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Faixa para motos prejudica a Sumaré

Instalada há um mês, faixa exclusiva provoca engarrafamentos na avenida

Por Sandra Soares
Atualizado em 5 dez 2016, 19h21 - Publicado em 18 set 2009, 20h36

No início da noite do último dia 6, uma sexta-feira, quando a fotografia que ilustra esta página foi tirada, um motoqueiro trafegava solitariamente pelo corredor de motos da Avenida Sumaré enquanto um mar de carros ocupava o restante da via. O flagrante mostra bem no que ela se transformou depois de 18 de setembro, dia em que começou a funcionar ali a motofaixa, uma pista de 3 quilômetros de extensão e 1,70 metro de largura exclusiva para motos. A fim de abrir caminho no novo corredor, as faixas de automóveis se estreitaram – passaram de 3 metros para 2,50 ou 2,80 metros. Apenas isso já bastaria para complicar a vida dos motoristas. Afinal, os veículos, afunilados, precisam andar mais devagar porque o risco de colisão é maior. Por questões de segurança, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) diminuiu a velocidade máxima permitida de 70 para 60 quilômetros por hora. Como se não bastasse, o tempo de espera nos nove semáforos foi aumentado nos horários de pico (veja quadro). Com isso, a avenida, até então de tráfego ágil, passou a ser mais um corredor de lentidão e engarrafamentos. “Inventaram o trânsito na Sumaré”, lamenta o comerciante Cyro Mansani, morador de Perdizes há dois anos e obrigado a circular por ela diariamente. “A qualquer hora que se olhe para a avenida, tem congestionamentos”, nota o taxista João Tortul, que desde 1993 ocupa um ponto na região.

Na contramão da indignação dos usuários, o presidente da CET, Roberto Scaringella, acredita que o corredor de motos “é um sucesso”. Ele enxerga uma Sumaré que mais ninguém vê. “Ainda não temos números para apresentar, mas minha análise, com base em observações, é que o fluxo de veículos na avenida só melhorou”, diz. A CET estuda a possibilidade de retirar de lá as faixas reservadas a estacionamento e carga e descarga, de forma a permitir a acomodação de um maior número de veículos. “Mas isso seria apenas para melhorar o que já está bom”, acrescenta Scaringella. Pelas suas estimativas, 80% dos motoqueiros que circulam pela Sumaré adotaram o corredor exclusivo, embora não sejam obrigados a manter-se nele. Apenas os motoristas são punidos caso invadam a faixa das motos. A multa é de 127 reais, e a infração vale 5 pontos na carteira.

Com custo de 200 000 reais, o projeto da motofaixa é experimental, ou seja, poderá ser estendido para outras avenidas. Justamente por se tratar de uma operação piloto, foi escolhida uma via com tráfego reduzido de motoqueiros, uma média de 300 por hora (na Avenida 23 de Maio, por exemplo, o movimento é quatro vezes maior). Na última semana, Veja São Paulo contou o número de motoqueiros na Sumaré durante uma hora, em dois momentos: na terça (10), entre 19 e 20 horas, e na quarta (11), entre 12 e 13 horas. A conclusão foi que a pista exclusiva não motivou novos motociclistas a optar pela avenida. Foram registradas, nas duas medições, 188 e 250 motos, respectivamente. De acordo com o engenheiro Jaime Waisman, professor de transporte público da USP, mesmo que a experiência seja positiva, é pouco provável sua adoção em outros corredores. “As vias que mais sofrem com o excesso de motos, como a Rebouças e a 23 de Maio, não oferecem espaço para a implementação de uma motofaixa”, explica.

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