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Livro sobre Boris Kossoy reúne cinco décadas de imagens

Considerado um dos ícones da fotografia do século XX, Kossoy faz resgate histórico de sua obra e permite que sejam apreciadas algumas de suas primeiras imagens

Por Jonas Lopes
Atualizado em 5 dez 2016, 18h40 - Publicado em 30 jul 2010, 22h27

Considerado, ao lado de Geraldo de Barros (1923-1998), German Lorca e Thomaz Farkas, um dos nomes fundamentais da fotografia brasileira no século XX, o paulistano Boris Kossoy, de 69 anos, tem sua trajetória revisitada em ‘Boris Kossoy: fotógrafo’ (216 páginas, R$ 69,00). Apurado visualmente, o livro, que a Cosac Naify lança nesta semana, reúne obras registradas entre 1955 e 2008, além de entrevistas com o artista e um texto de apresentação do crítico Jorge Coli.

Filho de um casal de imigrantes judeus, Boris Kossoy nasceu em São Paulo, mas morou em Guarulhos durante seus primeiros cinco anos de vida. Ao voltar para a capital, passou por alguns bairros até se fixar com os pais nos Campos Elíseos. Ali, o jovem Boris, apaixonado por fotografia depois de admirar veículos de imprensa como a revista ‘O Cruzeiro’, clicou as primeiras imagens com uma câmera de fole, até hoje guardada. Uma foto desse período integra o livro — o registro à contraluz da Avenida São João em 1955.

Além de simbolizar o início de uma carreira prolífica, a cena ressalta o carinho de Kossoy pela cidade e, sobretudo, pelos tempos áureos do centro. “Hoje posso definir minha relação paulistana como sendo de amor e ódio, em doses iguais”, define. Diz ter saudade de “andar de bonde, ir até o Largo do Paissandu, olhar as lojas, avenidas, cinemas, praças e automóveis”. Divide-se atualmente entre uma residência numa rua sossegada do Brooklin Velho, onde mora desde 1975, e uma casa em Florianópolis. “Sinto nostalgia pela São Paulo que se perdeu”, afirma. “Ela virou um pavilhão de desconhecidos. Uma pessoa é capaz de passar a vida inteira aqui e não conhecer dezenas de bairros.”

Estabelecido como fotógrafo na década de 60, Boris Kossoy assinou poucos anos depois seu mais importante trabalho: a série ‘Viagem pelo Fantástico’, publicada em livro em 1971 com prefácio do então diretor do Masp, Pietro Maria Bardi (1900-1999), e parcialmente recuperada em ‘Boris Kossoy: fotógrafo’. Nela, a fotografia documental e jornalística, em voga na época, é abandonada em favor de cenas com personagens e acontecimentos surreais, a exemplo de um maestro regendo em um cemitério vazio ou de um sujeito vampiresco dançando em um salão deserto do Aeroporto de Congonhas.

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 “Em ‘Viagem pelo Fantástico’, ele constrói ficções à maneira de um grande teatro no qual é o diretor”, afirma o crítico Rubens Fernandes Junior. “As pessoas tendem a pensar na fotografia somente como um modo de mimetizar a realidade e mostrar paisagens bonitas”, diz Kossoy. “Minha intenção era construir representações paralelas do real, um universo fantástico e subjetivo.” Além de nomes célebres das lentes, como o húngaro André Kertész e o francês Eugène Atget, o fotógrafo se considera influenciado por cineastas (Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock), escritores (Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares) e artistas plásticos (Edward Hopper e M.C. Escher).

Ele dedicou-se com sucesso também à teoria. Ainda nos anos 70, comprovou que o desenhista francês radicado no Brasil Hercules Florence (1804-1879), integrante da Expedição Langsdorff, usava técnicas fotográficas antes mesmo de Louis Daguerre (1787-1851). Desde 1987, Kossoy é professor da USP — aposentado há dois anos, segue lecionando na pós-graduação. Não resistiu às câmeras digitais. “Procuro utilizá-las, mas com parcimônia, e fotografo apenas o necessário”, conta. “As digitais costumam fazer as pessoas transformar a câmera em metralhadora.”

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