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Geraldo Alckmin: um tucano em busca do ninho

Líder nas pesquisas, ele quer retornar ao Palácio dos Bandeirantes, ao qual chegou pela primeira vez em 1995 como vice de Mario Covas

Por Alessandro Duarte, Mariana Barros e João Batista Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 18h35 - Publicado em 24 set 2010, 23h34

Geraldo Alckmin está sem aliança. Não, não se trata da demonstração pública de um desentendimento com Maria Lúcia, a dona Lu. “Sou casado há 31 anos e continuo cada vez mais apaixonado”, esclarece. Aos 57 anos, ele engordou. “A aliança ficou apertada e mandei alargar”, conta. “Deixaram larga demais e eu a perdi.” De qualquer forma, não é nada que possa tirar o bom humor do candidato tucano. Alckmin anda rindo à toa. As últimas pesquisas de intenção de voto dão a ele uma ampla vantagem sobre os demais concorrentes ao Palácio dos Bandeirantes, com boas chances de vitória já no primeiro turno. De acordo com levantamento do instituto Datafolha realizado nos dias 13 e 14, ele tem 59% dos votos válidos. Aparece ainda com 18% de rejeição — o menor índice entre os candidatos, empatado com o nanico Fabio Feldmann (PV).

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Apesar da dianteira, Alckmin não era o preferido de alguns caciques tucanos para a disputa. Corria por fora o nome de Aloyzio Nunes Ferreira, que atualmente tenta uma vaga para o Senado. “É natural que um partido grande e forte como o PSDB tenha várias e boas opções”, relativiza. “Mas as coisas foram praticamente consensuais.” Um cenário diferente do vivido há dois anos, quando o ex-governador impôs sua candidatura à prefeitura de São Paulo.

Depois de perder a disputa à Presidência da República, em 2006, ele conseguiu a indicação na convenção do partido, contrariando o então governador e atual candidato à Presidência José Serra, que apoiava o prefeito Gilberto Kassab (DEM). Alckmin ficou em terceiro lugar e assistiu a um segundo turno entre Kassab e Marta Suplicy (PT). “Os eleitores falavam: ‘Daqui a dois anos o senhor sai governador’”, lembra. “Eu respondia: ‘Mas quero ser prefeito’.” Não colou. Em janeiro do ano passado, assumiu a Secretaria Estadual de Desenvolvimento.

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Alckmin entrou na vida pública cedo. Em 1972, aos 20 anos, foi eleito vereador de Pindamonhangaba, a 140 quilômetros da capital. Quatro anos depois, conquistou a prefeitura da cidade pelo antigo MDB. Foi deputado estadual e federal. Em 1988, tornou-se um dos fundadores do PSDB. Caiu nas graças de Mario Covas — que o chamava de Geraldinho — e acabou sendo escolhido como seu vice na disputa pelo governo de São Paulo, em 1994. Com a morte, em 2001, de Covas, cujo nome ele evoca a qualquer pretexto, assumiu o governo. No ano seguinte, reelegeu-se. Formado em medicina pela Universidade de Taubaté, com especialização em anestesiologia, é conhecido pelo estilo discreto e pelo ar monástico, que fizeram com que o colunista José Simão, da ‘Folha de S.Paulo’, o apelidasse de picolé de chuchu. Tem três filhos, Sophia, Geraldinho e Thomaz, e uma neta, Isabella, que completou 6 anos em julho.

Devoto de São Francisco de Assis, ele afirma que sempre vai à missa aos domingos e nos dias santos. “Meu pai foi seminarista”, gosta de dizer. “Quando ele morreu, prometi a mim mesmo que não deixaria de ir à missa.” Nos momentos de lazer, vai ao cinema — gostou muito do longa argentino ‘O Segredo dos Seus Olhos’ e se diz fã do ator Selton Mello —, reúne-se com a família em restaurantes japoneses ou se debruça sobre livros de teologia e medicina. “De literatura, releio muito as obras de Eça de Queiroz, Machado de Assis e Monteiro Lobato.” Sobre este último, garante saber todos os contos de cor (e, se o interlocutor faz cara de incrédulo, ele escolhe um e se põe a descrevê-lo, com riqueza de detalhes). Em tempo: Alckmin perdeu 5 quilos nas últimas semanas (tem 1,74 metro e a balança vem registrando 78 quilos). “Campanha é um bom spa.”

Educação

Proposta: Rever o modelo de progressão continuada. Os alunos poderão repetir o ano a cada três séries, e não apenas ao final de cada ciclo. Também terão mais aulas de reforço e continuarão sendo retidos por falta em qualquer uma das séries. Aumentar o salário-base dos professores acima da inflação e conceder abonos por mérito.

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Custo estimado pela campanha: A mudança nos ciclos NÃO TRAZ CUSTOS financeiros. Já o aumento salarial depende dos porcentuais a ser aplicados, o que não foi informado.

Viabilidade (média): Atualmente, as despesas com pessoal consomem 70% do orçamento da Secretaria de Educação, de 16 bilhões de reais, e qualquer mudança tem um impacto tremendo na folha de pagamento.

Pedágios

Proposta: Pretende rever a taxa administrativa para baixar o valor da tarifa e corrigir distorções, como as já identificadas nas cidades de Jaguariúna, Indaiatuba e Paulínia.

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Custo estimado pela campanha: ZERO. Estuda-se a troca de investimentos por descontos no pedágio, ou a extensão dos prazos de concessão.

Viabilidade (média): Depende de as concessionárias entrarem no jogo. Pode haver problemas jurídicos na proposta de revisão dos contratos.

Infraestrutura

Proposta: No metrô, entregar a Linha 4 — Amarela, que já tem duas estações em operação, ampliar a Linha 5 — Lilás até a Chácara Klabin (da Linha 2 — Verde) e começar a construir a Linha 6 — Laranja, que irá de São Joaquim à Brasilândia. Entregar os trechos leste e norte do Rodoanel.

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Custo estimado pela campanha: 10 BILHÕES DE REAIS para o metrô. O Rodoanel seria pago pela iniciativa privada.

Viabilidade (alta): O investimento em metrô neste ano foi de 4 bilhões de reais. Se mantido o ritmo, serão 16 bilhões até 2014. O trecho norte do Rodoanel depende de um licenciamento ambiental complexo, já que corta a Cantareira.

Segurança

Proposta: Aumentar o policiamento das ruas, contratando policiais em seu período de folga. Eles trabalhariam para as prefeituras, por no máximo oito horas. Hoje esses profissionais cumprem turnos de doze horas e folgam as 36 seguintes, período que aproveitam para fazer bicos e aumentar a renda.

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Custo estimado pela campanha: 1 000 REAIS por mês por policial. O custo total — que pode ser repassado às prefeituras — depende de quantos funcionários aderirem ao sistema.

Viabilidade (média): Algumas prefeituras não têm como incorporar o novo custo ao seu orçamento.

Saúde

Proposta: Ampliar as cirurgias não emergenciais, aprimorar o programa de saúde da família e retomar mutirões para reduzir as filas de espera no atendimento, além de construir mais vinte Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs).

Custo estimado pela campanha: 240 MILHÕES DE REAIS por ano, entre os investimentos realizados e o custeio quando a ampliação for completada

Viabilidade (alta): O investimento em saúde neste ano foi de 452 milhões de reais.

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