São Paulo ainda tem 152 semáforos parados após temporal de ontem
Apenas 200 aparelhos da cidade são "à prova de chuva". Solução seria adotar o modelo americano "nobreak", que funciona até durante furacões, diz especialista
Um dos principais problemas causados pelo mau tempo em São Paulo é o não funcionamento dos semáforos, que interfere diretamente no trânsito. Depois do temporal que deixou a cidade em estado de atenção na noite de ontem, pelo menos 152 aparelhos apresentavam problemas até o meio-dia desta sexta-feira (15). Do total, 97 estão apagados e 55, em amarelo intermitente, segundo a CET. Isso poderia ser evitado se tivéssemos faróis mais inteligentes, de acordo com o professor de engenharia de transportes da Escola Politécnica da USP, Cláudio Barbieri da Cunha.
“A nossa tecnologia de semáforo é muito antiga e ultrapassada”, diz o professor. Segundo ele, aparelhos mais avançados, conhecidos como “nobreak”, são capazes de funcionar sem energia, por terem bateria – tecnologia essencial em dias de temporal, já que qualquer chuva pode danificar as fiações elétricas da cidade.
De acordo com a CET, apenas 200 dos 54.402 aparelhos têm essa tecnologia. Eles podem funcionar por 4 horas sem abastecimento de energia, o que facilitaria o trabalho das 45 equipes que são geralmente disponibilizadas nas ruas em dias de chuva para reparar os danos.
A empresa Serttel, responsável pelo fornecimento, instalação e manutenção dos equipamentos do tipo “nobreak”, foi contratada por uma licitação de R$ 1,8 milhão – um valor equivalente a R$ 9 mil por equipamento. “O objetivo é proporcionar maior segurança viária na cidade, principalmente em dias de chuva, evitando, além do desligamento completo, o modo amarelo piscante”, informou a companhia, que espera que mais 200 desses equipamentos sejam implementados ao longo deste ano. Em 2011, foram investidos R$ 47 milhões em ações de manutenção do sistema de semáforos e de sinalização de São Paulo.
Modelo americano
O uso da tecnologia “nobreak”, além de uma fiação subterrânea, evitariam um “apagão” dos semáforos mesmo em tempestades. Segundo o professor Cláudio Barbieri da Cunha, isso é o que ocorre nos Estados Unidos, onde a imagem de semáforos caídos mas ainda funcionando, durante a passagem do furacão Sandy, em outubro de 2012, chamaram a atenção. “Existe um plano para a cidade de São Paulo de enterrar toda a fiação, mas isso é muito perigoso em regiões sujeitas a alagamento”, diz ele. “A água é um condutor muito forte de energia e as pessoas podem correr riscos.’