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Colégio Vértice, primeiro colocado no Enem, dá dicas para ser o melhor

Pela primeira vez classificada no topo do exame nacional, escola investe na capacitação dos professores

Por Daniel Salles
Atualizado em 5 dez 2016, 18h41 - Publicado em 23 jul 2010, 21h44

Instalado em um conjunto de casinhas amarelas no Campo Belo, na Zona Sul, o Colégio Vértice ostenta agora o título de o melhor do Brasil. Pelo menos de acordo com o recém-divulgado resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Campeão na capital desde 2006, quando a classificação começou a ser elaborada — e nono lugar no ranking nacional do ano passado —, o Vértice desbancou o centenário São Bento, do Rio de Janeiro, que nas duas últimas edições ocupava a primeira posição. Opcional, o exame foi realizado em dezembro por quase 2,6 milhões de estudantes de todo o país. Cerca de quarenta alunos do Vértice participaram. Fundado em 1976 pela pedagoga Walkiria Gattermayr, o colégio é um dos mais caros da cidade — a anuidade no 3º ano do ensino médio custa 35 800 reais. Suas salas de aula, no entanto, são convencionais, com lousa verde, carteiras e, às vezes, um projetor. “Investimos principalmente na capacitação de nossos professores”, afirma Walkiria.

O levantamento do Enem é uma ferramenta importante para avaliar a qualidade das instituições de ensino e serve de referência para muitos pais decidirem onde matricular seus filhos. Especialistas ouvidos por VEJA SÃO PAULO, porém, ressaltam que o ranking não deve ser o único critério adotado. “É fundamental analisar o currículo oferecido”, diz o economista Claudio de Moura Castro. “Um jovem que ambiciona trilhar uma carreira concorrida, como direito, poderá se frustrar se optar por uma escola que privilegia as artes e o esporte.” A orientação pedagógica, a disciplina e a localização são outros quesitos que devem ser muito bem analisados pelos pais. A seguir, dez lições da escola campeã.

1. Selecionar os alunos

Ao contrário de boa parte dos colégios particulares, o Vértice não realiza vestibulinho para escolher seus estudantes. Os candidatos a uma vaga nos ensinos médio e fundamental, porém, são submetidos a uma entrevista, passam um dia na escola e devem mostrar cadernos e apostilas utilizados no passado. Aspirantes com histórico de notas ruins e que não costumam fazer lições de casa ou anotações durante as aulas costumam ser recusados.

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2. Realizar testes semanalmente

Além de provas bimestrais, os alunos precisam realizar testes semanais, conhecidos como “verificações de aprendizagem”, feitos oralmente ou através de seminários e debates. O objetivo é estimular hábitos regulares de estudo e não apenas nos dias próximos ao período de provas. “Assim, os estudantes deixam de entrar em pânico ao ser avaliados”, afirma Adilson Garcia, um dos diretores. Quem apresenta resultados insatisfatórios é convocado para aulas de reforço fora da jornada escolar.

3. Avaliar o comportamento dos estudantes

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A cada dois meses, os pais recebem um boletim com as notas de seus filhos. Até aqui, nenhuma novidade. Ocorre que, para atribuí-las, os professores também levam em consideração aspectos como comprometimento e respeito aos colegas. “Preparar os alunos para ingressar em boas faculdades é uma de nossas metas”, explica Garcia. “A outra é formar cidadãos responsáveis, que saibam refletir sobre suas atitudes.”

4. Promover atividades extracurriculares

Para garantir o bom desempenho em sala de aula, os diretores do colégio se desdobram para promover atividades fora dela. Há desde esportes tradicionais, como basquete, judô e futebol de salão, até oficinas de artes, teatro, sapateado e xadrez. Visitas a museus e exposições são organizadas duas vezes por ano para cada série. Algumas atividades são cobradas à parte e realizadas depois do período escolar. “Livros e apostilas não são as únicas ferramentas de aprendizagem”, diz a fundadora do colégio, Walkiria Gattermayr.

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5. Incluir no currículo conteúdos interdisciplinares

Desde o ensino fundamental, os alunos do Vértice estão habituados a estudar os conteúdos de forma interdisciplinar. A cada ano, um grande tema é selecionado para ser debatido em todas as disciplinas. Em 2009, atividades relacionadas ao continente africano foram incluídas nas aulas de geografia, filosofia e música. Em 2010, o assunto escolhido foi a Copa do Mundo. O objetivo é trazer para a sala de aula assuntos do cotidiano, cada vez mais comuns em vestibulares.

6. Ampliar a jornada escolar

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As aulas começam às 7h15 e terminam às 12h45. Às terças e quintas, os jovens matriculados no 1º e 2º ano do ensino médio são liberados apenas às 19 horas. No último ano, a jornada escolar inclui todas as tardes de segunda a sexta. O aumento do número de aulas garante a todos os alunos que ampliem efetivamente o tempo de estudos no período pré-vestibular. “Em casa, livros e apostilas costumam ser trocados por videogames e redes sociais da internet”, acredita Garcia.

7. Limitar o número de vagas

Com 900 estudantes, a escola possui em média duas classes por série, com cerca de trinta alunos. Para evitar a “turma do fundão”, as salas têm no máximo quatro fileiras de cadeiras. “Se aceitássemos um número maior de alunos, não teríamos como acompanhá-los de perto e descobrir suas dificuldades”, diz Walkiria.

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8. Pagar bons salários

Chega a ser uma obviedade: professores bem remunerados se empenham mais para despertar o interesse de jovens pelo conhecimento. Os do Colégio Vértice ganham em média 7 000 reais. Para efeito de comparação, o salário inicial de um educador da rede pública paulista é de 1 844 reais, por quarenta horas semanais de trabalho. Graças à boa remuneração, 80% dos professores do Vértice trabalham apenas ali.

9. Investir na capacitação dos professores

Não é preciso ter título de mestrado para trabalhar no Vértice. São aceitos, inclusive, profissionais recém-formados. O aprimoramento dos professores, no entanto, é constante. A cada quinze dias, eles se reúnem para discutir estratégias de ensino com um dos diretores, debater artigos científicos ou para assistir a palestras de educadores.

10. Organizar eventos para os pais

Nem todos os pais costumam participar da rotina escolar de seus filhos. Para reverter esse quadro, o Colégio Vértice promove todos os anos cerca de oito palestras sobre temas ligados à educação para pais e professores. A presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Quézia Bombonatto, foi uma das convidadas recentes. “Com essa interação, nossos alunos se sentem mais motivados a estudar, pois o apoio familiar aumenta”, afirma Walkiria.

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