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Por Arnaldo Cheixas
Terapeuta analítico-comportamental e mestre em Neurociências e Comportamento pela USP, Cheixas propõe usar a psicologia na abordagem de temas relevantes sobre a vida na metrópole.
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“Bravo! Bravissimo!”

Perto de 6% da população mundial sofre de depressão, segundo a Organização Mundial de Saúde. Embora seja uma doença que acomete pessoas em todas as partes do mundo, é sabido que em populações de regiões mais frias (e com pouco sol) são encontrados maiores índices de incidência deste mal. Quando olhamos dados apenas de países […]

Por VEJASP
Atualizado em 26 fev 2017, 21h10 - Publicado em 19 ago 2014, 17h47

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Perto de 6% da população mundial sofre de depressão, segundo a Organização Mundial de Saúde. Embora seja uma doença que acomete pessoas em todas as partes do mundo, é sabido que em populações de regiões mais frias (e com pouco sol) são encontrados maiores índices de incidência deste mal. Quando olhamos dados apenas de países frios, notamos que a Itália aparece sempre nas últimas posições dos rankings, com índices baixos de incidência de depressão (dois pontos percentuais abaixo da média mundial).

Hoje mesmo, passando em conexão pela Itália e voando por uma companhia aérea de lá, pude notar dois fatos comuns que me ajudaram a refletir um pouco sobre porque os italianos sofrem menos de depressão do que populações de outros países setentrionais.

Italianos são, de modo geral, intensos. No aeroporto Leonardo da Vinci – Fiumicino, em Roma, vi passageiros e funcionários italianos em intensa atividade. Falam alto, com energia. Parecem brabos ao olhar de um brasileiro, o que nos leva a achar que são mal-humorados. Mas basta começar uma conversa para perceber que não se trata de mau-humor senão de uma grande intensidade de vida. Nada é mais ou menos. A gratidão, por exemplo, não é expressa como um simples agradecimento. Você multiplica por dez e eleva ao cubo (“Grazie mille”!).

Pois esta intensidade parece manter os italianos integralmente ligados às suas vidas. Estão sempre olhando adiante. Mesmo no consultório em São Paulo é possível perceber essa influência italiana no psiquismo dos pacientes. São Paulo é agraciada com a presença de muitas famílias italianas. Ainda é possível encontrar nonnas e nonnos pela cidade. Esse temperamento se reflete nas relações sociais e familiares. Se alguém não está bem, sempre há outro por perto para preocupar-se e ajudar, o que facilita o enfrentamento.

De volta ao voo. No momento do pouso (executado por uma comandante, diga-se de passagem), tão logo o avião tocou o solo, boa parte dos passageiros aplaudiu o trabalho da comandante. Este é um costume não só entre italianos, mas estes últimos o fazem com energia. Acompanhando os aplausos e pensando exatamente sobre essa intensidade italiana, sou surpreendido por duas falas justapostas vindas de passageiros atrás de mim. Um gritou “Bravo!” e o outro “Bravissimo!”. Note-se que foi um voo tranquilo, sem nenhuma adversidade meteorológica ou imprevistos. Mas o pouso, aos olhos do italiano, não foi apenas satisfatório a ponto de merecer palmas… foi bravo, foi bravíssimo! É como estar numa ópera.

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Esses dois aspectos cotidianos do modo de ser do italiano me deram a pista de porque italianos não se deprimem tão facilmente e porque talvez enfrentem a doença, quando ela ocorre, de forma mais rápida.

Creio que possamos resumir em três dicas para nós brasileiros o modo italiano de lidar com a vida e com a depressão:

1) Estar sempre engajado em alguma atividade.

2) Dedicar-se a esta atividade como uma prioridade.

3) Celebrar o que dá certo.

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Grazie mille per la vostra lettura!

 Sugestões de filmes sobre o otimismo italiano:

“La vita è bella” – Roberto Benigni (Itália – 1997).

“L’armata Brancaleone” – Mario Monicelli (Itália – 1966).

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