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Aumento de lançamentos imobiliários deixa a CET congestionada de projeto

Um novo prédio é lançado por dia em São Paulo e os reflexos desse boom imobiliário chegaram à mesa de trabalho dos técnicos da CET

Por Maria Paola de Salvo
Atualizado em 5 dez 2016, 19h25 - Publicado em 18 set 2009, 20h32

Um novo prédio é lançado por dia em São Paulo. Os reflexos desse boom imobiliário chegaram à mesa de trabalho de seis técnicos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). São eles os responsáveis por avaliar os transtornos no trânsito causados por grandes empreendimentos, os chamados pólos geradores de tráfego – prédios comerciais com mais de 200 vagas na garagem e residenciais com mais de 500. Há um ano e meio, a CET recebia cerca de dez pedidos de análise por mês. Hoje, são trinta – resultado do aquecimento do mercado imobiliário, que cresceu 10,6% em relação ao ano passado. Como os técnicos não conseguem dar conta da demanda, as pilhas de projetos se acumulam nas escrivaninhas. Atualmente, cerca de 150 construções estão em avaliação e outras quarenta aguardam na fila.

Além de calcular quantos carros entram e saem dos novos imóveis nos horários de pico, a CET tem de propor soluções para diminuir os estragos que eles podem causar. São obras que os empreendedores bancam e executam por conta própria. Só com esse estudo em mãos as empresas obtêm o alvará para a construção. A espera costuma ser grande. “Do início do processo à aprovação, temos aguardado, em média, um ano”, afirma o diretor executivo do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis (Secovi) de São Paulo, Eduardo Della Manna.

As obras para ajudar o trânsito a fluir costumam representar, segundo estimativas do setor, entre 1,5% e 3% do custo total do empreendimento. Orçado em 300 milhões de reais, o megacomplexo empresarial Eldorado Business Tower, por exemplo, teve de desembolsar cerca de 5 milhões de reais para bancar a construção de duas novas faixas de 3 quilômetros cada uma em frente ao edifício, na Marginal Pinheiros. O objetivo é evitar engarrafamentos causados pelos 540 carros que o prédio deve levar para lá nos picos da manhã e da tarde. Finalizadas as obras, a CET fiscaliza se elas estão de acordo com o que foi pedido. “Levamos seis meses para conseguir o habite-se”, diz o engenheiro Sergio Michel Sola, dono de uma consultoria cujo papel é elaborar os projetos e tentar encurtar os prazos de aprovação. “Há muita burocracia e falta de sintonia entre a CET e outras secretarias da prefeitura, o que atrasa tudo.”

Muitos desses pólos geradores de tráfego atropelam a lei e abrem suas portas sem antes melhorar as ruas, aumentar a sinalização, pintar faixas de pedestres e implantar outras medidas exigidas. Quem perde com isso, claro, são os motoristas. Em setembro, por exemplo, uma loja do hipermercado Carrefour, no Jabaquara, foi fechada pela subprefeitura do bairro. Sem a aprovação da CET, o local não tinha permissão para funcionar. Depois de receber multas que ultrapassaram 300.000 reais, o Carrefour informou que as obras exigidas pela CET foram retomadas.

Na semana passada, um grupo de incorporadoras e construtoras – entre elas as gigantes Camargo Corrêa, Tecnisa e Cyrela – assinou uma parceria com a CET. As empresas devem investir 700.000 reais na contratação de uma consultoria e na compra de equipamentos e softwares para modernizar o setor de análise de pólos geradores. A idéia é derrubar o tempo de avaliação de um ano para um mês. “Atualmente, quase todo o processo utiliza papel e é pouco informatizado”, afirma o presidente da CET, Roberto Scaringella, que prometeu contratar mais dez funcionários para dar conta do aumento de serviço.

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“Tempos de aprovação mais curtos tendem a reduzir os custos e a viabilizar o lançamento de mais empreendimentos”, explica o construtor e presidente da Associação Imobiliária Brasileira (AIB), Sérgio Ferrador. Especialistas temem que a interferência do setor privado afrouxe as exigências com o mercado imobiliário. “Agilizar o processo é positivo, desde que a CET mantenha sua análise independente e fiscalize adequadamente as obras”, afirma a engenheira de transportes especialista em pólos geradores de tráfego Lenise Grando Goldner.

A CET engarrafada

• 10,6% foi o crescimento do mercado imobiliário de janeiro a agosto de 2007 em comparação com o mesmo período de 2006. Desde janeiro, um novo prédio é lançado por dia em São Paulo

• A cada mês, a CET recebe trinta novos projetos de pólos geradores de tráfego – grandes empreendimentos com mais de 200 vagas na garagem – para avaliação. Há um ano e meio, eram dez

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O estrago das novas construções

• Um edifício de escritórios de 10 000 metros quadrados joga nas ruas 150 automóveis nos horários de entrada e saída de funcionários

• Nos períodos de maior movimento, um shopping de 30 000 metros quadrados recebe 1 000 carros por hora

• Entre 7 e 8 horas, um conjunto residencial com 1 000 apartamentos movimenta 600 veículos

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• 1 200 veículos por hora são suficientes para lotar e congestionar uma única faixa de uma pista de grande movimento

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