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Perita duvida que Marcelinho seria capaz de cometer o crime sozinho

Presidente da Associação dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo diz ainda que tiros não foram à queima-roupa

Por João Batista Jr. e Nataly Costa
Atualizado em 5 dez 2016, 15h43 - Publicado em 13 ago 2013, 17h35

Uma das versões da polícia para o caso Marcelinho – a de que os tiros foram dados à queima-roupa – é contestada pela presidente da Associação dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo, Maria do Rosário Mathias Serafim, de 70 anos. Ela ainda questiona a capacidade do menino para cometer o crime sozinho. Aposentada, a especialista teve acesso às fotos e disse também que o garoto tinha um “semblante aflito” e cara de choro. 

“Eu vi fotos da cena do crime e, pelo meu trabalho como perita durante 35 anos, posso garantir algumas coisas. A primeira delas: os tiros não foram disparados à queima roupa, uma vez que a região onde a bala perfurou a cabeça não tinha o que chamamos de coroa de queimadura. Estava apenas o furo, sem nada deteriorado ao redor. Ou seja, o menino teria de ser um excelente atirador para desperdiçar uma bala – o que eu duvido.” Rosário acredita que os tiros, na verdade, foram disparados a curta distância. 

Ela também notou algo estranho na posição de Andréia Pesseghini, mãe do garoto. “A mãe, além do menino, claro, foi a única que estava acordada enquanto foi assassinada, uma vez que estava com os olhos abertos. Outro ponto importante: havia somente um travesseiro no colchão de casal na sala onde os crimes ocorreram porque a Andréia dormia no quarto e o marido na sala.” A perita acredita que os pais do garoto não dormiam juntos. 

 

Na tarde desta terça (13), para tentar traçar um perfil psicológico do garoto, a polícia escutou duas pessoas ligadas ao garoto. A primeira foi Maristela Rodrigues, diretora do Colégio Stela Rodrigues, na Freguesia do Ó, onde Marcelinho estudava desde os 5 anos. A segunda foi um colega de classe, também de 13 anos, cuja identidade não foi relevada. A polícia só diz que não é o mesmo amigo que já foi ouvido no último dia 6 (terça-feira) e que teria revelado a vontade de Marcelinho de matar os pais e fugir.

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Também à tarde, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) divulgou uma nota reafirmando que mantém a linha de investigação e que o menino ainda é o principal suspeito. Matéria divulgada pelo portal UOL afirma que a diretora do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), Elisabete Sato, teria dito que o departamento também trabalha com a hipótese de crime passional ou vingança, informação que foi desmentida pela SSP. “Indagada sobre essa hipótese, a delegada disse que todas as informações que chegarem ao departamento serão verificadas na investigação”, dizia a nota.  

O delegado Itagiba Franco, do DHPP, também quer convocar para os próximos dias policiais da Rota (onde o pai do menino trabalhava) e do 18º Batalhão (onde a mãe dele atuava) para prestar depoimento. A ideia é ter mais informações sobre a relação entre Luís Marcelo e Andréia, os pais, e entender em que ambiente familiar vivia o filho do casal. Um policial que trabalhava com Luís Marcelo já foi ouvido na semana passada. Ao todo, 22 testemunhas já prestaram depoimento no DHPP, segundo a polícia. 

São esperados para esta semana os primeiros laudos que comprovem a sequência das mortes e o horário de cada uma. Isso pode ser decisivo para atestar se o menino realmente matou a família na madrugada de domingo (4) para segunda (5) e se matou depois de ir à escola na segunda de manhã – como acredita a polícia – ou se houve a participação de outras pessoas na chacina.

 

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Familiares, professores e médicos que tratavam Marcelinho – ele tinha fibrose cística, uma doença que afeta o crescimento – não acreditam que ele tenha cometido os crimes. As maiores provas contra ele são imagens de câmeras de segurança que mostram o menino saindo do carro da mãe para ir à escola e o depoimento do melhor amigo. 

Caso

Marcelo Eduardo Pesseghini, de 13 anos, suspeito de ter matado a família e depois se suicidado na semana passada, na Brasilândia, Zona Norte de São Paulo. O sargento Luis Marcelo Pesseghini, de 40 anos, pertencia à Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e sua mulher, Andréia Regina Bovo Pesseghini, de 36 anos, era cabo do 18º Batalhão da PM. O casal e o filho, Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, o Marcelinho, foram encontrados mortos, com tiros na cabeça, em um colchão na sala de casa. Uma pistola .40 foi estava na mão esquerda do menino, sob o seu corpo.

Em uma outra casa, no mesmo terreno, a mãe de Andréia, Benedita Oliveira Bovo, de 65 anos, e sua tia, Bernadete Oliveira da Silva, de 55, também foram encontradas mortas com tiros na cabeça. A polícia afirma que todos os disparos vieram da mesma pistola encontrada com Marcelinho. Na garagem havia uma mochila que pertencia ao menino com uma faca, um revólver 32 sem munição, roupas e papel higiênico. 

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