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Antônio Ermírio de Moraes: empresário

Com seu império bilionário em expansão e um trabalho social marcado pela inauguração do Hospital São José, aos 79 anos Moraes coroa uma biografia exemplar para o Brasil

Por Thales Guaracy
Atualizado em 5 dez 2016, 19h26 - Publicado em 18 set 2009, 20h32

Tudo o que cerca o empresário Antônio Ermírio de Moraes é superlativo – e se encontra em franca fase de expansão. Com 1,87 metro, estatura que nele adquire um valor simbólico, ele vive num mundo feito de cifras difíceis de imaginar pelo cidadão comum. O grupo Votorantim, cujo conselho de administração ele preside, tem faturado cerca de 30 bilhões de reais ao ano, dos quais 8 bilhões são lucro líquido, já descontados os impostos. Ermírio dirige pessoalmente a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que prometeu levar adiante há quatro décadas, quando ela contabilizava 72 protestos em cartório e se encontrava a ponto de quebrar. “Pode ficar tranqüilo, vai dar certo”, ele disse ao pai, o senador José Ermírio de Moraes, que então já se encontrava adoentado. Neste ano, depois de investimentos de 5 bilhões de reais, a CBA se transformou na maior fábrica de alumínio primário da América Latina e na maior planta industrial integrada do planeta.

Não foi só uma velha promessa familiar que Ermírio cumpriu com a grandeza de um faraó. Na mesma época em que lhe confiou a CBA, José Ermírio passou ao filho a presidência da Beneficência Portuguesa, então um pequeno hospital, que também se encontrava em dificuldades financeiras, para o qual ele construíra um edifício na Rua Maestro Cardim. Em novembro, Antônio Ermírio inaugurou o Hospital São José, quinto edifício que ele juntou ao do pai no complexo hospitalar que dirige como voluntário agora há 37 anos. Planejado para ser um modelo de excelência, com hotelaria cinco-estrelas e equipamentos de última geração, o São José tem mais de 23 000 metros quadrados de área construída, 111 leitos, apartamentos com sala de estar e varanda e salas de UTI individualizadas. Para construí-lo, ao custo de 60 milhões de reais, Ermírio utilizou recursos próprios da Beneficência Portuguesa, algo que parece miraculoso, porque lá 60% dos pacientes são atendidos pelo Sistema Único de Saúde, o SUS, que não reajusta desde 1996 os preços que o governo paga aos hospitais pelo atendimento prestado no lugar do serviço público. “Esse é o meu maior orgulho”, diz ele, que promete manter essa mesma relação no sofisticado São José, para o susto dos outros 24 diretores da instituição, voluntários como ele.

Como ele torna isso possível? Mesmo aos 79 anos, Antônio Ermírio não deixa de ir ao hospital diariamente e pode ser visto trabalhando aos sábados e muitas vezes aos domingos. Na Beneficência, com um corpo clínico de 1 500 profissionais e 5 000 funcionários, onde se realizam 600 transplantes ao mês, não se gasta um tostão sem sua assinatura. Candidato derrotado ao governo de São Paulo em 1986, Antônio Ermírio acentuou nos últimos anos sua ojeriza pela política. Concentra-se no objetivo de contribuir com o país pelo exemplo de trabalho e dedicação, mesmo que se sinta um pouco ignorado, especialmente pelos mais jovens. Por temperamento e necessidade, criou para si mesmo um país dentro do país, que depende pouco do governo. A CBA é um complexo industrial completo, desde a extração da bauxita, matéria-prima do alumínio, até a fabricação do produto acabado. A Votorantim fez estradas de ferro para o transporte da produção e possui dezoito hidrelétricas, que fornecem 60% da energia necessária nas fábricas do grupo. “Eu não faço isso pelo dinheiro, é para o Brasil”, afirma ele. Seriam palavras vazias, se não viessem de um homem que vive de maneira tão espartana, mesmo à frente de uma das maiores fortunas do planeta. “Eu detestaria passar aos meus filhos a imagem de um homem de posses e mais nada, um parasita da nação”, diz. Antônio Ermírio tem nove filhos. Sem dúvida, ele é o Brasil que faz.

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