A 28ª Bienal Internacional de São Paulo traz a mostra Em Vivo Contato
O edifício Lutetia, na Praça do Patriarca, recebe participantes da Bienal
A 28ª Bienal Internacional de São Paulo só começa em outubro, mas alguns dos quarenta artistas convidados já chegaram. Fazendo jus ao título da mostra, Em Vivo Contato, eles vieram passar uma temporada na cidade para se inspirar. O espanhol Javier Peñafiel, o indiano Sarnath Banerjee e o colombiano Gabriel Sierra desembarcaram em julho. Na semana passada, foi a vez do mexicano Erick Beltrán e dos suecos Simon Goldin e Jakob Senneby. Todos estão instalados em um prédio dos anos 20 na Praça do Patriarca, no centro. Projetado por Ramos de Azevedo, o edifício de oito andares pertence à Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Abrigava escritórios e pequenos pontos comerciais. Em 2004, após uma reforma, passou a se chamar Residência Artística Lutetia. Nos dois primeiros pisos funciona o Museu de Arte Brasileira (MAB), aberto de terça a sábado, das 10 às 18 horas. Os outros andares não recebem visitantes. São reservados para pintores, escultores e artistas multimídia estrangeiros ou de outros estados.
Em ano de Bienal, a Residência Artística Lutetia hospeda preferencialmente participantes do evento. Nenhum deles paga pela hospedagem. Em contrapartida, devem realizar palestras e workshops com alunos de artes plásticas da Faap. Dos atuais ocupantes, Sierra é o que tem sua obra em estágio mais adiantado. Um dos criadores do museu Casa del Encuentro de Medellín, ele desenvolve o mobiliário do 3º piso da Bienal. Escritor e videoartista, Peñafiel está produzindo um filme e uma obra literária em formato de agenda. “Passarei três meses freqüentando lugares como o Centro Cultural São Paulo e o Teatro Oficina”, diz. Barnajee percorre a metrópole em busca de personagens para uma graphic novel. “Meus desenhos serão publicados no jornal 28B, que terá dez edições durante o evento e formará um catálogo que os visitantes poderão levar para casa”, conta. Beltrán, por sua vez, está colhendo depoimentos de paulistanos anônimos para a instalação The World Explained, 2008. Os suecos, que assinam como Goldin + Senneby, pretendem conhecer a cidade para incorporá-la à sua obra de ficção intitulada Headless (em inglês, “sem cabeça,” numa tradução literal). A presença desses artistas – e seus trabalhos às vezes amalucados – faz com que a Praça do Patriarca ganhe um quê de Cité des Arts, distrito parisiense famoso por abrigar centenas de ateliês.