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Aloizio Mercadante: de carona no lulismo

Senador recordista em votos, ele aposta na popularidade do presidente para o difícil desafio de levar o PT a um inédito governo paulista

Por Alessandro Duarte, Mariana Barros e João Batista Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 18h35 - Publicado em 24 set 2010, 23h35

Não é por acaso que Aloizio Mercadante considera a persistência sua principal qualidade. Neste ano, ele parte para sua quarta tentativa de ser eleito para um cargo executivo. A primeira vez que concorreu, e lá se vão dezesseis anos, foi como vice-presidente, com Lula candidato. Na segunda, também como vice, pleiteava a prefeitura paulistana, com Luiza Erundina à frente. Disputou ainda o governo do estado na eleição passada, quando foi derrotado pelo tucano José Serra. Agora, enfrenta mais uma vez um adversário peessedebista que aparece como favorito nas pesquisas de intenção de votos, Geraldo Alckmin. Casado e pai de dois filhos, o economista Mercadante, de 56 anos, mora na mesma casa no Alto de Pinheiros desde os tempos em que participou de sua primeira corrida eleitoral (aliás, Serra e Alckmin também). Costuma ir sempre ao mesmo restaurante, um japonês perto de sua casa, Tanuki Sushi, na Vila Madalena.

+ Entrevista com Aloizio Mercadante

+ Guia das eleições: conheça os candidatos ao governo de São Paulo

“Gosto também do Don Curro, mas só vou se for convidado”, diz, referindo-se ao espanhol de Pinheiros, cuja paella custa a partir de 240 reais para três pessoas. Há décadas mantém o mesmo bigode, que considera sua marca registrada. Sobre as piadas a respeito de seu visual — e as inevitáveis comparações com o cantor Belchior —, Mercadante sorri, olha para baixo e alisa levemente o bigodão.

Não ter sido eleito para nenhum cargo administrativo é, em sua visão, o principal motivo de ainda passar despercebido quando caminha pelas ruas da cidade. “A campanha vai permitir que as pessoas se lembrem de mim”, acredita. Além de ser lembrado, ele busca também apagar algumas marcas. No pleito anterior, sua candidatura esteve no epicentro do escândalo dos “aloprados”, quando seu assessor e braço direito Hamilton Lacerda foi acusado de ter levado uma mala com 1,7 milhão de reais a um hotel para comprar um dossiê contra tucanos. A Polícia Federal chegou a indiciar o senador, mas o Supremo Tribunal Federal mandou arquivar a ação com base no parecer da Procuradoria- Geral da República, que não viu indícios de participação do candidato.

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Fundador do PT, Mercadante é identificado com a ala majoritária do partido, em que o ex-ministro José Dirceu, o homem do mensalão, permanece influente. Carrega o segundo maior índice de rejeição entre os candidatos, 25%, segundo o instituto Datafolha, só menor do que o do obscuro candidato do PSTU. “Há uma rejeição ao PT”, afirma. “Mas a obra que construímos, um país que cresce, é muito maior do que os erros cometidos.”

Aliados o descrevem como um candidato que fala bem no palanque, com discursos articulados que empolgam a militância, mas que se sente pouco à vontade nos encontros corpo a corpo. Mercadante detém o título de o senador mais bem votado da história, com o recorde de 10,5 milhões de votos em 2002. Estava certo de que disputaria a reeleição, mas diz que atendeu aos apelos do presidente Lula para lançar-se na corrida ao Palácio dos Bandeirantes. A primeira opção do PT era apoiar o deputado Ciro Gomes (PSB), que havia transferido seu domicílio eleitoral do Ceará para São Paulo.

Com a alta popularidade do governo Lula impulsionando candidaturas petistas por todo o país, Mercadante avalia que o vento sopra a seu favor. Pretende pegar carona na campanha presidencial de Dilma Rousseff e levar a disputa para o segundo turno. “É a melhor posição eleitoral que um candidato do PT já conquistou em São Paulo a vinte dias da eleição”, disse na semana passada, quando contava com 23% das intenções de voto segundo o Datafolha.


Educação

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Proposta: Acabar com a progressão continuada, dar aumento e plano de carreira aos professores, informatizar a rede e distribuir laptops a professores e alunos.

Custo estimado pela campanha: 2 BILHÕES DE REAIS com a distribuição de computadores. O aumento salarial não foi especificado.

Viabilidade (média): A distribuição de computadores cabe no orçamento, mas o aumento salarial teria um grande impacto na folha de pagamento, que consome 70% do orçamento da Secretaria de Educação, de 16 bilhões de reais.

Pedágios

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Proposta: Rever contratos de concessão rodoviária para reduzir as tarifas e implantar um sistema automático semelhante ao Sem Parar, cobrando por quilômetro rodado.

Custo estimado pela campanha: ZERO. O candidato pretende propor às concessionárias a prorrogação dos contratos em troca de tarifas mais baratas.

Viabilidade (média): Pode haver problemas jurídicos com as concessionárias na proposta de revisão dos contratos. A cobrança por trecho exige investimentos em infraestrutura.

Infraestrutura

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Proposta: Construir 30 quilômetros de metrô, ampliando a Linha 2 – Verde até a Estação Penha (da Linha 3 – Vermelha) e a Linha 5 – Lilás até a Estação Chácara Klabin (da Linha 2 – Verde), implantando a Linha 6 – Laranja e concluindo a 4 – Amarela.

Custo estimado pela campanha: Aproximadamente 10 BILHÕES DE REAIS

Viabilidade (alta): O investimento em metrô neste ano foi de 4 bilhões de reais. Se for mantido o ritmo, serão 16 bilhões até 2014.

Segurança

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Proposta: Separar os presos em primários, reincidentes, perigosos e chefes do crime organizado. Bloquear o sinal de celulares nos presídios e implantar monitoramento eletrônico de detentos com pulseiras e tornozeleiras magnéticas. Ampliar o policiamento e integrar inteligências das polícias civil, militar, federal e penitenciária.

Custo estimado pela campanha:
1 BILHÃO DE REAIS

Viabilidade (alta): O investimento em modernização neste ano foi de 470 milhões de reais. Em tese, as modernizações poderiam ser implantadas em dois anos.

Saúde
Proposta:
Estabelecer convênios com clínicas e laboratórios particulares para que pacientes do SUS sejam atendidos nos horários ociosos, especialmente durante a noite. Construir oito hospitais regionais e trinta clínicas, além de participar do esforço de implantação do Samu e das Upas.

Custo estimado pela campanha:
1,6 BILHÃO DE REAIS

Viabilidade (média): Mantendo-se o atual nível de investimento da pasta — de 452 milhões de reais —, chega-se em quatro anos ao custo estimado pelo candidato. Não se sabe se clínicas particulares topariam receber pela tabela do SUS, mesmo em horários ociosos.

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