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Livro revisita história da Bienal e explica termos da arte aos jovens

'De Dois em Dois', escrito a seis mãos, é composto de curiosidades, fotos e termos curtos e didáticos

Por Jonas Lopes
Atualizado em 5 dez 2016, 18h30 - Publicado em 29 out 2010, 22h41

Algumas obras de arte contemporânea costumam desafiar a compreensão dos adultos. Mas não deveriam ser motivo de temor para eles, muito menos para crianças e adolescentes, na opinião da escritora e contadora de histórias Renata Sant’Anna. Educadora do Museu de Arte Contemporânea da USP, ela assina, ao lado de Maria do Carmo Carvalho e Edgard Bittencourt, o livro ‘De Dois em Dois: um Passeio pelas Bienais’ (Cosac Naify, 89 páginas, R$ 49,00). Caprichado, o volume busca introduzir o público infantojuvenil em assuntos relacionados ao que se produz de arte hoje por meio da trajetória da Bienal de São Paulo, cuja 29ª edição segue em cartaz até 12 de dezembro no Parque do Ibirapuera. “A criança possui uma capacidade maior de estabelecer contato com os trabalhos exibidos em uma Bienal sem ter ideias preconcebidas, como os adultos”, afirma Renata. “Elas não saem logo dizendo que isto ou aquilo não é arte.” A educadora lamenta que, nas escolas, as aulas fiquem circunscritas, muitas vezes, à Semana de Arte Moderna de 1922. “Ao entrarem em uma mostra, os jovens descobrem que esse universo vai muito além.”

‘De Dois em Dois’ é composto de verbetes curtos e didáticos. Aborda aspectos básicos das edições mais marcantes da mostra, sem se limitar a uma mera cronologia do evento. Há desde curiosidades históricas, como a informação de que a primeira Bienal foi realizada na Avenida Paulista, no local onde hoje se localiza o Masp, até explicações de termos específicos, a exemplo de xilogravura e móbile. Foram coletadas fotografias raras e saborosas do público apreciando obras de Henry Moore, Alexander Calder e Jasper Johns, além de flagrantes de montagem da exposição. O livro se debruça ainda sobre a produção de artistas, alguns deles estrangeiros (Pablo Picasso, Piet Mondrian, Jackson Pollock e Paul Klee, por exemplo) e a maioria, brasileiros (Tarsila do Amaral, Flávio de Carvalho, Oswaldo Goeldi, Tunga, Marcello Nitsche, Regina Silveira, entre outros). “O público pode conhecer pessoalmente obras desses nomes em museus e coleções nacionais sem maiores dificuldades”, diz Renata.

Ela teve a ideia do livro em 1987, quando trabalhou como monitora da 19ª Bienal. Durante o período de exibição, constatou a falta de preparo e de interesse dos visitantes. “Ninguém entendia a importância do evento ou do prédio de Oscar Niemeyer.” Assim, ‘De Dois em Dois’ foi publicado originalmente em 1996 — a nova edição traz textos e fotos diferentes. Para ela, os monitores de exposições costumam repetir um discurso decorado, monótono. “O livro pretende ser um passeio, não uma enciclopédia”, explica. “Não adianta escrever que a Lygia Clark pertenceu a este ou àquele movimento. Acho mais efetivo explicar as ideias dela, contar que sua intenção era ver os espectadores mexendo nas obras.” Não recorrer a um atendimento enfadonho dos monitores é também uma preocupação da atual Bienal, que espera receber até dezembro 400 000 estudantes e professores. Segundo a curadora educacional da 29ª edição, Stela Barbieri, a resposta do público jovem tem sido positiva. “Levamos questões da arte contemporânea para a vida cotidiana de crianças e adolescentes”, diz. “A relação deles com os artistas é muito fértil, pois todos acreditam na força da imaginação, o que torna o diálogo muito rico.”

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