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Discos voadores

Por Ivan Angelo
Atualizado em 5 dez 2016, 17h59 - Publicado em 18 jun 2011, 00h50

Faz tempo que não se ouve falar de aparecimento de novos discos voadores. Passou a moda? Os ETs não nos querem mais? Enjoaram-se de nós? Cansaram-se da paisagem NatGeo do planeta e foram rodopiar em outras galáxias? Ficaram aborrecidos com alguma coisa? Terão achado que os pintamos feios demais? Ou nós é que simplesmente desistimos deles?

Cresci no auge da boataria. Começou com um piloto norte-americano de caças contando que havia visto nove estranhos discos voadores brilhantes evoluindo perto de um monte, no estado de Washington. Era 24 de junho de 1947, Guerra Fria, e a onda começou: seria coisa dos russos ou de outro planeta. Venceu a hipótese de naves vindas do espaço sideral, bem mais sensacional e perturbadora.

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Outras formas de objetos voadores não identificados foram engrossando a onda: pratos, charutos, triângulos, esferas… Dois repórteres da revista O Cruzeiro forjaram fotos de discos voadores: um lançou pratos girando no ar na Barra da Tijuca, o outro fotografou, a revista publicou e o Brasil entrou na rota dos tais discos. Eu lá, menino, no meio da boataria. Antes, não se via. Cronistas de reinos passados, gênios das navegações, Leonardos, historiadores, cientistas, malucosbeleza, folhetinistas, jornais, cronistas dos primeiros 400 anos da imprensa não falam de discos, pratos ou charutos voadores, nem de pessoas que os tivessem avistado. Ninguém foi abduzido de 1950 para trás.

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As religiões não nos deixavam sequer pensar em outros mundos, quanto mais em outros seres. Pois, se Deus houvesse criado outros seres em outros mundos, teria contado para os profetas. Portanto, não havia. Minto. O profeta Ezequiel, de 600 anos antes de Cristo, relata que viu grandes rodas luminosas girando no ar, subindo e descendo, e havia seres lá dentro. Melhor pensar que eram anjos. Antes da boataria, só deuses e anjos desciam até a superfície da Terra; e diabos subiam.

Pouco antes dos discos voadores, éramos nós, terráqueos, que nos aventurávamos pelo espaço, nas histórias em quadrinhos e no cinema dos anos de 1930/40: Buck Rogers, Flash Gordon (desenhado pelo grande Alex Raymond), Brick Bradford. Tão cedo quanto 1902, o cineasta francês Georges Meliès deu um tiro de foguete tripulado no olho da Lua. Mais tarde vieram planetas proibidos, guerras nas estrelas, humanos perdidos no espaço. Nós nos enturmamos na galáxia.

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Em obras de ficção, sim, havia ETs na Terra. Raros, na verdade. Voltaire criou um no século XVIII, Micromegas, para dar lições de humildade aos homens. Famosos mesmo ficaram os marcianos do escritor inglês H.G. Wells, de ‘A Guerra dos Mundos’ (1898), que invadem a Terra em busca de sobrevivência, após exaurir seu planeta. Foi adaptada para o rádio (numa versão assustadora feita por Orson Welles) e para o cinema.

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Depois que aquele piloto relatou ter visto discos voando sobre o estado de Washington, pessoas começaram a ver ETs pelo planeta. Diz-se que assombração sabe para quem aparece: extraterrestres também sabem.

O cinema se habituou a representá-los como monstros apavorantes interessados em destruir a humanidade. Que eu me lembre, só recebemos um visitante bonzinho, o Klaatu de ‘O Dia em que a Terra Parou’, e o tratamos mal. Até que Steven Spielberg nos deu o seu frágil ET queridinho.

O Super-Homem, na minha opinião, é o mais queridinho dos ETs. Tão gente boa que nem é visto como extraterrestre, e sim como um de nós. Profissional sério, namorado fiel, bom filho, discreto, bem-arrumado, incorruptível, da paz… — e pronto para resolver qualquer parada duríssima. Quem nos dera se, no próximo dia mundial dos discos voadores, uma revoada deles deixasse por aqui uma brigada desses ETs do bem. Estamos precisados.

 

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E-mail: ivan@abril.com.br

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