Brasília é homenageada com projeção de fotos no Conjunto Nacional
Na noite da próxima quarta-feira (21), a capital do Brasil completa meio século de vida
Na noite da próxima quarta (21), quando Brasília completa meio século de vida, a parede externa do Conjunto Nacional, no número 2073 da Avenida Paulista, será forrada com a projeção de um vídeo com 78 imagens feitas pelo francês Marcel Gautherot. Nascido em Paris, mas “brasileiro” desde os 29 anos, quando veio morar no Rio de Janeiro, ele registrou o passo a passo do nascimento da nova capital a pedido do arquiteto Oscar Niemeyer. Gautherot, que completaria 100 anos em julho, foi uma espécie de fotógrafo oficial da gênese de Brasília.
“Mas sua obra vai além do documental. Seu olhar é de arquiteto”, diz Sergio Burgi, coordenador da área de fotografia do Instituto Moreira Salles (IMS), realizador da exposição. “Não há registro mais rigoroso, eficaz e abrangente de Brasília do que o feito por ele.” Entre 1958 e meados dos anos 70, o parisiense que cruzou o Atlântico atraído pela cultura amazônica foi habitué do canteiro de obras montado no Planalto Central e fez mais de 3 000 fotos da saga da construção de Brasília. Arquiteto de formação, focou nos traços da cidade, mas não deixou de lado o espaço natural e o lado humano da epopeia.
A projeção ocupará a parede de 35 metros de comprimento por 6 metros de altura na qual, até o advento da Lei Cidade Limpa, em 2007, existiam enormes anúncios publicitários. “É preciso aproveitar de modo mais criativo e relevante os espaços abertos pela lei”, diz Samuel Titan, coordenador executivo do IMS. As imagens se alternarão no paredão do edifício ininterruptamente até o próximo dia 30, das 19 às 5 horas. Cerca de 35% das fotos são inéditas, e estarão no livro Marcel Gautherot — Brasília, a ser lançado também na quarta.
A escolha da famosa esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta como palco da obra do fotógrafo francês não foi feita para levantar comparações com o Eixo Monumental da capital federal. “No entanto, não é difícil traçar um paralelo entre uma cidade planejada, com um forte viés arquitetônico, e uma metrópole que cresceu desordenadamente como São Paulo”, afirma Burgi. “Chegou a hora de refletir se Brasília cumpriu seus objetivos.”