”, lembra Monalisa. O calor do momento acabou estendendo o telejornal por mais uma hora além do habitual. “Confirmávamos as notícias em tempo real, por telefone, com uma repórter que estava lá na Colômbia para levá-las ao ar em seguida”, completa.

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