Corinthians lucra na série B
A temporada na série B foi ótima para o Corinthians: o clube empolgou os torcedores e aumentou seus ganhos
Estádio do Pacaembu. Muitos dos 35 000 corintianos entoaram a canção, adotada como o hino da volta do Timão à série A do Campeonato Brasileiro. O refrão “Eu voltei, agora pra ficar” foi cantado por jogadores e espectadores, além de ter sido estampado em 40 000 bandeirinhas distribuídas pelo clube. Naquela tarde, 327 dias após ser rebaixado à série B, o Corinthians venceu o Ceará por 2 a 0 e garantiu o retorno à primeira divisão do futebol brasileiro seis rodadas antes do fim do campeonato. “A equipe sempre foi de altos e baixos”, diz o apresentador e torcedor alvinegro Serginho Groisman. “Em tempos ruins, ela inspira pelo envolvimento da torcida.”
A passagem pela série B foi, por incrível que pareça, excelente para o Corinthians. “Com a queda, aprendemos que nosso diferencial é o forte vínculo que temos com a Fiel”, afirma o diretor de marketing Luis Paulo Rosenberg. “Usamos esse fator para ter um grande sucesso comercial.” De janeiro a setembro deste ano, 70,7 milhões de reais entraram nos cofres do clube – cerca de 45% a mais que no mesmo período do ano passado. Entre 2005 e 2007, o Timão acumulou prejuízos de mais de 56 milhões de reais. As dívidas ainda são grandes: 93,6 milhões de reais. “Essa evolução financeira nos permitiu investir mais”, conta Rosenberg. Foram criadas nove grandes iniciativas de marketing para aproveitar a fase. É o caso da televisão via internet TimãoTV. Lançada há sete meses, a iniciativa conta com mais de 3 000 assinantes que pagam 10 reais mensais para assistir a vídeos de entrevistas e treinos. Na última partida da série B em São Paulo, contra o Avaí, no próximo dia 22, o time vai entrar em campo com um uniforme especial. As camisas trarão fotos 3 por 4 de fãs. Cada um dos 4 000 espaços disponíveis está à venda por 1 000 reais. Até agora, 600 torcedores garantiram seu lugarzinho.
Não só o clube ganhou com a crise. Groisman, por exemplo, acaba de lançar o livro Meu Pequeno Corintiano. Ele roteiriza também o documentário Fiel, com foco na passagem pela Segundona. Os fotógrafos Sergio Barzaghi, Gustavo Scatena e Leonardo Soares, além do jornalista João Novaes, planejam um livro com 100 imagens do período. Presente em todos os jogos, o grupo retratou o ponto de vista do torcedor. “Tive a idéia no momento da queda”, conta Barzaghi. “Quando ouvi a torcida gritar nunca vou te abandonar, pensei: isso rende um bom trabalho.” Ainda vêm por aí um livro-reportagem, filmes e documentários. Depois de toda essa empolgação, resta saber se o Corinthians está preparado para encarar a série A novamente. “Hoje, não tem time para tal”, diz o comentarista Milton Neves, santista assumido. “Mas espero que haja contratações, pois não gostaria de ver novamente os corintianos na segunda divisão.”
A recuperação do Timão
70,7 milhões de reais entraram nos cofres do clube de janeiro a setembro deste ano. Cerca de 45% a mais que no mesmo período de 2007
15,7 milhões de reais renderam os contratos de patrocínio, número 16% superior ao do ano passado
14,8 milhões de reais foram arrecadados na bilheteria. Mais que o dobro de 2007
25 000 torcedores é a média de público de 2008 até agora. No ano passado, foi 20 500