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Alckmin muda titular da Secretaria de Segurança Pública

Sai Antonio Ferreira Pinto, entra o procurador de Justiça Fernando Grella Vieira

Por Daniel Bergamasco
Atualizado em 5 dez 2016, 16h35 - Publicado em 23 nov 2012, 18h46

Com a fala mansa e formal, de sotaque interiorano, e a sobrancelha direita frequentemente arqueada, o procurador de Justiça Fernando Grella Vieira, de 55 anos, tomou posse como secretário de Segurança Pública na quinta (22), fazendo um discurso breve, de sete minutos, gastos em boa parte para cumprimentar as autoridades presentes no Palácio dos Bandeirantes. Pouco antes, em quase meia hora de pronunciamento, Antonio Ferreira Pinto despediu-se do cargo que ocupou por três anos e meio: as mãos inquietas, levemente trêmulas, e frases que resumiam seu orgulho pelo trabalho que realizou, como “a porta do gabinete é alta o suficiente para sair de cabeça erguida” e “a administração penitenciária é uma cachaça, quem passa por lá não se desvincula”.

Nos bastidores, as diferenças notadas ao microfone são ainda mais claras. Sai o estilo Ferreira Pinto, que promoveu uma necessária faxina nas polícias Civil e Militar — só na Militar, houve 926 demissões — e priorizou, para reprimir o crime, sobretudo o crime organizado, a atuação linha-dura da Rota. E chega Grella, considerado pelo governador Geraldo Alckmin mais adequado para abrandar disputas internas, controlar a polícia e, em especial, estancar a evolução de homicídios dolosos na capital.

Embora o estado ainda tenha uma das menores taxas de criminalidade do país, a situação provocou um desgaste no titular da pasta. A tabulação dos dados de violência em outubro antecipou a troca: foram 176 pessoas assassinadas, ante 82 no mesmo período de 2011, o que representa um salto de 92%. No total dos primeiros dez meses do ano, o aumento foi de 33%. Só entre policiais militares, a conta é de 93 mortos até o dia da posse, no que é considerado, em boa parte, uma reação ao endurecimento das ações de repressão ao crime.

Quarto de seis filhos de um contador e uma dona de casa de Capivari (a 143 quilômetros da capital), Grella cursou direito na PUC de Campinas e passou quase três décadas no Ministério Público, onde, entre 2008 e 2012, ocupou o cargo mais alto, o de procurador-geral. A proposta para assumir a secretaria foi feita por Alckmin às vésperas do feriado da Proclamação da República. Ele respondeu que precisaria antes consultar a mulher e as duas filhas. No fim de semana, telefonou para dizer que aceitava. Quando comandou o MP, Grella ganhou tamanha simpatia de Alckmin que conseguiu fazer de Márcio Rosa, seu ex-assessor, o escolhido para lhe suceder, mesmo tendo ficado em segundo lugar na votação dos promotores, algo incomum. Na posse, a seu modo, definiu como um “enorme desafio” debelar os problemas atuais e prometeu cumprir a missão de controlar a crise de segurança no estado. “Vamos desfazer a noção equivocada de que o combate ao crime e o respeito aos direitos humanos são excludentes”, afirmou. Com um estilo ou com outro, o fundamental é que o governo de São Paulo, usando a força e os recursos que tem, reprima sem trégua, dentro da lei, a criminalidade e o banditismo.

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