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Casarões na Avenida Nove de Julho estão abandonados

Cinco casarões em um dos trechos mais elegantes da Avenida Nove de Julho estão em frangalhos. Maltratados, viram alvo de pichadores e sem-teto

Por Camila Antunes
Atualizado em 5 dez 2016, 19h28 - Publicado em 18 set 2009, 20h29

Quando as obras da Avenida Nove de Julho começaram, na década de 20, o então prefeito Pires do Rio sonhava com uma via que corresse no meio de um parque, desde o Vale do Anhangabaú até a região da Paulista. O tal parque nunca saiu do papel e a Nove de Julho (que seria batizada inicialmente de Anhangabaú) só foi concretizada em 1941, por Prestes Maia. Tornou-se um dos mais importantes elos entre o centro e a Zona Oeste. Em 2004, foi enterrada a fiação, ajeitada a calçada e providenciada a instalação de novos pontos de ônibus. Mais recentemente, com a Lei Cidade Limpa, foram retirados outdoors e letreiros que escondiam as fachadas de casarões.

Essa faxina, no entanto, revelou uma faceta feia e malcuidada da avenida. Entre a Alameda Lorena e a Avenida Brasil, um de seus trechos mais elegantes, contam-se ao menos cinco imóveis em estado deplorável de conservação. Os muros estão pichados, os tapumes velhos, os vidros quebrados e o lixo amontoado à porta. Um dos casos mais emblemáticos é o da mansão do número 4130, vizinha ao Automóvel Clube Paulista, onde há blocos de concreto tapando as janelas. Foram colocados depois de uma ação de despejo de sem-teto. Era uma das casas mais luxuosas do bairro. Possuía fonte e elevador.

Nem sempre é fácil mexer em um imóvel na região, já que parte dela pertence ao perímetro de tombamento dos Jardins. Qualquer intervenção que venha a ser feita deve ser submetida aos órgãos de proteção ao patrimônio histórico do estado e do município. Em 2006, o grupo SP Japan Motors, que comercializa carros, comprou três lotes na avenida (um deles, o de número 4108). Pretendia construir um enorme showroom com escritório para a diretoria no 2º piso. Parte do projeto chegou a ser aprovada na prefeitura. “Paramos com as obras porque nos proibiram de unir os lotes”, conta um dos diretores do grupo, Nelson Gebara. Nos quase dois anos que se seguiram, o mato cresceu, a campainha quebrou, os tapumes de madeira foram pichados…

Semelhante impasse transformou a casa de número 3766 numa locação perfeita para a gravação de um filme de terror. Vendido há um ano, o imóvel permanece trancado, enquanto seus donos esperam pela licença para executar uma reforma. Freqüentemente, mendigos dormem à sua porta. Da construção que abrigou o antigo Hospital Casa Branca, no número 3258, fechado em meados da década de 90, sobrou apenas a carcaça, atrás de um tapume grafitado. É atualmente habitada por uma família de caseiros. A quinta história de abandono é a do sobrado amarelo no número 3544. Um de seus proprietários, o executivo do setor bancário Rafael Palladino, disse que a casa é irrecuperável. “Compramos com o intuito de demoli-la e construir no lugar um prédio de escritórios”, conta. Seria preciso, contudo, convencer os donos do bar e da oficina mecânica ao lado a vender seus imóveis também. “Já que não conseguimos, dentro de quarenta dias vamos demoli-lo e fazer um estacionamento”, afirma Palladino.

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