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“Não sou herói”, diz coronel da PM agredido em manifestação no centro

Reynaldo Simões Rossi se recupera em casa de lesões, afirma que existe uma escalada de radicalismo nas manifestações e cobra leis mais rigorosas contra o vandalismo

Por Tiago Faria
Atualizado em 5 dez 2016, 15h30 - Publicado em 27 out 2013, 15h08

Agredido por um grupo de manifestantes durante um protesto na noite de sexta (25), no centro, o coronel da Polícia Militar Reynaldo Simões Rossi teve a clavícula quebrada e sofreu cortes na perna e na cabeça. Além dos ferimentos, o ato de violência trouxe consequências políticas: a presidente Dilma Rousseff se pronunciou contra o vandalismo nos protestos, e o governador Geraldo Alckmin pediu leis mais rígidas para punir agressões contra policiais. Na internet, vídeos mostraram o momento em que o policial foi cercado e atingido por mascarados. As agressões foram tema de reportagens nos principais jornais, incluindo o Jornal Nacional, da Rede Globo.

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A reação de Rossi diante da comoção alheia é reservada. “O cara não bateu no coronel. Bateu num policial militar, que estava ali representando a sociedade”, afirmou, em entrevista à VEJA SÃO PAULO.COM em sua casa, no Jaçanã. Internado no Hospital das Clínicas, o coronel recebeu alta na manhã de sábado e se recupera ao lado da família. Ele foi espancado por cerca de dez pessoas. A maior parte dos agressores flagrados em fotos e vídeos estavam mascarados. O advogado do universitário Paulo Henrique Santiago dos Santos, de 22 anos, único preso acusado de participar das agressões, afirmou neste domingo que não existe “nenhum indício de que o jovem tenha encostado” no coronel.

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A conversa de cinquenta minutos foi interrompida em três momentos, quando Rossi tossiu e mostrou ainda sentir dores. Para ele, o “único benefício” do caso será provocar uma discussão sobre a ação de radicais nas manifestações. “Um grupo pequeno não tem o direito de se apropriar de uma manifestação legítima”, disse. Leia os principais trechos:

A repercussão do ato de violência tem sido maior do que o esperado?  Não acho que eu seja o protagonista disso. Não fui e nem quero ser. Fui ferido, mas só existe essa repercussão toda porque as pessoas dizem: “Olha, é o coronel”. Tenho muitos policiais feridos. Sou apenas o chefe de meus homens, eles é quem são importantes. Sou apenas o maestro de uma orquestra. Não quero em hipótese alguma ter o papel de herói ou de vilão. Sou o machucado da vez. Mas tenho mais de 70 policiais que já se machucaram nesses eventos. Alguns convalescem e continuarão convalescendo depois de eu ter sarado.

O que provocou a agressão da noite de sexta?  Estava no comando daquela ação. Por cautela ou por hábito, até para ter uma visão do que foi planejado e de sua execução, optei por acompanhar a manifestação a partir de determinados pontos. Foi isso o que fiz. Num determinado momento, me dirigi ao Parque Dom Pedro, acompanhado de um policial militar, porque já apareciam notícias de pessoas praticando ou tentando praticar atos de vandalismo. Então me deparei com um grupo de jovens disposto a destruir um ponto de ônibus. Consegui conter uma jovem que tentava quebrar esse ponto e o policial militar que estava comigo conteve outra.

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A reação dos manifestantes ocorreu para evitar essas prisões?  Acredito que sim, em um primeiro momento. Depois, foi para provocar as lesões. Quando tentávamos levar esse pessoal para que fossem responsabilizados em termos legais, essa massa de criminosos passou a agredir a mim e ao meu policial. Tive a arma e o rádio roubados.

A partir de agora, haverá mais discussões sobre violência contra policiais em manifestações?  Deve ser feita uma discussão com a sociedade. Ela precisa se autogerir nessas manifestações. A segurança pública é o protagonista secundário disso. O sucesso de uma manifestação é quando a polícia não é a pauta. Precisamos talvez de um aparato legal para lidar com esse novo contexto. Sinceramente, para mim, não me parece difícil. Trabalho numa unidade que já deve estar na manifestação de número 400. 

O radicalismo nas manifestações tem remédio?  Acompanho as manifestações desde o começo. Esses grupos [mais radicais] sempre estiveram nos protestos. O que ocorre é que a população tem deixado parte das ruas e eles têm chamado para si o direito de produzir toda sorte de danos ao patrimônio e às pessoas. Quando os bons silenciam, os ruins acabam ficando em evidência. É o que a gente percebe da segunda quinzena de julho para cá, com maior ênfase em agosto, setembro. Temos hoje um contexto novo que mereceria, talvez, novos instrumentos legais para repreender severamente quem deixa o foco central da manifestação e passa a se concentrar na produção de danos.

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E os excessos da polícia?  A polícia pune. Os excessos que o policial militar faz são punidos, ponto. Não tem conversa. Meu policial está visível e identificado – e está presente. A eventual construção de novos aparelhos legais não vai coibir o livre direito de manifestação. O foco é agir sobre esses que estão impedindo os que estão se manifestando licitamente. Queremos garantir o direito de que as pessoas possam continuar nas ruas.

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