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Entrevista com Geraldo Alckmin

Em suas palavras: "em 200, tivemos 12 800 homicídios. Quando saí do governo, eram pouco mais de 6 000 por ano. Hoje, são 4 500"

Por Alessandro Duarte, Mariana Barros e João Batista Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 18h35 - Publicado em 24 set 2010, 23h35

Por que o senhor quer voltar a governar São Paulo?

Quero fazer um governo para as pessoas, de oportunidades. Apesar de sobrarem vagas no mercado de trabalho, há muita gente desempregada. Vou criar o Via Rápida para o Emprego, voltado ao setor produtivo. Vamos verificar quais vagas não são preenchidas por falta de qualificação e criar cursos rápidos, de oitenta, 100, 200 horas. E expandir fortemente as Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e as Faculdades de Tecnologia (Fatecs). São Paulo é o maior produtor de cana-deaçúcar do mundo. Até 2014 as queimadas estarão proibidas, por causa da lei de mudanças climáticas, e o cortador de cana vai desaparecer, em razão da colheita mecanizada. Vamos capacitar esses trabalhadores para outras atividades.

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Quais foram suas três principais ações como governador?

Introduzimos quase 500 escolas em tempo integral e fizemos uma grande expansão do ensino técnico e tecnológico. Quando assumi, tínhamos nove Fatecs, e agora são 26. Levamos universidades às regiões mais pobres do estado, menos desenvolvidas. Fizemos a USP Leste, com estação de metrô na porta, e um câmpus novo da Unicamp em Limeira. Na área da saúde, deixei praticamente pronto o Instituto do Câncer, na Avenida Doutor Arnaldo. Desde Mario Covas até agora, construímos trinta hospitais. Eu fiz onze. Temos 22% da população e fazemos 45% dos transplantes do país. Na segurança eu me empenhei pessoalmente. Em 2000, tivemos 12 800 homicídios. Quando saí do governo, eram pouco mais de 6 000 por ano. Hoje, são 4 500. No Brasil inteiro a criminalidade aumentou. São Paulo era o quarto estado em homicídios por 100 000 habitantes. Hoje é o 25º, só perdemos para Santa Catarina e Piauí. A polícia trabalhou para valer. Criei as penitenciárias de segurança máxima. Desativamos o Carandiru. Fizemos no lugar o Parque da Juventude. E acabamos com a Febem, onde hoje está sendo feito o Parque do Belém.

Qual é o principal desafio do estado hoje e como o senhor pretende enfrentá-lo?

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Na região metropolitana de São Paulo, temos a questão da mobilidade. Entram aí os grandes investimentos em parceria com o governo federal, com a iniciativa privada e com a prefeitura. Pretendemos entregar a Linha 4 do metrô, que já teve duas estações inauguradas. Aliás, fiz na Linha 4 (que vai da Vila Sônia à Luz) a primeira parceria público-privada urbana do país. Ela é administrada pela iniciativa privada com tecnologia de ponta. Os trens da Linha 4 não têm operador, são inteiramente informatizados. É um sistema que deve ser expandido para outras linhas, porque nele é possível reduzir a distância entre um trem e outro em 75 segundos, aumentando a capacidade de transporte. Também pretendo ampliar a Linha 5, que vai do Capão Redondo ao Largo 13, até Chácara Klabin, passando pelo Ibirapuera. E fazer a Linha 6 do metrô, que irá de São Joaquim até a Freguesia do Ó e a Brasilândia. Com a prefeitura, vou construir ainda o monotrilho, que é o Expresso Tiradentes, até Cidade Tiradentes, pegando Sapopemba e São Mateus.

O eleitor pode se perguntar: “Por que não fez tudo isso tudo quando foi governador?”

Muito já foi feito. O fato novo é que até 2005 São Paulo não tinha capacidade de endividamento, porque estava acima da lei de responsabilidade fiscal. A lei dizia que a relação da dívida com a receita corrente líquida não podia passar de 2. Era 2,2. Aí, quando eu passei o governo para o Serra, ela já tinha sido reduzida para 1,8. E hoje é 1,5. Caiu muito a dívida em relação à receita. Então o próximo governador vai ter perto de 10 bilhões de reais em novos financiamentos, do Banco Mun dial, BID, Japan Bank… São Paulo hoje cresce mais que o Brasil. Se o Brasil crescer 7% neste ano, São Paulo registrará 8%. E os estudos mostram que, nos próximos dez anos, o lugar onde a massa salarial mais vai crescer é no estado de São Paulo.

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Se eleito, como fará para manter o atual nível de investimentos?

Podemos fazer parcerias público- privadas. Esse é o modelo. Se a Linha 4 do metrô custa 3 bilhões de reais, por exemplo, você consegue 1 bilhão do setor privado. Faremos o expresso Guarulhos, saindo do Brás, integrado com o metrô. O setor privado não vai custear 100% da obra, mas ganha a concorrência quem oferecer mais investimento. E o governo põe uma parte. No Rodoanel, fiz a Asa Oeste, ligando a Bandeirantes, a Castello, a Anhanguera e a Régis Bittencourt. O Serra acabou de entregar a Asa Sul, chegando à Imigrantes e à Anchieta. Vou entregar a Asa Leste do Rodoanel sem um centavo de dinheiro público. É concessão. Quem ganhar a Asa Sul construirá a Asa Leste. Já está em licitação, abre em 4 de novembro. Vamos interligar o maior aeroporto do país, que é Cumbica, com o maior porto, que é o de Santos. Resolver uma questão de logística e tirar os caminhões da cidade.

Esse modelo tem recebido críticas por causa do valor do pedágio. Seus adversários dizem que vão tirar o pedágio do Rodoanel e reduzir os demais em 30%. O que o senhor pretende fazer a respeito?

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Essa é uma visão equivocada, porque primeiro é preciso respeitar contrato. Segundo, o governo não tem dinheiro para tudo. Não existiria a Imigrantes se não fosse o modelo de concessão. As dez melhores autoestradas do Brasil são de São Paulo, estaduais. Das dez piores do Brasil, nove são federais. Nosso modelo permitiu grandes investimentos. Sem ele não teríamos a Nova Bandeirantes, de Campinas até Limeira. Agora, você pode ter uma praça de pedágio em algum lugar que cause problema em um bairro, uma cidade? Pode. Nós vamos corrigir, e a população do entorno terá a tarifa fortemente reduzida. E vou analisar o equilíbrio econômico-financeiro dos dezoito contratos. No sistema Ayrton Senna-Carvalho Pinto, o pedágio é de 6 centavos por quilômetro. Na Dutra, que é federal e muito pior, esse valor é de 9 centavos.

Na campanha, o senhor apareceu pedindo votos para Orestes Quércia, que era inimigo político do ex-governador Mario Covas. Chegou a temer que o gesto fosse interpretado como uma traição a seu padrinho político?

Na realidade, o que se tem são momentos políticos. Fizemos em São Paulo uma coligação com o PMDB, que é um partido grande, forte. E o Quércia se posicionou desde o início defendendo a candidatura do Serra e do PSDB aqui em São Paulo. Infelizmente, ele ficou doente e teve de renunciar à candidatura, passando a apoiar integralmente o Aloysio Nunes.

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O senhor lidera a corrida ao governo do estado, mas é a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, quem está na frente em São Paulo. Não teme que com isso seu adversário, Aloizio Mercadante, consiga levar a disputa para o segundo turno?

Pesquisa é uma coisa, eleição é outra. Acredito que o Serra ainda pode levar a eleição para o segundo turno. Estamos suando a camisa e sinto uma enorme receptividade da população, maior até do que quando me elegi em 2002.

O que mudou de lá para cá?

O calor humano. É impressionante como as pessoas são mais afetivas.

O senhor se sente mais querido?

Ô!

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