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Famílias ocupam 40% dos cômodos na Cracolândia

Dados mostram que 525 pessoas moram na região, entre elas 79 crianças e adolescentes, 41 idosos 20 deficientes e 26 pessoas com doenças graves

Por Estadão Conteúdo
7 jun 2017, 09h17

Menos de 3 metros separavam o lar da família de Elizânia do Nascimento Souza, de 27 anos, do “lixo”. É como ela descreve o Largo Coração de Jesus, na Luz, região central de São Paulo, antes da operação policial do dia 21 de maio, que prendeu traficantes e expulsou usuários de drogas. A euforia com o desmonte da antiga Cracolândia, contudo, durou pouco.

No dia seguinte, a demolição de imóveis pela Prefeitura, para dar início à revitalização do bairro, trouxe uma angústia para a dona de casa em relação ao futuro. Agora, a gestão do prefeito João Doria (PSDB) conseguiu mapear a situação de quem vive na área e deve passar pelo processo de mudança.

Um censo da Secretaria Municipal de Habitação nas duas quadras que serão desapropriadas e demolidas para dar lugar a moradias populares e equipamentos públicos constatou que 40% dos cômodos existentes no local onde funcionava o “fluxo” – agrupamento para consumo e venda de drogas – estão ocupados por famílias como a de Elizânia, que é casada e tem quatro filhos.

Ao todo, 275 famílias foram cadastradas. Apenas no endereço onde ela mora, uma pensão, residem mais de trinta, quase todas com vínculos na região, como emprego e filhos matriculados em escolas próximas. “Moro aqui desde 2006. Vim de Água Branca, Alagoas, para cuidar do meu sobrinho e aqui fiquei”, diz Elizânia, que paga 900 reais de aluguel por um cômodo : um quarto com pia e banheiro. “Eles (Prefeitura) vieram aqui fazer um cadastro e queriam saber quantas pessoas tinham aqui. Mas a gente ouve que querem demolir tudo. Paguei o aluguel ontem e não sei se vou perder minha casa.”

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Após a ação policial, a Justiça determinou que o Município realizasse o cadastramento dos moradores e desse uma solução de moradia antes de removê-los e demolir os imóveis. A demolição é aprovada por 55% dos entrevistados ouvidos na semana passada pelo Datafolha e abre caminho para um novo projeto urbanístico.

Em duas semanas, a secretaria visitou 688 unidades em 64 endereços nos dois quarteirões da Rua Helvétia com a Alameda Dino Bueno. A maioria dos locais analisados (626) é residencial, incluindo quartos de cortiços e pensões, onde os aluguéis variam de 300 reais a 900 reais. Desses, 278 estavam vazios e 348 tinham sinais de ocupação, como colchões e aparelhos domésticos, mas em 65 unidades os moradores não foram localizados e em oito se recusaram a receber os agentes da Prefeitura.

Os dados do censo mostram que 525 pessoas moram no perímetro da ex-Cracolândia, entre elas 79 crianças e adolescentes, 41 idosos 20 deficientes e 26 pessoas com doenças graves, como HIV e tuberculose.

Para o secretário municipal de Habitação, Fernando Chucre, o número de famílias estabelecidas na região foi surpreendente . E confirma a importância da política habitacional dentro do Projeto Redenção, programa lançado por Doria há duas semanas para tratar dependentes químicos e revitalizar a antiga Cracolândia.

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“Esse projeto está ancorado na Habitação. Por isso, cadastramos as famílias para poder reassentá-las na região. Vamos aproveitar que já tem a PPP (Parceria Público-Privada) da Habitação no centro, em parceria com o Estado, para atender a essa demanda”, disse Chucre.

“Ter a casa própria seria ótimo, mas, agora que tiraram os traficantes, podiam deixar a gente aqui”, diz a atendente Márcia Pereira, de 27 anos, que mora há três anos com o marido e o filho no quarto de uma pensão na Alameda Dino Bueno, pelo qual paga 400 reais por mês.

A PPP prevê quase 2 000 moradias de interesse social e baixa renda na região, sendo 436 nos dois quarteirões que serão demolidos. A previsão é de que isso ocorra até o fim do ano. “Vamos fazer tudo dentro da lei”, ressalta Chucre. Para a mudança, a Prefeitura prevê conceder auxílio-aluguel de 400 reais e mais 900 reais para a mudança.

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