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Fábio Prado: mestre de obras de São Paulo

Mostra no Museu da Casa Brasileira reúne fotos do prefeito que mudou a cara da cidade

Por Isabela Barros
Atualizado em 5 dez 2016, 19h20 - Publicado em 18 set 2009, 20h36

Prefeito de São Paulo entre 1934 e 1938, o engenheiro Fábio da Silva Prado (1887-1963) pode não ser um nome familiar para a maioria dos paulistanos de hoje. Todos conhecem, porém, as principais obras tocadas sob o seu comando. Durante sua gestão foram iniciados projetos fundamentais para a expansão da cidade, como as avenidas Nove de Julho e Rebouças. Um novo Viaduto do Chá e o Estádio do Pacaembu (inaugurado em 1940, quando ele já deixara o cargo) são outros símbolos da capital erguidos por sua iniciativa. Além das realizações à frente da prefeitura, Prado deixou outra herança valiosa: o casarão de 8 000 metros quadrados na Avenida Faria Lima onde viveu por dezoito anos com a mulher, Renata Crespi da Silva Prado. Atual sede do Museu da Casa Brasileira, a mansão receberá, a partir de quarta (16), a exposição Renata e Fábio Prado – A Casa e a Cidade. Formada por sessenta fotos e documentos, a mostra traz imagens do crescimento da metrópole na década de 30 e da vida do casal.

“Fábio Prado preparou São Paulo para a transição do transporte sobre trilhos para o de ônibus e carros com a abertura de novas vias”, afirma Maria Ruth Amaral de Sampaio, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU) e uma das curadoras da exposição. “Seu governo adiantou obras idealizadas por Francisco Prestes Maia, que o sucedeu na prefeitura.” Mais que um homem de idéias, Prado destacava-se como um executor de obras deixadas de lado pelos antecessores. “O piso de madeira do Viaduto do Chá estava deteriorado e, desde a primeira década do século XX, os engenheiros discutiam a construção de uma nova estrutura”, diz o arquiteto Carlos Lemos, também professor da FAU e curador da mostra. “Mas nenhum prefeito teve a iniciativa de realizar o trabalho antes dele.” Além de abrir avenidas, Prado foi um administrador preocupado com cultura e lazer. Em 1935, numa medida inovadora, criou o primeiro Departamento de Cultura do município e convidou o escritor Mário de Andrade para dirigi-lo. Para ampliar as opções de lazer nos bairros, fez quatro parques infantis: no centro, no Ipiranga, na Lapa e em Santo Amaro.

Tanto Fábio quanto Renata vinham de famílias ricas. Ele era sobrinho de Antonio Prado, prefeito de São Paulo entre 1899 e 1911, e neto de Martinho e Veridiana da Silva Prado. Ela, filha do industrial italiano Rodolfo Crespi. A mansão do Jardim Europa, decorada com peças de Victor Brecheret, Di Cavalcanti e Candido Portinari, vivia cheia de políticos, intelectuais e artistas. Sobrinha de Renata e hóspede constante do solar, Adriana Maria Crespi passou a infância brincando nos jardins de 6.600 metros quadrados da tia. Hoje presidente da Fundação Crespi-Prado, ela não esquece as refinadas ceias de Natal no casarão. “Os raviólis com recheio de trufas e as castanhas cobertas com chantilly ficaram famosos”, lembra. Nas memórias de Adriana, Fábio Prado era um homem inteligente, discreto, apreciador de vinhos e de cavalos, enquanto Renata tinha uma personalidade mais marcante. Agora o público poderá conhecer mais de perto sua história e a São Paulo que Fábio Prado ajudou a transformar.

• RENATA E FÁBIO PRADO – A CASA E A CIDADE. Museu da Casa Brasileira. Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2705, Jardim Europa, Tel. 3032-3727. Terça a domingo, das 10h às 18h. Até 1º de outubro. A partir de quarta (16).

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