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‘Caçadores de desconto’: os paulistanos que vivem atrás de boas ofertas

A empresária que garimpa roupas de grife em brechós e outros moradores aficionados por promoções

Por Aretha Yarak
Atualizado em 5 dez 2016, 13h51 - Publicado em 7 nov 2014, 23h50

Pelo menos uma vez por semana a empresária Luzia Assad, de 55 anos, garimpa roupas de grife em brechós da capital. Em endereços espalhados pelos Jardins, Vila Madalena e Itaim Bibi, ela consegue descontos de até 90% em peças de grifes como Ralph Lauren, Calvin Klein e Prada. “Encontro valores bons assim só em liquidações nos Estados Unidos, então são uma ótima pechincha até para presentear”, comenta.

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Ela adquiriu o hábito de bater perna no circuito desse tipo de comércio durante os cinco anos em que morou em Nova York e em Londres. Hoje, cerca de 80% do seu armário é composto de roupas de grife de segunda mão. Sua última grande aquisição foi uma calça da Bobstore, ainda com a etiqueta, por meros 45 reais (na loja oficial, a peça nova custa cerca de 300 reais).

De promoção em promoção, Luzia acaba gastando os tubos. Certo mês, conta, torrou cerca de 4 000 reais em compras. Normalmente, a empresária compromete 15% do orçamento mensal com as aquisições. Ela faz parte da tribo de caçadores de descontos, gente que vive na cidade em busca de uma boa oferta. A tecnologia vem facilitando bastante a vida dessa turma. Sites de liquidações e aplicativos que rastreiam a queima de estoques estão entre as armas modernas dos fanáticos por descontos.

 

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A propagandista Magda Melo, de 35 anos, calcula economizar até 20% nas compras de mercado procurando pechinchas pela internet. “Pelo menos uma vez por semana, chega alguma encomenda aqui em casa”, conta. Alguns pacotes são de peças que comprou sem precisar, como um secador de cabelos e um ferro de passar roupas, ainda empacotados.

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Apesar de não ser adepta de lojas físicas, em março Magda ficou mais de três horas na fila de espera para entrar na inauguração da fast-fashion Forever 21 na capital. Até o pet da sua residência chegou via saldão.Trata-se do lhasa apso Toddy, comprado há dois anos de um criador por 250 reais, a metade do valor de mercado.“Saiu barato, porque ele já tinha 5 meses”, explica. Atualmente, ela se prepara para arrematar eletrodomésticos na próxima edição da Black Friday, que ocorre no dia 28.

No ano passado, o site oficial reuniu cerca de 100 varejistas com descontos de até 70%. Tanta informação disponível sobre pechincha pode representar a desgraça para pessoas com alguma compulsão por consumo (veja no quadro alguns sintomas). Segundo a psicóloga Tatiana Filomensky, especialista em transtornos do impulso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, ser bombardeado por ofertas cria uma sensação de urgência e de necessidade de compra.

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Ela explica que o risco está na fissura em encontrar algo para comprar, apenas para aproveitar um preço baixo. “O melhor seria a pessoa decidir por aquilo que deseja ou de que precisa, e só então sair barganhando”, diz. Para evitar compras desnecessárias, Tatiana recomenda uma tática radical de redução de danos: eliminar o número de aplicativos e sites visitados e descadastrar o e-mail de compras coletivas.

É difícil seguir tais recomendações com a proliferação de grupos de ofertas on-line. Um exemplo da expansão do setor é o portal Méliuz, especializado em cupons de desconto. Com 300 000 pessoas cadastradas, a empresa cresceu mais de 100 vezes em apenas três anos. Um dos usuários é o analista João Riverade Oliveira, de 27 anos. “Faço parte até de uma comunidade que indica erros em sites de compras”, conta. O hábito já lhe rendeu uma bicicleta, uma pilha de livros, aparelho de som, computador, geladeira e fogão. “Cheguei até a comprar uma smart TV de que não precisava e uma máquina de waffle. Ela ainda está na caixa”, confessa. “Mas não pude resistir.”

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