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Escolas aceleram a adoção de equipamentos digitais

Pueri Domus, Objetivo e Santa Cruz, por exemplo, passarão a usar tablets na virada para o segundo semestre

Por Julliane Silveira
Atualizado em 5 dez 2016, 18h01 - Publicado em 10 jun 2011, 14h10

Giz, lousa, cadernos e mochila recheada de livros. Em um futuro próximo (ninguém sabe precisar quando), esses itens poderão fazer parte do passado em uma série de escolas paulistanas. A aposentadoria desses materiais era uma coisa previsível desde que começaram a se popularizar por aqui equipamentos como os notebooks, mas agora essa substituição ganha velocidade. Na virada para o segundo semestre, ao menos três colégios adotarão tablets, como o iPad, da Apple, em algumas de suas turmas. O Pueri Domus, por exemplo, com quatro unidades na Grande São Paulo, distribuirá na volta às aulas esses computadores de mão a alunos do 1º ano do ensino médio. Eles usarão os aparelhos para fazer anotações, além de consultar edições digitais dos livros didáticos e de obras da literatura integrantes do currículo.

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O Santa Cruz, no Alto de Pinheiros, está adaptando suas apostilas para essa mesma plataforma. No segundo semestre, um projeto piloto será implementado em classes do 3º, 4º, 7º e 8º anos do ensino fundamental. “Queremos analisar como será a dinâmica do aprendizado com essas inovações”, afirma Moisés Zylbersztjan, coordenador de ensino de informática e da biblioteca. Caso a experiência seja bem-sucedida, os aparelhos deverão entrar para a lista de compras de material escolar dos alunos em 2012 (há tablets a partir de 600 reais sendo oferecidos no mercado). O Objetivo, que tem doze endereços na cidade, comprou, de uma vez, 6.000 equipamentos, que usará como teste neste ano.

Cenas de crianças com notebooks e smartphones em cima das carteiras já entraram no cotidiano de determinadas escolas privadas, assim como lousas eletrônicas. Várias delas investiram na instalação de redes de internet sem fio para facilitar a vida de quem traz o equipamento de casa. Grifes da educação como Bandeirantes, Dante Alighieri e Rio Branco estão nessa lista. A proliferação da tecnologia as obriga a criar regras para o uso. A maioria proíbe deixar o celular ligado durante as atividades. Quando o professor passa a lição na velha lousa, em muitos casos é permitido fotografar o conteúdo com os aparelhos. Sempre, porém, confia-se desconfiando no compromisso dos alunos de não fugir para joguinhos, vídeos engraçados e notícias de futebol. “Fico sempre de olho”, diz o professor Eduardo Castro, que usa o Facebook para trocar textos com os alunos do Sidarta nas aulas de geografia. Um deles, Danilo Oliveira Vaz, de 16 anos, reconhece que é preciso ter muita disciplina. “Nem entro em páginas que não têm a ver com a matéria para não cair em tentação”, jura.

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Em um país de ensino tradicionalmente fraco em ciências exatas, o material didático digital facilita a compreensão ao transformar em ilustrações animadas e coloridas fenômenos de física ou equações trigonométricas, que dão sentido ao cálculo que se acaba de fazer. “Hoje, o aluno passa três horas numa equação sem entender o conceito do que está fazendo”, afirma José Armando Valente, pesquisador do Núcleo de Informática Aplicada à Educação da Unicamp. Por outro lado, esse material didático acaba por reforçar o papel do docente em sala de aula, mas de forma diferente. Sai o estilo “eu falo e vocês escutam” e cresce sua atuação como tutor do aprendizado. “O professor tem de mobilizar informações e orientar o trabalho do aluno individualmente”, explica Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, da Faculdade de Educação da PUC-SP, que trabalha na formação de professores para o uso de tecnologias.

Se as vantagens sobre o didatismo são praticamente consensuais, certos pontos da inovação são controversos. Um deles: conforme os cadernos vão sendo menos usados, é possível abandonar o exercício da caligrafia? Pesquisas nos Estados Unidos, onde os tablets também começaram a chegar às aulas há pouco tempo, mostram que escrever a mão ajuda a criança a compor melhor o raciocínio — o ato de pegar o lápis ou a caneta e redigir ativa áreas do cérebro relacionadas à linguagem e à memória. Um trabalho de 2010 da Universidade de Washington mostrou que crianças que redigiram textos no papel escreveram mais palavras, em maior velocidade e com mais riqueza de ideias do que as que utilizaram um teclado. Além disso, os vestibulares brasileiros não dão sinais de que abandonarão tão cedo a escrita a mão em provas discursivas.

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Enquanto esses entraves não se resolvem, colégios como o Vértice, campeão paulista de desempenho no Enem em 2009, puxam o freio. Lá não se permite o uso de nenhum aparelho, e a punição para quem burla as regras e mexe no celular, por exemplo, é das antigas: o aluno é expulso da sala. “Claro que está no plano de discussão o uso dos tablets, mas não sabemos ainda se realmente vai fazer diferença no aprendizado”, pondera o diretor Adilson Garcia. As escolas que apostam no aparelho também não sabem o efeito das mudanças na nota final dos alunos. Mas, para elas, não deixa de ser um risco desperdiçar a oportunidade de tornar o aprendizado mais atraente.

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