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Empresas de “propriedade fracionada” oferecem iates, carros e jatos particulares por até um décimo do preço para quem topa dividir as despesas e as delícias de ter um bem de luxo – sem precisar ser o único dono

Por Rosane Queiroz
Atualizado em 1 jun 2017, 18h29 - Publicado em 25 jul 2011, 16h38

A ideia de compartilhar a posse de um bem de luxo começa a ganhar adeptos no Brasil. Há quem já não precise de um barco ou jatinho para chamar de seu. Pode muito bem adquirir um avião particular, um carro ou veleiro, dividindo os custos com outros sócios na compra –e na utilização. Nesse modelo de negócio, os bens premium podem ser adquiridos por até um décimo do preço original, desde que repartidos em cotas. Cada comprador é dono de uma parte e tem direito a usufruir do bem durante determinado período, como em um rodízio.

A chamada “propriedade fracionada”, no jargão dos negócios, faz sucesso nos Estados Unidos há mais de 20 anos, e vem sendo reproduzida no Brasil por algumas empresas como a Four Private Group. Como o nome indica, até quatro clientes, conhecidos entre si ou não, podem ser cotistas de carros bacanérrimos, iates e areonaves privadas. “Quem possui ativos de luxo sabe que acaba usando muito pouco, ao passo que o custo fixo e os gastos com a manutenção são grandes. Nossos clientes deixam de ter qualquer preocupação com manutenção e depreciação”, diz Ricardo Straus Jardim, CEO da Four Private Group.

Nas empresas de luxo compartilhado, o cliente investe um valor pela aquisição do direito de uso do bem e uma quantia mensal pelo período de contrato, que em geral dura de dois a seis anos. A companhia se encarrega da administração e das despesas fixas como seguro, funcionários, manutenção. Na modalidade automotiva criada pela Four Private, as cotas começam em R$ 289 mil e garantem aos participantes o uso de uma Ferrari F430 Spider, uma Mercedes SL63 IWC, um Corvette Gran Sport e um Mini Cooper Cabrio, revezados a cada semana. No caso do iate, um Numarine 78 HT, a empresa cuida para que cada sócio se sinta único. “Cada proprietário da cota tem seu próprio enxoval com roupas de cama, toalhas, pratos, talheres a seu gosto. Assim, sempre que utilizar o barco, ele estará preparado conforme o estilo desejado pelo dono. Sabemos que exclusividade e liberdade são essenciais para os clientes AAA”, diz Jardim.

O sonho do veleiro

De olho na demanda de executivos que sonham ter um veleiro, mas dispõem de pouco tempo para navegar de fato, a família Schürmann, conhecida por suas expedições marítimas, também resolveu investir em um modelo de compra compartilhada de barcos. Para David Schürmann, sócio-diretor da Schürmann Yatchs, o brasileiro ainda resiste a novidade, por ser muito “apegado” a propriedade particular. “Mas acredito que a longo prazo esse tipo de negócio tem todas as chances de crescer e se fortalecer”, diz ele.

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Veleiro - Luxo compartilhado
Veleiro – Luxo compartilhado ()

A empresa está trazendo para o Brasil, até o final do ano, um veleiro francês do estaleiro Jeanneau de 42 pés, no valor de R$ 750 mil, incluindo os custos de importação. No sistema de cotas, ele sai por R$ 207 mil, mais R$ 3.200 de mensalidade, para cobrir os custos de marina e manutenção. O barco já possui três cotistas, aguardado o quarto elemento do grupo para fechar o negócio. A grande vantagem, especialmente no caso dos veleiros, é se livrar da máxima de que “um barco dá duas alegrias: uma quando se compra, outra quando se vende”, lembra Shürmann, rindo. “Um veleiro compartilhado está sempre pronto para sair. O cliente não corre o risco de não embarcar por problemas mecânicos”, diz o empresário.

A cada cinco anos, a intenção é que a frota da empresa seja renovada. Parte do valor do veleiro retorna para os cotistas, o que transforma esse modelo de negócio também em uma espécie de investimento. Cinco anos também é tempo suficiente para um dos proprietários saber se gostou mesmo do brinquedo, quem sabe comprá-lo sozinho, ou embarcar na sociedade em outro veleiro novo em folha.

Sócios a jato

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Outro grupo que resolveu apostar nesse novo mercado é o Prime Fraccion Club, resultado de uma associação entre os publicitários Nizan Guanaes, Guga Valente e Bazinho Ferraz com Walterson Caravajal e Marcos Matta, dois empresários com vasta atuação no mercado de aviação brasileiro. No início de 2011, a empresa começou a oferecer o gerenciamento de quatro categorias de bens: jatos, helicópteros, barcos e carros. “A propriedade fracionada é uma opção de investimento para aqueles que têm muito patrimônio, mas não têm tempo para desfrutar da fazenda, da casa de praia, do barco ”, reforça Walterson Carvajal Jr., o sócio-presidente.

Phenom 300 - Luxo compartilhado
Phenom 300 – Luxo compartilhado ()

O Prime Fraction Club já reúne nove cotistas ativos, com a perspectiva de chegar a 30 até o final deste ano. No porftolio do grupo, saltam aos olhos os jatos executivos Phenom 300 (avaliado em R$ 19,5 milhões) e Phenom 100; helicópteros Augusta Power, Esquilo e Robinsson; iates Azimut e automóveis Ferrari e Maserati, entre outros. As aeronaves, no momento, têm apresentado a maior demanda. Executivos e grandes empresas respondem por 70% dos usuários. Cada cotista tem o direito de utilizar o jato durante sete dias por mês. “O Brasil sofre com problemas de infraestrutura, as pessoas têm buscado soluções para fugir dos aeroportos”, avalia Carvalhal.

O valor mínimo para fazer parte do Prime Fraction Club equivale a uma cota de um helicóptero Robinsson R44, ou seja, 110 mil dólares, mais as taxas de manutenção. O valor dá direito a 20 horas de utilização mensal. “Para efeitos de comparação, este mesmo helicóptero, novo, sairia por pelo menos 690 mil dólares”, diz Carvalhal. Na Prime, o sócio tem direito de usufruir dos outros bens sob a administração do grupo, de acordo com sua cota. O tempo de utilização disponível não é cumulativo. Então, se o cliente não usou sua aeronave em determinado período, tem a opção de passar o fim de semana com uma Ferrarri ou curtir o investimento a bordo de um iate, numa ilha qualquer de Angra dos Reis.

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