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Meu filho, meu herói

Experiências emocionantes de paulistanos que são pais de crianças com deficiência

Por Mauricio Xavier
Atualizado em 27 dez 2016, 19h37 - Publicado em 12 ago 2011, 20h10

Por volta das 9 da manhã do dia 29 de novembro de 2004, o desenhista Flavio Soares chegou ao Hospital e Maternidade Modelo Tamandaré, na Liberdade, para aguardar o nascimento de seu primeiro filho, Logan. Cerca de cinco horas depois, viveria um dos momentos mais desesperadores de sua vida ao ser chamado a um canto do corredor por uma pediatra para receber a notícia de que a criança tinha síndrome de Down. “Foi, possivelmente, a única vez em que perdi totalmente o controle do meu corpo, tremi da cabeça aos pés e chorei muito”, lembra.

Àquela altura, não fazia a menor ideia do que era a doença e sentia um medo enorme do futuro. Essa sensação foi esquecida há muito tempo. Hoje, ele mantém um blog com dicas para pais que enfrentam a mesma situação e publica na internet a tira “A Vida com Logan”, retratando passagens do cotidiano com o menino de 6 anos. O trabalho foi recentemente indicado a uma das categorias da edição 2011 do troféu HQMIX, o prêmio mais importante do mercado brasileiro de história em quadrinhos (o resultado sai em setembro). “Chega uma hora em que os problemas ficam em segundo plano e você se concentra nas necessidades da criança e no potencial que ela pode desenvolver”, diz Soares.

Essa é uma história recorrente entre as centenas de homens que têm filhos com deficiência em São Paulo. O drama inicial é substituído, aos poucos, pela constatação de que alguns obstáculos e dificuldades são bem menores do que os pais haviam imaginado a princípio. “Eles percorrem o que chamamos de ‘cinco fases do luto’: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação”, explica a psicóloga Iracema Madaleno, da Associação de Assistência à Criança Deficiente. “O tempo necessário para atingir o fim desse ciclo varia de pessoa para pessoa, mas todos acabam chegando lá.”

São pais que orientam, apoiam e vibram com as conquistas de seus rebentos. Aliás, como qualquer outro pai que comemora seu dia neste domingo (14). “Não vejo meus garotos como deficientes, eles são iguais aos outros, o tratamento é o mesmo”, afirma o vendedor Luis Fernando de Noronha, que cuida de um casal de gêmeos de 7 anos: Juliana, que tem má-formação da coluna, e Fernando, com paralisia cerebral.

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Apesar das dificuldades, os pequenos, muitas vezes, acabam se tornando guias de seus tutores. “Ele me transformou em uma pessoa melhor”, garante o empresário Helton Diaquison de Araujo, referindo-se a Arthur, de 4 anos, portador de uma atrofia muscular espinhal. “Já aprendi com ele muito mais do que eu seria capaz de ensinar.”

Em um levantamento de 2008, a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida estimou que cerca de 1,1 milhão de paulistanos, ou 10,9% dos habitantes da metrópole, possuem alguma restrição física, motora, intelectual ou sensorial. Em estudo de 2003, o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas concluiu que os casos mais agudos representariam 2,5% da população brasileira. Com base nesse índice, o contingente na capital seria de aproximadamente 280.000 pessoas. Conheça, nas próximas páginas, sete aventuras desses pequenos heróis, narradas por seus fiéis escudeiros.

 

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ONDE BUSCAR AJUDA

Algumas instituições de apoio às pessoas com deficiência em São Paulo

Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Rua Líbero Badaró, 119, centro, tel.: 3113-9672

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Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual (Laramara), Rua Conselheiro Brotero, 338, Barra Funda, tel.: 3660-6400

Associação Brasileira de Assistência e Desenvolvimento Social (Abads), Avenida Morvan Dias de Figueiredo, 2801, Vila Guilherme, tel.: 2905-3045

Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), Avenida Professor Ascendino Reis, 724, Ibirapuera, tel.: 5576-0777

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Associação Desportiva para Deficientes (ADD), Rua das Pitombeiras, 296, Vila Parque Jabaquara, tel.: 5011-6133

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de SP (Apae), Rua Loefgreen, 2109, Vila Clementino, tel.: 5080-7000

Centro de Recursos em Deficiência Múltipla Surdocegueira e Deficiência Visual (Adefav), Rua Clemente Pereira, 286, Ipiranga, tel.: 3571-9511

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Fundação Dorina Nowill, Rua Doutor Diogo de Faria, 558, Vila Clementino, tel.: 5087-0999

Lar Escola São Francisco, Rua dos Açores, 310, Ibirapuera, tel.: 5904-8000

Instituto Mara Gabrilli, Avenida Rebouças, 3970, 2º subsolo, loja 2001, e-mail: contato@img.org.br

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